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Dois dias de pura agitação mental. Lorde Lisghton não sabia oque fazer, ou o que pensar sobre a situação da sua amada esposa. Rebecca afundara em uma tristeza depois da sua volta da caminhada com os filhos, Lorde Lisghton perguntou o que acontecera as  crianças mas nenhuma delas dissera nada esclarecedor.

— Querido Irmão, não se perturbe tanto. — Ramos seu irmão mais velho por um ano lhe entregou uma bebida. — Minha cunhada ficará bem logo, tenha fé.

Lorde Lisghton aceitou de bom agrado, virando a bebida cítrica e adocicada a boca, o queimor descera pela sua garganta. Desde que Rebecca caira do cavalo seu mundo caiu também, não sabia ao certo no que focar direito. Seus afazeres como Lorde, como pai ou como esposo. Ele tentou ao máximo atender a todos e agora se sentia exausto, embora aliviado por Rebecca estar de pé.

— Ela não se recorda de mim. — Lorde Lisghton Se lamentou a beira de mais uma bebida.

Ramos descruzou os braços e deu dois tapinhas nas coxas fartas da mulher em seu colo. Embora mais velho, seu irmão era um solteirão libertino de primeira classe. A mulher de longos cabelos loiros se levantou arrastando suas mãos pelos ombros os deixando expostos. Lorde Lisghton não pode deixar de notar o interesse dela por ele ao morder seus lábios e rebolar até a janela.

Lorde Lisghton não lhe deu atenção que a mesma desejara, ao invés disso encarou seu irmão com reprovação quando o mesmo rogou.

— Nicholas, Rebecca não se recordara nem mesmo de quem ela é. Dê tempo ao tempo e verá que as coisas irão se acertar, Huh?

Dois tapinhas nada reconfortante em seus ombros foi dado pelo irmão mais velho. Lorde Lisghton encarara seu copo com total desânimo, tudo que ecoava em sua mente era sua esposa e seus filhos.

Rebecca não era sua primeira esposa, Ele teve um outro amor antes de conhecê-la. Se casara com ela e concederam Elisabeth, que infelizmente perdera sua mãe em seu parto. Lorde Lisghton lembra da sua felicidade ao saber da existência da sua primeira filha, e lembrava também do dia em que nascera. Para ele, aquele seria um dia de vitórias, e acabou se tornando de perdas.

Nicholas perdeu Alicia e ganhara uma filha da qual ele não sabia cuidar. Durante cinco anos ele se dedicou totalmente ao fruto do seu amor com Alicia, Elisabeth, e achou que nunca mais encontraria algo assim de novo. Até esbarrar com Rebecca vagando pelas macieiras da sua plantação. Tão delicada e esbelta que fez seu peito saltar assim que a vira.

Uma cesta em sua mão assim como os vários servos que faziam a colheita dos frutos.

— Não a conheço, qual é o seu nome? posso saber o que faz em minhas terras? — Ele não quis ser rude embora a jovem em sua frente encolhera seus ombros.

Nicholas sentiu em sua espinha tremores quando ela ousou encará-lo. Seus olhos eram tão azuis quanto as correntes dos mares. Seus lábios embora ressecados lhe lembara ameixas frescas.

— Rebecca. — Ela soltara trêmula. — Meu nome é Rebecca, mi lorde. Sinto muitíssimo, não estou invadindo suas terras, me deixaram ajudar nas colheitas por algumas moedas.

Doçura, sua voz era como mel em seus ouvidos e o coração de Lorde Lisghton teve reação a ela.

— Se me permite perguntar, Quem a deixou entrar aqui? 

— Uma senhora gentil. Julieta, seu nome era Julieta. — Ela se recodara de súbito.— Por favor Senhor, não me expulse. — Implorou.

A jovem trocou o peso da cesta para o outro braço e lágrimas inundaram seus olhos. Sua pele úmida por suor e cansaço, um lenço marrom assim como seu vestido apagado em seus cabelos que lembravam fogo. Ele não teve dúvida de que a garota em sua frente não possuía dote algum.

Um longo suspiro comovido.

— Pois então poderá ficar o tempo que fora nescessário senhorita.

Rebecca soltara um suspiro em puro alívio e se curvara de forma exagerada, tão exagerada que as maçãs escorregaram do cesto. Lorde Lisghton se inclinou para apanhar uma das maçãs no chão em suas mãos, e Rebecca por reflexo fizera o mesmo.

Os olhos de ambos se encontraram assim que seus dedos a tocaram, seu coração galopou em seu peito e de súbito ambos se afastam com constrangimento notório. A partir daquele dia Lorde Lisghton visitara os campos com frequência com sua filha Elisabeth que de imediato se apegara a uma figura jovial e paciente para brincadeiras ávidas.

Rebecca o tirara de um luto de cinco anos, de uma dor que não cabia em seu peito.  Um viúvo jovem e com uma filha era de fato preocupação para a sociedade. Ele tomou a decisão, Em uma alegre tarde, ele a fez o pedido de casamento e a mesma aceitou sem excitação.

[...]

— Papai! — Elisabeth, sua primogênita, sorriu ao vê-lo entrar nos aposentos. — Por onde o senhor esteve? A mamãe se levantou, até nos acompanhou no chá da tarde e ouviu Ian tocar nas aulas de piano.

O rosto de Lorde Lisghton se iluminou e ele afastara qualquer vestígio de embriaguez com um sorriso. Se aproximou de sua filha e lhe tocou os cabelos escuros.

— Isso é de fato uma boa notícia querida, Mas diga-me como foram suas aulas de  etiquetas?

Elisabeth se inclinou um pouco.

— Sendo deveras sincera? — Um sorriso ondulou os seus lábios, ele adorara o temperamento da filha. Elisabeth era inteligente e perspicaz mesmo com tanta pouca idade. — Foi uma tortura, ela me obrigou a carregar livros para postura e fez-me  andar nas pontas dos pés.

Uma careta se formara no rosto dos dois no mesmo instante.

—  Realmente, uma tortura. — Ele susurrara como se Rebecca pudesse ouvi-lo. Mas lorde Lisghton se recordou de que mesmo que sua esposa lhe ouvisse não o repreenderia como antes.

Elisabeth ergueu a barra de seu vestido, e mexeu seus dedos sob a meia furada.

— Veja Papai, olhe só o estado das minhas meias.

Lorde Lisghton explodiu em um riso ao ver seu dedo para fora. Ele a ergueu sob os ombros em um movimento rápido. Elisabeth sua filha riu escandalosamente ao ser carregada de tal forma.

— Ah! Papai! — Mais Risos.

— Não se preocupe, senhorita Lisghton, seu mero servo a levará para por meias novas. — Ele forçou uma voz enquanto carregava a menina para seus aposentos.

— Oque vocês estão fazendo? — Ian os barrou no caminho.

— Estou em uma missão, meu cavaleiro. — Lorde Lisghton se embolava em suas palavras.

O rosto de Ian se iluminou, o pequeno Lisghton adorava brincar de contos imaginários.

— E oque eu serei? — perguntou com expectativas.

— Você será a mula. — Foi Elisabeth quem disse ao espiar por baixo dos ombros largos do seu pai. — Diga que ele será a mula papai!

Ian cruzou seus braços.

— Oras, não serei uma mula. Quem possui a aparência de uma é você!

Elisabeth quase o chutou mesmo estando pendurada.

— Crianças!

— Foi ela quem começou! — Ian se defendeu.

Uma serva passara por eles e estava tão habituada às brincadeiras que apenas os comprimentou e voltou a seu serviços.

Lorde Lisghton, embora meio embriagado, soube como sair de uma situação daquelas. Carregou Ian em seu outro ombro livre, era fácil para o mesmo. Era como carregar fardos no campo, e ele nunca fora de só observar, tinha experiência com muita coisa. 

Ao passar por aposentos separados para sua esposa que se negara a dormir em uma mesma cama, a viu com Sophia a caçula, e seu peito se apertou e se partiu. Ela estava tão diferente, seu jeito, seu cheiro, seus olhos... Era como olhar para outra mulher.

Mas ele a teria de volta, estava certo disso. Teria o amor de Rebecca mais uma vez ou não se chamaria Nicholas Lisghton, E faria o seu melhor para que isso acontecesse.

Rebecca era sua propriedade, sua esposa. E nenhuma doença desconhecida a tomaria dele.

Continue...

De volta à vida. Where stories live. Discover now