18

280 24 1
                                    

Thalita

Passo a unha de gel pela minha coxa apenas para me arrepiar, isso fazia eu me concentrar melhor. Estou acabando com as edições de fotos do ensaio de casamento, paro um pouco e entro no site de uma  faculdade de Londres.

Meu sonho de criança fazer moda pra fora, principalmente em Londres. Por isso desde pequena aprendi falar inglês.

Termino o meu trabalho e envio para o professor as fotos e para a noiva dele o modelo de vestido que ela pediu para eu fazer uns reajuste, toco na tela do meu celular vendo que ainda não tinha dado o horário da Isa e Kethelyn saírem do trabalho. Desço as escadas buscando algum Danone na geladeira. De longe ouço a porta abrir e já fico apreensiva com o humor da minha mãe.

Carol: Thalita— sua voz saí alta e fina— que história é essa que tu saindo com o Ares?— a voz continua da mesma forma— me responde porra— sinto minha cabeça ir com tudo pra trás levando o meu corpo junto, sua respiração no meu pescoço me causava calafrios— agora tu é depósito de porra de traficante? Por isso Murilo te deixou, sempre confiei nele, um ótimo menino, arrumou uma mulher linda pra ele, uma branquinha, arrumadinha na dela, ele sempre soube que tu não prestava.— as lágrimas desciam pelas minhas bochechas de forma incontrolável.

Por mais que eu não lembro do Murilo como antigamente, aquilo me machucava, todas as palavras dela me machucam, é sempre assim desde criança. Ela dá mais uma puxada no meu cabelo, de forma bem baixinha peço pra ela soltar o meu cabelo, tudo em mim doía, tanto por fora e dentro.

Carol: Aquela tua amizade com esse povo da família do teu pai, sabia que não ia da certo, não bastava aquelas lá ser puta, não te contentou e virou uma também— as palavras dela saiam em câmera lenta, cada sílabas era uma facada— mas tu é a pior, é a puta premium, mulher do chefe. — ela me empurra e eu caio na frente da geladeira e saí de lá.

Enxugo minhas lágrimas, pego um boné e saio de casa de cabeça baixa, enquanto subo o escadão, olho encostado em uma moto mais lá no topo, Ivy e Murilo se pegando. Era a cereja do bolo, eu não contava pra ninguém, mas ainda chorava por ele, Murilo era o amor da minha vida, além do mais dois três anos não são três dias.

Passo direto e escuto a Ivy jogar várias indiretas, as lágrimas voltaram a descer com mais intensidade. Mas eu tava muito puta, puta de ódio, enxugo as lágrimas e viro pra eles dois.

— Olha aqui, não mexe comigo— aponto meu dedo na sua cara— tô aguentando muita merda tua esses meses, mas é melhor tu parar né, não quer me ver estressada me deixa de mão, tapa buraco.

Murilo: não né Thalita, melhor te segurar— ele tira meu dedo da cara dela— ela só fez uma brincadeira, não precisa de alterar.

— Alterada? Quem disse que eu estou alterada?— meu olho esquerdo começa a tremer sozinho, acontece quando eu estou alterada— só manda teu depósito de porra me deixar, ou ela também é apaixonada em mim como você?— Ivy apenas escuta tudo, me viro e continuo meu caminho.

Quando estou um pouco mais longe, volto a chorar, hoje não é o meu dia.

Já estava cansada mas não parava de subir até chegar na casa da Isa. Suspiro e me sento na frente da casa dela, tiro a chave do esconderijo e abro.

A casa dela é toda arrumadinha, branca com detalhes rosas, do jeito dela.

Isabele morava sozinha já ia fazer um ano, tia Célia mãe dela, conseguiu um emprego bom e foi embora daqui tinha uns cinco anos, Isabele foi com ela mas decidiu voltar pra cá, a gente sempre foi muito grudada e lá fora ela recebia muita indireta, na escola vivia na gestão, até que ela decidiu contra as ordens da tia vim embora.

Deito na sua cama e choro até dormir. Já acordo com a televisão ligada em uma série e a Isabele só de calcinha e sutiã do meu lado.

Isa: Quem deixou mesmo hein?— ela levanta a sombrancelha direita e cruza os braços me encarando.— deixou minha casa aberta, tua sorte que não pode roubar.

— Foi mal, abrir e casa e vim pra cá, eu queria descansar sabe, hoje o dia não foi bacana— suspiro e me alinho no seu braço pronta para desabafar—alguem falou pra minha mãe que eu fiquei com o Ares, ela foi bem compreensiva como sempre, me falou pra caralho, até me machucou— sinto as lágrimas — aí no caminho pra cá aquela tapa buraco da Ivy veio jogando várias indiretas, tava o suco do puro ódio e falei algumas coisas que já estavam entaladas na minha garganta— Isa da uma risada fraca.

Isa:  Aí, tu só não vem morar comigo por que aqui só tem um quarto é pequeno pra nós duas, a antiga casa era maior e dava. Mas mora com teu pai e a tia Ni, eles iam te acolher.

— Sei lá Isa, agora eles vão ter um filho sabe.

Isa: Melhor ainda, tu ajuda ela né. É teu irmão cara.

Fiquei pensando naquilo, seria melhor como tá agora, porque piorar  não pode não

LANCE BANDIDO Onde as histórias ganham vida. Descobre agora