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*Obg pelas mensagens/comentários monas, nao morri🤞
Nao revisei o capítulo pq to com preguiça, desconsiderem repetição de palavras

Exatamente às 5h30 da manhã estava sendo levada por uma espécie de camionete repleta de homens fardados e armados em direção a um lugar desconhecido que trocia pra que fosse minimamente confortável. Além da minha camionete, outras duas nos seguiam cheias de homens. A medida que me afastava da base e o som do motor aumentava, fui sendo tomada por um medo no qual nunca havia sentido. Me sentia vulnerável no meio de tantas pessoas mascaradas, as armas com o dobro do meu peso me intimidavam. Somando a isso, era eu a responsável, de certa forma, por manter todos vivos aqui. Era como se o mundo pesasse sobre meus ombros e fizesse meus joelhos tremerem com a possibilidade de uma morte próxima. Pensar na morte nunca me aterrorizou, sempre lidei com ela como algo natural e iminente ao humano, contudo, hoje, me sentia enjoada só de pensar nisso. Quase conseguia sentir a sombra gelada da morte me cobrindo.

Um par de olhos familiar me tirou do poço sem fundo dos meus pensamentos. Kade me olhava (a uma distância considerável) de braços cruzados, aproveitando a ausência de Konig no veículo e a vulnerabilidade da situação. Ele segurava a arma com uma força que fazia os dedos ficarem brancos de tanta pressão no metal. Algo na face dele me fazia pensar que não importasse o que eu fizesse, ele sempre me odiaria por ter envenenado a namorada. Ao tentar ajudar Jude, acabei tomando as consequências pra mim. Não sabia até onde esse segredo permaneceria em sigilo.

Ficamos assim. Soldados se esmagando ao nosso redor, a camionete acelerando o máximo que conseguia e nosso contato visual intacto. Não gostava dele, nem se eu me forçasse a isso. Kade era repulsivo.

Após alguns minutos que pareceram horas, chegamos no destino. Casas abandonadas, cartuchos de balas no chão, vegetação seca, pegadas por todos os lugares. Resquícios de violência. Ainda estávamos no veículo quando ouvimos um disparo vindo de algum lugar distante. Até onde minha visão conseguia enxergar, não havia sinal de pessoas ou esquadrões. No entanto, esse disparo foi como uma sirene que fez todos pularem do veículo e partirem pras posições estrategicamente pensadas. Kade passou por mim com um empurrão que quase me levou junto, sem sequer olhar pra trás. Ele ajeitou a arma e foi pra sua posição. Arrogante.

- Mia - Major Kiera me chamou. Ela também estava prestes a se enfiar naquele campo minado, uma arma em cada braço, ja posicionada na beirada da camionete que ainda se movimentava. A força dessa mulher era assustadora.

Me levantei, ja me preparando pra pular a qualquer momento.

- vamos passar por nossa base temporária. Você precisa pular, entendeu? O resto você sabe o que fazer.

- certo.

Engoli seco e esperei ela dar o sinal. Assim que estávamos a uma distância segura do campo, uma espécie de galpão surgiu. Vários veículos estavam estacionados e guardas faziam patrulha.

- agora - ela disse e eu pulei.

A camionete avançava com tanta velocidade que quando ergui o olhar, Major Kiera já havia sumido, deixando apenas um rastro de poeira.

Respirei fundo e ja fui apressada para meu posto. Repeti pra mim mesma que não deixaria ninguém morrer, mesmo que sentisse a morte na minha nuca.

***

O galpão era dividido em setores e tinha uma parte subterrânea. Aqui não tinha as mesmas regras da outra base, todos conviviam nos mesmos lugares. O dormitório era um monte de colchões e beliches improvisadas no canto, bem como o banheiro que era uma sala com dois corredores de cabines: um de chuveiros e outro de sanitários. Dessa vez, a minha "sala" ficava bem próxima a entrada pra facilitar os atendimentos de emergência.

No primeiro dia não tinha recebido pacientes em estado muito grave. De fato Konig tinha dito a verdade sobre eles não morrerem facilmente. Atendi braços quebrados, cortes profundos, bala perdida, hematomas. Felizmente nenhum em estado terminal.

Após meu expediente, aproveitei pra tomar banho ja que teria que ficar de plantão a noite, outra coisa que aprendi sobre enfermeiros na linha de frente: trabalho infinito.

O banheiro estava relativamente vazio, contudo as "cabines" do chuveiro combriam até meus ombros, um pequeno muro separando das cabines vizinhas que tinham esse mesmo padrão. Definitivamente o engenheiro que projetou esse banheiro era um homem, pensei insatisfeita.

Não tendo escolha a não ser tomar banho quase exposta às pessoas que passavam, liguei o chuveiro. Fechei os olhos e me permiti relaxar com a água morna durante alguns segundos. Senti meus músculos relaxarem um pouquinho mais.

O banheiro começava a ser tomado por uma neblina de ar quente a medida que outras pessoas iam ocupando as cabines.

Em especial, uma das pessoas ali me chamou atenção.

Ele estava na última cabine, bem no canto do corredor, de costas enquanto a água corria por sua pele. Um dos braços era completamente tatuado, assim como uma parte das costas. Uma espécie de dragão começava do ombro e ia na diagonal por toda a extensão das costas. O vapor me impedia de ver completamente os desenhos, mas ele era alto o suficiente pra que o murinho da cabine não cobrisse muito. O cabelo curtinho no estilo soldado era castanho claro, as mãos gigantes passeavam pela nuca limpando a região. 

O homem se virou, ficando de perfil, destacando o nariz grande que me fez levantar a hipótese de ser europeu. Ele tinha uma face bonita. O maxilar era marcado, a barba por fazer estava bem cuidada, os lábios entreabertos pra conseguir respirar debaixo da água corrente. Ele estava de olhos fechados, mas havia uma espécie de sombra preta ao redor dos olhos. O peitoral dele era forte e se contraía com os ombos sempre que ele passava as mãos pelo cabelo. A água escorrendo pelos músculos e desenhos que ele tinha na pele, me fez ficar hipnotizada por um tempo. A altura, a força, o dragão nas costas, os lábios, o pescoço. Tudo nele chamava atenção. Era tentador.

Queria saber o nome dele.

- vai ficar aí o dia todo, boneca? - uma voz feminina me tirou do transe - não ta vendo que tem gente querendo tomar banho?

Mal tinha reparado quando o banheiro lotou, a visão celestial talvez tenha me cegado.

- ja to saindo - respondi evitando olhar a mulher face a face. Ainda não tinha me acostumado a tomar banho face a face com um bando de pessoas desconhecidas.

Me enrolei na toalha e segui pra trocar de roupa. Entretanto quando voltei a olhar para o homem da tatuagem de dragão, ele estava de olhos abertos. Algo na iris dele era tão familiar que chegava a ser assustador.

Contudo, a névoa que se formou no banheiro não me permitiu encará-lo por mais tempo.

Konig • COD [+18]Kde žijí příběhy. Začni objevovat