Fugindo de seu ex marido agressor, Dandara foge para o Rio De Janeiro com sua irmã mais velha e sobrinha. Em busca da liberdade, viver uma vida melhor, enfim ela consegue confiança para seguir seu sonho de cursar medicina. Mas um encontro inesperado...
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Conrado ☠️
Joguei meu capacete em cima do menor que tava cochilando com o fuzil na mão. Sei que ficar virado é um caralho de cansativo, mas ainda sim isso é o trampo deles e eu quero algo bem feito. Alemão é intocável desde que eu subi no comando, ninguém subiu três ruas acima. Não importa se foi o bope, o CV ou qualquer caralho que seja. O único que é permitido subir essas ruas sem ser alvejado é Jesus Cristo que eu peço proteção todas as noites sobre as vidas desses inocentes.
Infelizmente o errado sou eu, não tiro o motivo da polícia tá querendo subir e pacificar como eles dizem. Mas eu não me deixo cair porque eu faço muito mais do que eles. Querem subir uma favela e pacificar, criem mais escolas, criem mais hospitais, criem mais projetos sociais. A guerra no morro não é solução e eles não querem nenhuma, querem sangue inocente escorrendo pelo chão. Porque é assim que seus bolsos enchem de grana, afinal eles tem dinheiro para a guerra que rola no morro, mas nunca conseguem acabar com a fome.
—Já tá aqui esse horário? —Soneca se levantou tragando a fumaça do cigarro e fazendo uma careta. —Não é nem seis da manhã ainda. O que rolou?
—Nada. Só vim dar uma olhada em como tá as coisas e pelo jeito preciso colar aqui mais vezes... —Chutei de leve o pé do menor que arregalou os olhos virando de um lado para o outro o rosto. —Como que tu deixa teus funcionários dormir em serviço?
—Meus? Isso aí é tralha sua, se vire. —Passei por Soneca acertando um tapa em seu pescoço e rapidamente recebi uma reclamação. —Qual foi, Conrado?
—Tu é meu braço direito ou minha puta? —Rapidamente ele parou de andar cruzando os braços. —Puta que fica de birrinha quando é cobrada pelo serviço mal feito, então se liga caralho. Se bater um tiro aqui sem tu passar o rádio primeiro eu te esfolo vivo com um ralador até chegar nos teus ossos.
—Caralho irmão... Tá repreendido, até arrepiei aqui. —Ele estendeu o braço e logo em seguida fez o sinal da cruz. —Não é nem seis da manhã e o diabo já vem atazanar, desse aqui Jesus e resolva teus bo com ele viu?
Balancei a cabeça negando e soltei uma risada bufada. Perco a paciência as vezes com esse filho da puta, mas não existe ninguém no mundo que fique mais do meu lado do que ele. Até quando é pra pular na bala, ele pula como já tomou dois tiros por mim. Ninguém na terra é mais fiel do que o Soneca, mesmo nós sendo todo errado. Irmão não é só de sangue e ele junto com a Lica tá aí pra provar isso.
—Mas solta, o que tu tá fazendo aqui? —Me abaixei encostando no muro e acendendo meu cigarro.
Puxei a fumaça sentindo o gosto amargo logo invadir minha boca e a fumaça descer pela minha garganta vagueando até meus pulmões e aos poucos soltei pelas narinas, avistando ela começando a descer a rua. O cabelão todo ao vento e ela com um bico enorme nos lábios como se tivesse brava por ele não obedecer ela, que tentava a todo custo prendê-lo com algum tipo de presilha.
