07: A própria Morte

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Dandara Magalhães

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Dandara Magalhães

Senti meu estômago embrulhar e arrepio passar por toda minha coluna. Algo estava prestes a acontecer e eu podia sentir isso por ser um final de plantão. Eu deveria apenas fechar meus olhos e descansar por alguns minutos até enfim poder ir para casa. O dia foi calmo, diferente do que realmente é, então obviamente algo estava prestes a acontecer.

E ergui os ombros no segundo em que vi a movimentação no trauma começar. Os internos vestindo seus uniformes amarelos rapidamente afim de pegar mais um caso e rapidamente o doutor Rafael também apareceu me fazendo perceber que talvez não fosse algo comum. Ele varreu o olhar por todo o espaço até que seus olhos pararam em mim. As sobrancelhas se ergueram e um tom de confusão nasceu em sua testa enrugada.

— Magalhães, preciso de você. — Ele disse me fazendo rapidamente ir até ele. — A doutora Isabela me disse que você está pensando em pediatria, certo?

— Não tenho certeza ainda, gostaria de abranger mais minha visão. — Disse fazendo-o sorrir levemente.

— Nesse momento você precisa ter certeza ou vou chamar outro interno...

— Não! Tudo bem... — Me desviei rapidamente pegando também uma das roupas amarrando o laço em minhas costas.

Minha cabeça latejou me lembrando o quanto eu estava cansada, mas ainda sim para um interno todos os casos são necessários. Estamos aqui para aprender e além disso, dar nossos sangues para salvar vidas. Mas no segundo em que vi a criança desacordada com um socorrista acima de seu corpo pressionando seu peito senti uma pontada forte em meu coração.

— O que temos aqui? — Doutor Rafael assumiu a maca guiando-os até a cabine de urgência. — Assume Magalhães.

Passei meus dedos por cima do socorrista assumindo o ritmo, implorando para que seu pequeno coração voltasse a bater logo.

— Menina, 4 anos e sofreu um afogamento. Teve três paradas cardíacas até aqui, tivemos que transferir com urgência de Arraial até aqui... — De repente meus ouvidos quase se tornaram surdos.

Apenas focando minha atenção na garotinha. 4 anos... A mesma idade da Tina, quase a mesma aparência. Poderia ser a minha sobrinha nesse momento e quando senti as mãos do doutor Rafael tocarem minhas costas eu enfim percebi que os arrepios realmente estavam me alertando sobre algo ruim.

Desci de cima da maca deixando a frustração me dominar, ouvindo apenas o barulho agudo da máquina ecoando revelando que a vida de uma pequena criança estava acabando.

— Decrete o horário da morte. — O doutor Rafael parou ao meu lado.

Olhei mais uma vez para seu doce rosto, os lábios brancos, a pele negra se tornando acinzentada. A vida se esvaindo. Mordi meu lábio erguendo meu olhar para o relógio.

ENLAÇADOS PELO DESTINO (MORRO)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora