33. Eu não sou sua namorada!

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— Não era você a defensora da natureza? Por que tem medo de uma pobre baratinha? — Thomas abriu um sorriso irônico enquanto eu me escondia atrás dele ao adentrarmos o apartamento.

— Baratas não servem de nada nesse mundo! — Declarei, observando cada canto do lugar.

— Você está enganada. As baratas têm um papel importantíssimo como decompositoras de restos orgânicos. Ou seja, não são inúteis nesse mundo. — Eu estendi uma vassoura para o menino e me afastei um pouco quando ele se aproximou da cozinha.

Puxei uma cadeira para subir ao vê-lo caçar a barata perto do balcão. No instante em que puxei a cadeira, o inseto correu em uma velocidade surreal para cima de mim.

— A barata! — Eu disparei em direção a Thomas, tropecei entre os pés e caí com tudo em cima dele, o vendo perder o equilíbrio e cair no chão. O menino reclamou com palavras impossíveis de serem decifradas.

Ele levou ao sua mão até a cabeça e esfregou os cabelos, provavelmente sentindo a dor do tombo. Seus olhos se abriram e eu pude enxergar aquele mar obscuro mais de perto. Era impressionante o quanto seus olhos pareciam me envolver com todo aquele brilho.

Eu senti algo arder dentro de mim, algo em que eu nunca havia sentido. Uma mistura de ansiedade, com agitação e uma pitada de medo. Era parecido com uma sensação em que os livros de romance sempre descreviam.

Os borbulhinhos no estômago, o corpo arrepiado e o coração batendo tão forte que parecia que sairia pela boca a qualquer instante. Era uma sensação de desejo incontrolável.

Ao olhá-lo tão de perto, sentia uma terrível vontade de tocar o seu rosto, de mergulhar cada vez mais naquele vasto oceano de seus olhos, de tocar os seus lábios com os meus e descobrir qual é o sabor que eles tinham. Era de deixar que sua mão agarrasse a minha cintura para sempre, como ele estava fazendo. De pedir que me enrolasse em seus braços pois certamente me sentiria segura.

Mas aqueles meus pensamentos foram interrompidos quando o inseto demoníaco passou perto de nós e eu me levantei desesperada, chutando a cabeça de Thomas e correndo em direção a sala.

— Merda! — Thomas berrou mais alguns palavrões e se levantou, passando a mão mais uma vez na cabeça e com uma careta de dor estampada no rosto.

Ele pegou a vassoura e correu em direção a barata, onde bateu com o objeto no inseto e soltou um suspiro de alívio.

Eu desci do sofá da sala andando na ponta dos pés para me certificar de que ele realmente se livrou do inseto.

Sorri ao vê-lo me encarando com um bico formado nos lábios e os olhos cerrados em irritação.

(...)

— Me desculpa por ter chutado a sua cabeça. — Eu ofereci a ele uma bolsa de gelo com uma toalha. O menino se sentou no balcão da minha cozinha e aceitou o gelo, levando até a cabeça.

— Você quase arrancou ela do lugar, mas está tudo bem. — Eu ri do seu exagero e fui para trás do balcão, voltando a cortar as cebolas para o almoço. — O que está fazendo?

— Vou fazer um macarrão com carne moída. Já almoçou? — Perguntei gentilmente, o vendo se levantar do balcão e se aproximar de mim, negando com a cabeça. — Quer almoçar aqui? Posso fazer para nós dois.

— Tudo bem, já que insiste. — Eu soltei uma risada e fui até o armário pegar o macarrão. — No que posso ajudar?

— Quer terminar de cortar a cebola? — Eu peguei uma panela e enchi de água, a colocando no fogão para ferver com um pouco de sal.

O Fio Do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora