Capítulo 9

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Yara Almeida

Estava sentada na sombra acompanhando o treino de longe, Jo estava sentada no meu colo. Os meninos chegam mais pra perto já que haviam recebido um descanso.

Ao ver Gabriel se aproximar, Joana se agita, nem parece que tem só 4 meses.

- Papai não pode te pegar agora amor, tô todo suado. - Diz fazendo um carinho na bochecha dela.

- Mas o dindo pode né? - Pergunta Arrasca vindo na minha direção.

- Não pode não, você tá todo suado. Não vai tocar na minha filha, só depois que tomar banho. Tu tá no flamengo Arrasca não no Palmeiras seu porquinho. - Diz Gabriel e é inevitável não rir.

- Ei não fala comigo assim na frente da minha afilhada. - Diz Arrasca e Gabriel fecha a cara

- Quem teve essa ideia de deixar esse pé no saco como padrinho do meu bebê, Yara dá um jeito nisso cara. - Diz fazendo biquinho.

- Gabi, foi você que quis. - Digo rindo

- Não quero mais - Diz sentando ao meu lado.

- Supera, agora não tem volta - Diz Arrasca rindo.

A tarde passou levemente e logo estávamos indo embora, Arrasca pegaria carona com David para que desse tempo de todos estarem na casa do Gabriel a noite. E nós iríamos direto pra casa que mais à noite teríamos um culto de apresentação da Joana. Gabriel e Lindalva tiveram essa ideia e eu concordei.
O caminho de volta o carro foi preenchido por um silêncio estranho, Joana dormia na cadeirinha, Gabriel mantinha sua mão em minha coxa acariciando hora ou outra.

Ter suas mãos tão próximas a mim me causavam sentimentos estranhos, a algum tempo venho me sentindo assim em relação ao Gabriel. Tenho forçado minha mente a entender que é uma carência, nunca tive alguém que cuidase de mim e que se preocupasse comigo. E qualquer mínimo sinal de amor eu me apaixonava, e isso acabava mal. Não tive bons relacionamentos na vida, nenhum tipo deles, seja familiar ou amoroso.

O que me preocupava era Joana no meio dos meus sentimentos, eu não queria prejudicar a minha filha por conta de problemas meus.

- Yara? chegamos, já levei a pequena pra dentro. Você tava olhando tudo tão concentrada e preocupada, aconteceu algo? - Gabriel pergunta tocando meu ombro.

- Ta tudo bem Gabi, acho que meu cérebro se desligou por um tempo. - Digo me desviando do assunto que passava pela minha mente.

- Vem? - Me estende a mão sorrindo e eu a seguro saindo do carro.

- Obrigada - Digo e caminho junto dele até a entrada da casa. - Vou subir tomar um banho e aproveitar enquanto a pequena ainda tá dormindo. - Digo e subo em direção o quarto de Joana, Gabriel tinha feito um pra ela em tons pastéis e com alguns desenhos de borboletas e joaninhas espalhados pela parede. Sento na cama que tem em frente ao berço, me arrastando até a parede.

Abraço meus joelhos e fico ali indo cada vez mais fundo em pensamentos. Foi inevitável não deixar algumas lágrimas rolarem, eu não tinha motivos pra tá ali chorando, mas estava. Era uma mistura louca de sentimentos que não conseguia controlar.
Ouço batidas na porta.

- Oi pode entrar - Digo enxugando o rosto.

- Yara? Vim te chamar pra tomarmos café. - Lindalva abre a porta colocando apenas metade do corpo pra dentro. - O que houve ? - Diz entrando e fechando a porta.

- Não foi nada - Digo soluçando.

- Como não Yara, você está soluçando. - Diz sentando próxima a mim e passando a mão na minha cabeça.

- São só muitos sentimentos e pensamentos não tô conseguindo lidar com tudo. Acho que tive algum gatilho emocional, não sei - Digo soluçando.

- Vem cá - Abre os braços para me abraçar e assim eu faço, deitando minha cabeça em seu ombro. - Olha eu tenho te percebido meio aérea a uns dias. Posso te dar um conselho? Minha filha você precisa de um tempo pra você. Você não vive Yara, desde antes da joaninha, pelo que me contaram. Você precisa olhar mais pra você. - Diz me fazendo cafuné. - Precisa começar a se cuidar, de dentro pra fora, por você e pela sua filha. Por todos que te amam e querem te ver bem também, precisa tirar algumas horinhas pra você. Você é jovem e desde cedo tem uma responsabilidade enorme, precisa viver. Nós amamos você também e nós preocupamos, não porque é mãe da nossa neta mas porque é alguém bom a quem nós apegamos.

- Eu só queria fazer tudo sumir da minha mente linda - Digo a abraçando.

- Podemos tentar uma terapia, o que acha? Amanhã vou ligar para umas pessoas que conheço e marcar uma consulta pra você, ok? Vou te ajuda. - Diz me fazendo carinho. - Pelo menos uma vez na semana quero que deixe a Joaninha comigo ou com seus pais do coração e vá sair, ir no shopping, uma livraria ou algo que goste de fazer ok? - Pergunta e eu concordo. - Agora deita aqui com a cabeça no meu colo e dorme um pouco, quando tiver próximo do horário do culto venho te acordar.

- Tenho que arrumar a Joana - Digo.

- Eu cuido disso, só descansa. Da pra vê na sua carinha o quanto está cansada, não sei o que te deu esse gatilho mas vamos cuidar de tudo. Tá bom meu amor? Quero te ver bem. - Diz fazendo carinho na minha cabeça.

Não sei quanto tempo se passa mas estou ali quase entregue ao sono quando ouço vozes, mas não tenho força o suficiente para abrir os olhos.

Gabriel Barbosa

Bato na porta do quarto da Joana à procura de Yara e não tenho respostas. Abro a porta de vagar e vejo minha mãe sentada na cama fazendo carinho na Yara.

- Mãe o que houve? - Pergunto preocupado.

- Yara não tava bem, vamos deixar ela descansar - Diz calmamente enquanto ainda a faz carinho.

- Como assim, porque não me chamou mãe? - Pergunto um pouco alto demais.

- Gabriel fala baixo ela conseguiu dormir agora, eu cheguei aqui e ela tava chorando de soluçar. Alguma coisa deu um gatilho nela e ela disse que a mente não parava de pensar. - Diz

- Será que fiz algo, eu não sei o que posso ter feito. - Digo passando a mão na cabeça nervoso.

- Acredito que tenha sido os próprios sentimentos dela Bi, ela tá vivendo algo que nunca teve. Uma família, que se preocupa com ela e a ama por mais que não em palavras mas em atitudes entende? Isso pode ter gatilhado ela de alguma forma. - Diz calmamente - Mas conversamos e ela concordou em ir a um psicólogo. Amanhã mesmo vou ver isso. - Beija o rosto dela e delicadamente tira a cabeça de Yara de seu colo.

- Obrigado - Digo baixo abraçando minha mãe.

- Você gosta dela né? não no sentido de amizade além - Me pergunta

- Eu tô apaixonado, desde o dia que ficamos a primeira vez. E ter reencontrado ela e saber que temos uma filha juntos foi tudo que pedi a Deus mãe. Eu só não sei como agir pra sairmos dessa amizade pra algo mais. - Vejo minha mãe sorrir.

- Vamos descer e conversar na cozinha Bi, ela precisa dormir. - Diz me chamando pra sair.

- Eu vou cuidar de você - Digo abaixando do lado da Yara e dando um beijinho na testa. Saímos do quarto, fecho a porta e ligo o ar para que ela durma confortável.

Me contem o que estão achando da fanfic.
Logo toda a história de vida da Yara vai ser contada e a noite com o Gabriel também! Voltou amanhã ou pela madrugada, beijos!

ACASO || GABIGOLWhere stories live. Discover now