CAPÍTULO DEZessete

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"Estou acordando em cinzas e pó
Limpo minha testa e transpiro minha ferrugem
Estou respirando as substâncias químicas
Estou invadindo, tomando forma".
- Radioactive, Imagine Dragons. -

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Diferente de quando ela caiu naquele estado inconsciente, seu despertar não foi nada semelhante. Alina acordou com a mente a mil, o coração disparado e sem nenhum lampejo do cansaço que sentira antes, mas continuava esparramada no mesmo lugar, na mesma escuridão apesar de não haver silêncio ali.

As pessoas ao redor dela também despertavam, apenas cochichos confusos no início até que as vozes voltassem ao caos, gritando e chamando por nomes, vozes assustadas andando em círculos na destruição em busca da saída.

- Livi! - Alina gritava também, tatiando o chão coberto por poeira e pedregulhos ao seu lado, porém seus dedos não encontraram nada além daquilo.

- Livi! - ela ficou de pé, o corpo todo ainda tremendo e as mãos espalmadas a frente procurando algo para se guiar, procurando por mãos pequenas e por cachos rebeldes escondidos por um chapéu de serpente, porém mais uma vez não achou nada.

- Olivi! - o pânico em seu estômago empurrava o coração até sua garganta e dava a impressão de querer sair por sua boca conforme ela berrava, sua voz sumindo Em meio às outras que chamavam por pessoas que não correspondiam seus gritos.

- Olivi!! - a garganta dela estava seca e ardia a cada grito, doendo pelo esforço de gritar e pelas lágrimas que umedeciam o canto de seus olhos.

- Olivi!! - suas mãos estendidas esbarravam em ombros e costas enquanto ela tropeçava nos destroços, mas tudo o que importava era que nenhum daqueles ombros ou costas eram Livi, e Alína sentia como se fosse capaz de se juntar aos destroços no chão caso não a encontrasse.

- Olivi!! - uma mão agarrou a sua e ela pulou para trás, mas a mão não largou a dela e a puxou para perto, dissolvendo os pensamentos de Alina ao imaginar que fosse Olivi assim que a pessoa entrelaçou os dedos nos dela, pois aquela mão era muito maior do que a de Alina. Era fria, firme e macia contra a dela que suava e tremia.

- Por aqui. - a mão a puxou até um corredor escuro e soltou  seus dedos para pôr a mão gelada em suas costas, empurrando para que Alina fosse a frente e ela seguiu tropeçando nos degraus, se apressando conforme o som de passos aumentava atrás dela.

- Mas Olivi... - sua voz saiu fraca e estremecida, tão baixa que Alina não esperava que ele escutasse, não esperava sequer que se importasse uma vez que Olivi não era nada para aquela pessoa. Mas estranhamente a palma fria na base de suas costas pressionou com mais força quando ela falou, impedindo que Alina parasse ou desse meia volta.

- Ela vai ficar bem. Vai estar lá em cima... É só continuar subindo. -

E foi isso o que ela fez. Não perguntou como que ele poderia saber daquilo, não protestou quando os degraus acabaram e Alina sentiu cheiro de areia e água doce, não protestou quando ele a direcionou para outra escada mesmo estando escuro demais para enxergar qualquer coisa dois passos diante dela. Ela continuou subindo e subindo sem dizer nada, em parte porque queria acreditar no que ele dizia com todas as esperanças que lhe restavam, e em parte porque detectara no tom de voz do seu guia o pânico que ela sentia, como se ele também precisasse acreditar que alguém o aguardava lá em cima para continuar subindo.

Entretanto as escadas chegaram ao fim, o som daquéda  dágua preencheu o ar e ninguém os esperava lá em cima.

Ninguém além das sombras, dos berros ao longe e de mais destroços espalhados pelo chão.

A cidade das Lendas. (Darkfalls Número 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora