CAPÍTULO VINTE E TRÊS

1 1 0
                                    

"Levou minha visão
levou minha fala
levou minha audição
levou meus braços
levou minhas pernas
levou minha alma
fez da minha vida um inferno."
- One, Metalíca. -

°°°°°°

Chamar aquele lugar de casa era um eufemismo, já que a mansão tinha mais de quatro andares e provavelmente se estendia até o subsolo também, com certeza só o comprimento do jardins era  maior do que o dobro da casa de Alina. Os boatos diziam que o prédio que residia a família Fox era contemplado  à quilômetros de distância quando os turistas chegavam em suas carruagens, mas Alina nunca tivera a oportunidade de comprovar por si mesma.

Na verdade, o que ela mais queria era fazer o trajeto oposto, se distanciar até que a casa Fox fosse apenas um ponto insignificante e contemplar outros portões de entrada, portões que garantiriam um recomeço e oportunidades justas para elas.

Entretanto mesmo antes de Olivi desaparecer aquele sonho era quase inalcançável para Alina, tendo em mente que precisaria de muito dinheiro para construirem uma vida nova na Grande metrópole e que em contrapartida, os gastos que ainda tinham que arcar em sua situação atual era de um desequilíbrio discrepante com aquele sonho.

Agora, com Olivi podendo estar em qualquer lugar que não fosse a casa delas, Alina sentia que seus objetivos nem eram mais tão importantes assim, que talvez fosse melhor esquecê-los e aceitar a vida que tinha.

Mas havia uma parte dela, minúscula e encolhida dentro de si, que pulsava ao imaginar a vida que poderiam ter caso conseguissem dinheiro o bastante, ainda havia um vestígio de esperança palpitando dentro dela.

A raposa de pedra empoleirada nos degraus após os portões guardados por oficiais fardados de preto e branco a encarou enquantoEla seguiu os criados que guiavam a fila única em que ela se encontrava, as botas batendo no carpete  cor de vinho aveludado, apagando suas pegadas úmidas e envolvendo-os em um calor que os fazia suar sob as roupas pesadas, o frio que lhes batia os dentes esquecido naquele conforto pouco familiar.

Eles foram instruídos a aguardar sentados em poltronas macias assim que entraram na sala, acomodada com fileiras e fileiras de poltronas viradas na direção de um púlpito, separado por uma cortina leve que oscilava quando passavam por ela.

Alina se endireitou em uma poltrona nos fundos, as costas cansadas relaxando involuntariamente no encosto acolchoado, os olhos fechando antes que ela pudesse impedir e o peso das horas em claro avançando sobre ela, desorientando  sua cabeça cheia de preocupações e emoções confusas.

Um som agudo guinchou pela sala e Alina arregalou os olhos, os músculos se tencionando e as imagens do que tinha acontecido da última vez que fechara os olhos rastejando em sua mente, e um calafrio lhe percorreu a coluna.

O som estridente não passara do microfone sendo conectado, mas pelo que parecia ela não fora a única a cochilar e despertar já de  punhos  cerrados, os olhos disparando pelas fileiras de assentos em busca de algo contra quem lutar.

Não havia nada. Nada além de lembranças ainda muito recentes do mundo sacudindo em sua volta, destroços despencando sobre eles e o desespero de quando acabou, a confusão, o desamparo e a humilhação, tudo em uma só noite.
Alina ainda podia sentir pedregulhos presos em sua pele mesmo depois de horas se esfregando embaixo da água, ainda parecia engasgada com a poeira e com certeza continuava sentindo as dores em todos os lugares de seu corpo, dores que naquele momento não eram nada para ela.

As cortinas a frente deles oscilaram uma última vez e finalmente se abriram, revelando o microfone preso em um suporte e atrás dele Um telão que piscou, piscou e piscou até exibir 7 fotos em ordem de tamanho, o título escrito em letras garrafais e vibrantes acima delas.

"VÍTIMAS DA NOITE DO DIA 25 DO OITAVO MÊS DO TERCEIRO SÉCULO APÓS O CAOS"

^ Notas da Autora: ^

Oii, pessoal! Espero que estejam gostando da história até aqui, mas preciso dar um pequeno aviso sobre uma mudança que começará apartir do próximo capítulo.

Normalmente quando escrevo os caps, tento fazer o máximo para que eles não fiquem muito densos, por isso costumo ter o limíte de 600 palavras e as vezes me animo e chega a 800 palavras.

Faço isso porque acho que a história fica mais fluida e é mais confortável de ler, mas atendendo a pedidos de algumas pessoas decidi mudar esse limíte de palavras.

Agora os caps terão no mínimo 1k de palavras, e eu espero realmente que isso não seja um problema pra vocês que curtem caps curtos, mas além de atender aos pedidos de caps mais longos, também fiz isso pra melhorar a qualidade do livro, já que se os caps continuassem do mesmo tamanho a história teria uns 80 pra 100 caps, e é algo que eu não tô preparada pra fazer nesse momento.

Em fim era só isso gente, espero que compreendam e que gostem da mudança.

Boa leitura! 🤍

A cidade das Lendas. (Darkfalls Número 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora