Capítulo 9

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Era madrugada, eu não sabia ao certo que horas eram, provavelmente já passou das duas. Eu não consigo dormir sem os meus comprimidos, eu sei que são algumas crises de pânico causadas pelas memórias do passado. 

Respira Izuku, não vai acontecer nada, está tudo bem. Eu preciso fazer alguma coisa

- Seus gostos são bem femininos - Estava encostado no batente da porta. 

Virei ao ouvir a voz já conhecida atrás de mim e franzi o rosto

- Algum problema com isso? - franzi o rosto.

- Não, é só que.... Desculpa, não quis ofender - Disse sem jeito.

- Não faz mal, eu entendo. - Vejo que realmente não foi por mal, tenho de parar de estar na defensiva. Ele nem fez nada dessa vez.

Okay, não estou errado ao todo, esse homem me tenta toda santa vez que nos vemos. Sempre vendo se faço bem algo, ou se sei fazer, ou duvidando que fui eu que fez. Ele é sempre todo engraçadinho. Enfim!

- Izuku?

- Hum? - continua a procurar o que fazer, mas sem querer bato com a porta do frigorifico sem notar o tanto de força que eu estava a colocar em tudo que segurava.

- Estás chateado?

- Não senhor, algum problema?

- Não respondeste a minha pergunta.

- Desculpa, eu estou meio perdido, qual foi a questão?

- Outra vez acordado, já é a quarta vez essa semana e olha que hoje é sábado. 

- Eu estou bem, não se preocupe comigo, deve ser porque sempre acordei cedo. 

- Certeza? - Ele franziu a sobrancelha esquerda, um hábito peculiar quando não acredita em algo. Eu já sei das manias dele. 

- Sim, eu estou bem - Não olhei para o rosto dele, não estava com cabeça para afrontas. 

- Izuku... Olha, me desculpa! Eu não queria fazer-te chorar, eu...eu sinto muito - Kay estava alarmado sem saber o que dizer, sua cara de culpa e remorso era evidente.

Toquei no meu rosto, eu estava realmente a chorar, meu Kami! Eu não posso chorar agora, logo agora que ele está aqui. Eu estava a pensar em mil coisas que nem notei que estava em seus braços.

- Eu não quero ser a mesma pessoa fraca de antes. - disse com repulsa. - Eu era asqueroso e sem vida.

- Tu não és fraco, não importa quem diga o contrário, eu vejo que tens determinação e dás no duro. - Kay tentava consolar-me o máximo que podia, ele não sabia ao certo o que aconteceu comigo, mas suas feromonas estavam igualmente agitadas.

- Eu... eu não tinha voz, eu não me impus, eu sofria calado, eu fui maltratado, espancado, torturado, abusado, eu sofri de tudo um pouco por burrice. Tudo porque eu amava, eu fui um tolo, confiei em quem não devia.

- Amar não é tolice, a culpa não foi sua, seja lá quem fez isso, ele foi o tolo aqui, perdeu um ser incrível. - Seu tom sincero e grave, sussurrava em meu ouvido, me balançando junto do seu corpo.

- O senhor acha que eu não fui tolo, o senhor já amou alguém?

- Não. - disse de forma não tão confiante.

- Viu! Não vais perceber como me sinto, foi a maior burrice da minha vida, eu deixei de viver para dar 100% para outra pessoa.

- Eu sei que eu não percebo os seus sentimentos, mas um dia eu sei que irei e quando esse dia chegar eu...- Ele interrompeu a sua fala. - Esqueça, vamos eu te acompanho até o quarto, hoje tu não vais ficar horas a fazer coisas para nós. Se quer aproveitar realmente a sua vida, agora viva para ti e faça o que realmente te faça feliz. Só isso, sem pensar em terceiros. Esse ponto eu sei como se sente.

- Eu não tenho sono.

- Não foi um pedido Izuku. - Retruca mal-humorao.

- Não mandas em mim! - tentei me desvencilhar 

Ele arregalou os olhos e sorriu. Porquê o sorriso? Ele deu dois passos e eu recuei dois, ele continuou até que em um piscar de olhos eu estava no ombro dele que nem saco de batatas!

- Kay! Me ponha no chão agora!

- Que ousado, Kay? Então tu sabes que o meu nome não é "senhor"- Ironizou

- Ha!ha!ha! Engraçadinho, faça o que eu disse

- Não quero!

- Tu não podes fazer o que bem te apetece

- Desde que não sejam coisas más, eu posso. E se continuar assim tu vais cair, és pesado! - ele ri.

- Tu chamaste-me de gordo?

- Eu? Longe de mim! Onde já se viu, diria que és outra coisa, mas isso são outros quinhentos. 

Ele subiu as escadas comigo e fui jogado delicadamente na cama.

- Vai embora, eu já estou na cama.. - Naquele momento eu estava tão surpreso com o seu lado imaturo, que nem chateado eu estou.

- Hummm - murmurou olhando fixamente para mim. Mas o que deu nele? Isso já estava a deixar-me assustado.

- Já não tiveste o que querias?- abracei uma almofada, apertando ela forte sobre o peito.

- Nem por isso - Ele subiu em cima da cama/ em mim. Que santo Kami, que vaca maluca bateu esse homem.

- Kay, isso não é engraçado! Sai de cima de mim - eu me debatia, mas claro que era inútil, estava em um nível de força completamente desqualificado.

- Senão o quê? - Ele aproximou seu rosto perigosamente, mas não foi um beijo.

- Vai se fuder!

- Mamã! - Eri abriu a porta com os olhos marejados.

Kay rapidamente sai de cima com o empurrão que dei.

- Mamã tem dodói? - Ela começou a chorar. Espera, o "mamã" foi para mim? Wow, eu fiquei paralisado e depois de uns minutos olhei para o Kay que estava da mesma forma e negou com a cabeça.

- Isso não fui eu. - Saiu da cama e foi até a Eri que negou o seu colo.

- Não! Papá é mal! Fez a mamã da Eri chorar

- Eri, eu...- Ele não conseguiu terminar de falar porque ela correu até mim. E claro que eu a agarrei de forma automática.

- Meu amor eu estou bem, seu pai não fez nada. - apesar de ter feito, a cria chorava em pânico.

- Sério? Eu ouvi gritinhos e parece que estás triste - Ela abraçou o meu pescoço

- Não estou triste, eu ri tanto que até saiu lagrimas

- Igual as coceguinhas?

- Sim, igual as coceguinhas

- Papá não fez nada?

- Não pequena, estava a brincar com o Iz...quer dizer mamã.

Filhotes eram muito protetores com as suas mães, agora. Como foi que esse laço começou

- Aaaaah! Oki, mamã eu posso dormir aqui?

- Podes meu amor, vamos dormir até mais tarde, que tal?

- Abraçados? - Sorri baixinho.

- Aham, abraçados - Sorri de volta. - Kay, apague a lâmpada por favor.

- Okay, durmam bem - ele olha para mim, um olhar sério mara quem não o conhece, mas notei que estava arrependido. 

I WANT YOUWhere stories live. Discover now