I WANT YOU

Capítulo 14

Shin Nemoto

Não acredito que 3 anos passaram tão rápido. Bom, para quem não me conhece eu sou Shin Nemoto, 28 anos, amigo de infância de Kai e Hari, sou omega, economista e palestrante motivacional. Trabalho em marketing e administração, sou poeta e o que não se quer calar, sim, sou solteiro também. Não que eu não acredite no amor, só acho que ele sempre deu uma pausa para mim. Pouca sorte, mas isso foi coisa do passado. 

Eu viajei para fazer uma formação básica de psicologia, porque achei que seria bom passar um tempo com uma coisa que estava realmente na lista de coisas que tenho de fazer.

Pego as minhas malas e ponho no táxi que eu aluguei, eu precisava dar um "oi" para algumas pessoas.

- Por favor, para o condominio XSD.- passei o endereço para ele. Pouco menos de 45 minutos eu cheguei em casa, sim, eu e os meus amigos vivemos no mesmo complexo, apenas há uns 10 minutos de distância um dos outros, só para ter um pouco de paz. - Muito obrigado, senhor

- Não tem de quer, aqui o seu troco. - Ele entregou para mim, mas em um gesto gentil eu recusei.

- Ah! Não é necessário, fica como um bônus por ter me ajudado com as malas. - sorri gentil.

- Ah! Se for assim eu agradeço muito, senhor. - E assim ele se foi.

Bom, agora o que eu preciso fazer? Pergunto para mim mesmo olhando para porta. 

Okay, entrar primeiro e arrumar o básico. Então foi isso que eu fiz até dar duas da tarde. Decidi ir para a casa do Kai.

Toquei a campainha e no terceiro toque eu fui atendido. Meu amigo está "horrível", não que eu esteja a exagerar. Estava com um rosto abatido, olheiras, cabelo despenteado e parecia aluado.

- Kai? - Não consegui não exclamar.

- Céus! Quando foi que tu voltaste Shin?

- Hoje mesmo, por acaso. Onde está a minha afilhada? - Estranhei pelo facto de não ver ela aqui ainda, já que falei alto suficiente para ele ouvir-me.

- Eri está doente, eu creio que seja um resfriado, mas dos bem feios.

- Entendo, mas é estranho nessa época do ano. - Olhei melhor para ele. - Tudo bem, senta aí, traz um chá, vamos conversar. Eu te conheço e sei que não é apenas isso. - Disse já sentado na poltrona verde militar da sala, que ficava o máximo com os sofás beges. Essa sala é o meu xodó. 

- Não pode ser outro dia? - Ele faz a mesma careta de quando era criança. Ele sempre foi alguém fechado, não muito ligado a sentimentos, por isso tem dificuldade em se relacionar com outras pessoas. 

- Não! Eu sei que outro dia significa nunca falar sobre o assunto. 

- Muito obrigado, bom, por onde começamos?

- Hum, tu continuas o mesmo. - Diz em falso desagrado. - Digamos que eu conheci alguém

- Defina alguém, por amor de kami, não sou cigano. - Disse calmo e dou mais um gole no meu chá de morango.

- Esse alguém é nada mais nada menos que o babá da sua afilhada

- Achei que Eri não gostasse de babás. Espera aí- Fiz uma pausa para ver se entendi. - O babá? Um homem? - digo surpreso, era muito raro.

- Sim, um ômega tal como tu.

É muito gratificante ouvir sobre outros machos na minha condição, somos bem raros.

- Entendi

- Tudo começou porque esse ano eu estou a ter uma vida de cão lá na empresa, eu não tinha um dia de folga, são agendas lotadas atrás de tarefas lotadas, então eu precisava da ajuda do Hari para cuidar da Eri, mas o Hari trabalha e as coisas ficaram pesadas para ele também. Então o abençoado decidiu contratar uma babá sem me consultar, pela milésima vez. Mas para nossa surpresa dessa vez era um ômega macho, o que ele achou que daria super certo já que Eri tem mais machos cuidando dela, no caso, nós! Daí eu achei que não seria boa ideia e que ele não duraria um dia e estava disposto a não fazer durar, porque convenhamos, eu sou alpha e a última coisa que quero é ter problemas com ômegas, sem querer ofender.

- Não ofendeu. Me diz, como ele é?

- Ele é lindo, baixo, atencioso, inteligente, dócil, amável, cuidador. Ele é tudo de bom. Com ele cá em casa eu me sinto tipo- ele faz uma pausa. - Sei lá, não dá para explicar, ele faz o meu dia, entendes?

- Eu entendo, e como as coisas estão entre vocês? - Já sentia que aqui tem coisa.

- Éh, como estamos agora. Nem eu sei...- Inclina o tronco para frente olhando freneticamente para a chávena. - Ele não vai querer me ver nem com um buque de diamantes.

- Como assim? O que tu fizeste? - Disse com uma leve alteração na voz. 

- Ele agiu como um completo idiota e Izuku foi embora- Hari diz revirando os olhos.

- Eu acho que de ômegas, tu nunca entendeste.

- Ham!? Isso foi uma indireta? - Hari diz incrédulo. 

- Acho que foi precisa demais para ser uma indireta. - Retruquei.

- Okay! Assim não dá - Hari diz alterado. - Se queres dizer alguma coisa, diz agora!

- Eu não creio que tenha algo para conversar contigo.

- Tudo bem, já chega os dois! Eu não aguento mais ouvir de problemas. Minha vida está uma merda e minha filha está doente, a última coisa que quero é os padrinhos dela brigados agora.

- Aff! Eu perdi a linha, eu peço desculpas Kai. Amanhã eu volto, acho que estou um pouco indisposto

- Acho que é da viagem, tu nunca foste fã de aviões. - Diz com um sorriso confortador.

- Eh, eu acho que deve ser isso mesmo. Bom, eu já vou, mande noticias da Eri, qualquer coisa eu veio em um pulo.

- Eu te acompanho. - Haru levantou-se também.

- Não é necessário, eu fico bem sozinho. - Disse seco e saio rapidamente de lá, mas parece que a desgraça veio junto.

- Shin!!!- Ele gritou. - Tu não és assim, o que foi?

- Não me sigas, eu não tenho nada para falar contigo! - Aprecei ainda mais os meus passos, eu iria ficar doente se isso continuasse assim.

- Boa, agora serei tratado como um completo estranho? - Diz já me alcançando.

Ele agarrou o meu pulso com firmeza. Dava para notar pela sua cara que estava irritado. Fui arrastado até a minha casa, sério, o que ele quer agora, depois de tudo, só agora?

- Tu somes do nada, para sei lá onde e depois de 3 anos chegas aqui como se não fosse nada. - Esbraveja.

- Por acaso eu precisava te dar informações sobre a minha vida. - Disse de mal-humor.

- E a melhor opção foi me bloquear? Negar todas as minhas chamadas e sumir por dias e depois viajar? Eu me preocupo contigo. Eu lembrei daquela noite, não tive a chance de falar contigo, não significou nada?

- Ah, vais mesmo falar de significado! Tu fazes sexo com uma pessoa qualquer, no dia seguinte e eu é quem devo satisfações?

- Eu...- Ele tentou dizer algo, mas creio que a vergonha foi maior.

- Foi o que eu pensei. Esqueça o que aconteceu entre nós. Foi apenas uma noite. Já nem lembro. - Eu menti na cara de pau, esse dia mexe comigo até hoje.

- Uma noite? Querias ganhar a atenção do Kai com isso? É dele de quem tu sempre gostaste. - Sua voz estava bem rouca, parecia estar com muita raiva ou ciúmes, não dava para decifrar o misto de informações pelo seu cheiro. Suas feromonas invadiam a minha casa.

- Gostar do Kai? Fala sério, és burro o te fazes de burro? Gosto tanto do Kai e no fim vou para cama contigo, não parece meio controverso? - Eu não consegui manter a minha barreira implacável. Aquilo foi a gota de água.

- Shin, olha, desculpa, eu não quis dizer isso. - Diz alarmado

- Hari, por favor sai daqui, eu acho que já ganhaste o prémio de "o bosta da minha vida". Eu não quero nada contigo, nem te ver eu queria. - Eu não posso mais esconder o quanto a presença dele mexe comigo. 

- Eu te magoei, mesmo tu sendo uma das pessoas mais importantes da minha vida. Eu só faço merda. - Ele soltou o meu pulso. - Fica bem Shishi- Ele usou o maldito apelido.

- Adeus, Hari! - Fecho a porta na sua cara, não queria dar tempo para mais nada..