Começo o dia na Zona 22, respondendo a alguns SMS's que haviam me enviado. O primeiro é de meu pai, indagando sobre a repentina mudança na convocação de novatos aos quartéis. Em minha resposta, o tranquilizo, assegurando-lhe que, assim que as coisas se acalmarem, planejo visitá-los. O segundo SMS é de Maya, fazendo-me a mesma pergunta sobre o ocorrido e pedindo desculpas por não conseguir me visitar durante as semanas em que estive na Sede da Corporação.
Após o café, dirijo-me ao Centro de Treinamento vestindo o uniforme tecnológico azul-escuro com detalhes prateados, concebido por Moses. Ao ajustá-lo, uma voz surpreendente ecoa de dentro do tecido, "Bom dia, Srta. Paterson". Dou um pequeno salto, meus olhos se arregalam momentaneamente com surpresa, e involuntariamente levo a mão ao peito. Após um momento, recomponho-me a compostura e entendo que se trata da inteligência artificial desenvolvida no uniforme por Moses.
— Bom dia, meu caro... Como posso chamá-lo? — Pergunto.
— Pode certamente escolher um nome, Srta. Paterson. — A voz responde.
— Bom..., acredito que Valerian é um bom nome para um tipo de "robô".
— Valerian parece adequado, Senhorita. — Responde. — Estou aqui para fornecer assistência, informações e garantir sua segurança. Alguma solicitação?
— O que temos que realizar hoje? — Pergunto-lhe.
— Hoje você está designada para o primeiro treinamento na Zona 22. As informações detalhadas foram carregadas em meu sistema. — Valerian responde, sua presença digital manifesta uma aura de eficiência.
Continuo o meu percurso até o Centro de Treinamento, quando, de repente, esbarro com o jovem de olhos puxados que havia mantido o olhar fixo em Ethan durante a reunião.
— Desculpe, não te vi. — Menciono. — Prazer, meu nome é Jane.
— Prazer, Jane. — Responde ele. — Sou o Carlos. Está indo para o treinamento, não está? — O jovem retira os óculos e os limpa com a ajuda de sua camisa verde-limão.
Ao cumprimentar-me com um aperto de mão, percebo uma temperatura fria, digna de um Manipulador de Gelo.
— Ethan pode parecer um pouco rígido no início. — Comenta. — Mas é um ótimo sujeito e um líder irrepreensível.
Carlos me acompanha até o Centro de Treinamento, onde todos os soldados estão reunidos, aguardando as palavras de Ethan. Ele, posicionado no meio da formação, anuncia:
— Hoje teremos um último treinamento. Infelizmente, fui informado de que precisaremos estar prontos para uma missão amanhã, nas proximidades da Avenida Placidus.
Uma série de comentários irrompe próximo a onde estou. Nós, os novatos, mal tivemos a oportunidade de realizar treinamentos significativos na Zona 22, e já estamos nos dirigindo para um combate real. O clima tenso é palpável, mas a determinação é visível nos olhares de cada soldado, prontos para o desafio que se avizinha. Nos alongamos para começar.
Nós cinco somos divididos em grupos, sendo o meu liderado por Ethan, enquanto o outro é treinado por um jovem que compartilhou o jantar com ele na noite passada. O início do combate é marcado pela intensidade. Diana esforça-se contra seu oponente na luta. Enquanto ela se defende dos golpes, percebo sua concentração em invadir a mente do adversário, como me contara que fez na primeira simulação. Moses, por sua vez, luta habilmente utilizando aparelhos que ele mesmo criou, tornando-se uma espécie de "Megamente" da vida real.
Um veterano, hábil e preciso, desfere golpes certeiros, levando-me a cair com impacto no tatame. A dor pulsante nas costas é acentuada pela sensação ardente ao ser atingida por um líquido vermelho, lançado por ele. Como resposta instintiva, projeto o garoto para longe, criando uma rajada de vento. Ele se recompõe, solta uma gargalhada e comenta:
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Caminho Mortal
Teen FictionAos dezesseis anos, Jane Paterson descobre que ter um dom pode ser mais uma maldição do que uma bênção. Convocada junto com outros cinco jovens, ela ingressa na temida Corporação de Segurança do País. Longe de sua família, Jane enfrenta uma realidad...