Capítulo 8.

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Depois de um tempo, a conversa acaba, e a quietude domina o lugar novamente. Thiago percebe as músicas tocando no rádio, que são do seu agrado, então logo seu humor começa a melhorar cada vez mais, demoradamente. 

A cidade no fim da tarde se desenha diante do para-brisa, criando uma sinfonia de luzes do sol que dançam pelas ruas. O som do motor se mistura com a trilha sonora do pôr do sol, enquanto Thiago, a cada gole da cerveja, parece imerso em reflexões. Brian, mantendo o olhar à frente, também está na mesma situação aparente de Thiago, concentrado em pensamentos internos.

Cigarros e garrafas de cerveja marcaram um breve interlúdio na monotonia do trânsito, instigando uma mudança na dinâmica entre os dois. Os dois garotos, que antes se desentendiam, parecem ter conseguido afastar aquela tempestade de arrogância e agressividade, tirando a barreira de inimizade que os dois tinham. Bom, pelo ao menos, é isso que Brian pensa.

– Por mais que eu tenha rido e conversado com você, a gente não é amigo, tá? - Thiago continua reforçando seus pensamentos para Brian - Não pense que alguns momentos de risos e concordâncias mudem alguma coisa entre nós.

– Você gosta de defender seus princípios, né? - ele olha para o garoto, ao mesmo tempo que desliga o carro -

– Muitos dizem que isso é um defeito meu, persistência desnecessária. - Thiago toma mais um gole da sua garrafa - Mas eu não ligo, obviamente.

– Não é atoa que tá sempre discutindo com alguém... - Brian sussurra enquanto dá algumas risadas, fazendo o moreno entender como um deboche -

– Ah, cala a boca. Seu maior defeito é a sua existência atrapalhando minha vida, não é atoa que eu te odeio. - ele debocha de volta -

– Mas sobre a amizade, nem uma simples parceria? - Spilner tenta convencer o garoto -

– Não, nunca. Espero não ter nada com você futuramente. Se você pudesse sair da minha vida pra sempre, seria a melhor coisa do mundo, idiota do caralho. - o garoto continua xingando Brian, e defendendo sua postura na situação - O que rolou agora pouco e no bar foram apenas umas distrações momentâneas, não confunda as coisas.

Brian responde com risadas, e logo depois, fica em silêncio. "Por que você sempre ri quando eu te xingo, seu retardado?!" Thiago, impaciente e perseverante, pergunta com um tom um pouco agressivo para Brian.

– Eu gosto de testar as pessoas. - Brian mira o olhar no rosto do menino novamente -

– Você gosta de estressar as pessoas, isso sim. - Thiago suspira, e logo continua tomando a cerveja -

Brian solta algumas risadas de novo, e mais uma vez, o silêncio é iniciado, mas agora, há uma leveza diferente no ar, como se aquelas risadas tivessem criado uma ponte efêmera entre o desconhecido e o familiar. A música suave embalam o ambiente, com os dois imersos em seus próprios pensamentos, enquanto a cidade se desenha no horizonte adiante.

O trânsito permanece imóvel, e o motor do carro continua silencioso, desprovido de sua melodia constante. Brian olha para frente, onde a cidade no final da tarde cintila além das margens da estrada, mas o fluxo de veículos permanece estagnado. O ambiente dentro do carro se transforma em um cenário de espera, onde a quietude prevalece, interrompendo temporariamente a jornada dos dois garotos.

– Que tipo de música você gosta? - Thiago rompe o silêncio, tentando iniciar aquele assunto outra vez -

– Que? - Brian fica surpreso com Thiago puxando papo -

– Você é surdo? Que tipo de música você gosta, caralho? - Thiago continua a perguntar -

– Achei que você não queria conversar. - Brian dá um sorriso - Mas quando eu menos espero, você me pergunta algo, que evolução. - ele debocha de Thiago -

𝙈𝙚𝙪 𝙥𝙞𝙡𝙤𝙩𝙤 𝙥𝙧𝙚𝙛𝙚𝙧𝙞𝙙𝙤 - 𝘉𝘳𝘪𝘢𝘯 𝘖'𝘊𝘰𝘯𝘯𝘦𝘳.Where stories live. Discover now