Capítulo 4

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Capítulo 4.

...

a realidade foi muito bem colocada diante de mim.

meu pai me preparou para me submeter a outros homens, minhas vontades nunca estiveram em discussão.

arthur por outro lado colocou diante de mim dois caminhos.

um casamento que me levaria a total independência, ou uma vida livre que me faria depender dos outros por boa parte dela.

por mais bondosos que fossem bárbara e adriano, não podiam me ajudar até o dia em que estivesse totalmente estabelecida.

"não, não precisa cancelar". "você vai me deixar frequentar a igreja?". ele arregalou os olhos. "eu tinha que esconder do meu pai que era cristã então só tô perguntando para ter uma garantia".

"abigail, você é uma mulher livre para professar a fé que quiser". "frequente a igreja, participe, viva, crie gostos e faça o que você gosta de fazer". "eu não vou passar de um pequeno detalhe na sua vida, conheço meu lugar e quero justamente que você viva tudo o que não viveu durante o tempo que ficou com aquele monstro".

pela primeira vez que me lembro, um sorriso sincero e genuíno se formou em meu rosto.

...

bárbara deu um surto ao saber que finalmente poderíamos frequentar a igreja juntas.

segundo ela, o melhor, no mesmo conjunto!.

Eu havia aceitado e em minha opinião estava pronta para enfrentar as consequências.

...

o que você espera encontrar quando vai a um casamento, mesmo sendo no cartório?.

parentes do casal, certo?.

no meu caso já era de se esperar, meu genitor não estaria ali.

mas e o pai de arthur?.

eu sabia que ele tinha pai, me contou um pouco sobre a pequena família composta por ele, seu paulino e lucrécia.

Pedro interrompeu meu devaneio sobre a família do meu noivo, aproximando-se.

"
nervosa?". arthur já estava dentro do cartório, me aguardando entrar na companhia de bárbara.

"um pouco pedro, eu não sei aonde que eu tô me metendo".

"eu sei que o seu arthur passa essa vibe de mafioso de filme mas é um cara legal, só um pouco perfeccionista demais às vezes". não consegui deixar de sorrir.

"você deve gostar muito dele né?".

"é meio estranho fazer declarações de amor a outro homem, mas sim, gosto muito dele". "o que você vai ver quando entrar naquele formigueiro chamado mansão rossi explica muito do caráter dele, só precisa de algo que liberte ele dele mesmo". "não sei se a libertação tem que vir dele mesmo ou da família, mas dá para ver que ele pressiona a ele mesmo".

"você sabe os motivos desse casamento?". não deixei de absorver as palavras intensas dele, mas a curiosidade também era grande.

"sim, eu sei". pedro respirou profundamente, Contendo uma emoção que não consegui distinguir o que era.

"pedro, por favor, me conta!".

"ele já te prometeu que na hora certa você vai saber, eu vou fazer questão de estar perto para ver sua reação". "enquanto isso, conte comigo para o que você precisar". "a mesma fidelidade que eu tenho com ele vou dedicar a você".

bárbara não interrompeu a conversa, mas fez sinal com a mão para quentrássemos logo.

pontualmente às quatro e meia da tarde de uma quarta-feira assinamos os papéis do casamento, tendo pedro e bárbara como testemunhas.

Fé e segredos.Where stories live. Discover now