Capítulo 18

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Capítulo 18.

...

a grande verdade é que não havia ninguém além de arthur, 100% culpado ou 100% inocente.

no momento em que paulino decidiu acolher lucrécia, devia ter pensado em fornecer tratamento psicológico a ela.

era uma mulher doente pelo ódio que não merecia nada além da minha pena.

se estava disposto a criar artur em nome da memória do filho, devia ter feito isso como avô, e não criado uma história mirabolante em que ele era o pai e teve a morte da esposa causada pelo filho que ela não queria.

se não estivesse disposto a criar verdadeiramente como um pai presente, era melhor que entregasse para outra família fazer isso.

não estou dizendo que lucrécia buscou pelo abuso, ela foi vítima e nada do que tenha feito serve como justificativa.

mas errou ao abandonar uma família estruturada, em troca de diversão.

e acima de qualquer coisa, seu principal erro foi colocar nos ombros do filho a responsabilidade por algo que não fez.

é difícil criar teorias sobre como seria a vida de arthur se tivesse sido criado com o verdadeiro pai adotivo.

alguém que fez o possível para prima não interromper a gravidez, cuidou e cultivou o amor pelo bebê.

essa história chegaria aos ouvidos dele em algum momento da vida?.

como seria a sua mãe adotiva?.

a carga emocional da morte da própria mãe transformou arthur em um homem inseguro, com uma doença mental séria e que só não foi mais longe porque estava sendo tratada.

as coisas teriam sido diferentes se valentim voltasse daquela viagem na data certa?.

talvez sim.

mas aquele não era o momento de pensar nas teorias que eu cogito hoje, a realidade era um fato e estava diante de nós.
"de quem foi essa ideia ridícula de fazer minha mãe se passar por uma louca que não queria aceitar o próprio filho? " . as palavras cortantes de valentim ecoaram pela sala.

"eu precisava justificar a raiva que eu tinha dele, peguei um pouco desse meu ódio e coloquei na minha tia, o seu pai não fez nada então não me critique sozinha não, ele também merece ouvir". "respondendo à sua pergunta tio, eu não tô preocupada, não vai sofrer mais do que eu precisei sofrer esses anos todos". foi naquele momento que eu me levantei.

o silêncio foi minha melhor opção durante o relato, era um assunto que não me incluía.

mas ela precisava saber que tinha extrapolado todos os limites.

"eu não sou ninguém para apontar o dedo e dizer que você mereceu o abuso, mas sofrimento nenhum justifica o que você fez com seu próprio filho durante todo esse tempo!". "lucrécia, para um pouco e houve tudo que você disse para ele, tenta pensar no que você fez, tenta pensar na destruição que você causou". "você acabou de dizer que quer que ele sofra para pagar pelo que você sofreu, sendo que ele e você são vítimas, os dois são vítimas no mesmo nível, e passando por tudo que você fez ele passar, eu boto minha cara a tapa para dizer que ele sofreu mais que você". "você não sente um pingo de remorso por admitir que tentou matar seu próprio filho quando era bebê?". imediatamente, ela negou com a cabeça, me deixando sem fala.

"você tinha me dito que não tava louca, mas que não demoraria muito para ficar". "eu acho que você tá doente há muito tempo, alguém devia ter se preocupado em levar você para um psicólogo ou um psiquiatra agora já nem sei se dá para reverter".

Fé e segredos.Where stories live. Discover now