Genesis

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 Enquanto estava imerso no casulo, Jungkook estava alheio ao que acontecia ao seu redor.

A substância anestésica que o envolvia, o deixava sozinho e a mercê de seus pensamentos e lembranças.

Era por essa razão que agora ali, imagens de sua antiga vida em Vitalles se chocavam com a sua realidade vivida ali no distrito 58.

Chocava Jungkook que jamais sentiu por aquela que seria esposa, ao menos se comparava ao que o ruivo despertava nele.

Talvez, porque havia sido criado com o pensamento que sentimentos eram desnecessários, e que a sua junção a uma parceira deveria ser levado como um exemplo de como deveria ser uma verdadeira união.

Mas agora ele começava a se perguntar, em coisas do tipo, valeria a pena estar com uma pessoa apenas por estar?

Como seria compartilhar de uma vida sem as emoções que ele compartilhava diariamente com Jimin?

Até mesmo quando o ruivo o irritava, era uma forma de saber que estava vivo e não se assemelhava a uma máquina movida por pensamentos de criações diárias.

Obviamente ele gostava de suas criações, as achava úteis, tinham um proposito de melhorar a vida das pessoas que viviam com ele, mas e em Vitalles?

Lá ele sabia que elas seriam inúteis, por essa mesma razão que elas nunca ganharam vida como agora.

A única coisa que parecia ser de grande importância era a criação de embriões sem imperfeições.

Ali sozinho, ele percebia o quão insignificante era sua vida em Vitalles, ele não tinha um propósito no que fazia antes, não como agora que se sentia realmente útil.

Quando sentiu que as minúsculas agulhas estavam se retraindo, abriu lentamente os olhos, observando o casulo se desfazer e seu corpo, que estava suspenso, ser descido antes que a estrutura se soltasse completamente de seu corpo, o liberando.

Ele respirou fundo e descobriu que a dor e o desconforto nas costelas haviam desaparecido. Ele sorriu, mas seu sorriso vacilou quando ele olhou para cima e viu a pessoa olhando para ele do outro lado do vidro.

Jimin se encontrava sentado em sua cadeira, apoiando o cotovelo no descanso enquanto mantinha o queixo apoiado na palma da mão.

O olhar era penetrante, parecia absorver todos os detalhes, mas a expressão era, ao mesmo tempo, enigmática, revelando pouco do que o ruivo estava pensando.

Tentando não ficar chocado com a presença do outro homem em seu laboratório, ele caminhou em direção à saída, o olhar penetrante de Jimin acompanhando cada passo seu.

Ele procurou as roupas deixadas no chão, mas não encontrou nenhuma.

— Jimin, você viu Jin pegar minhas roupas quando saiu?

Jimin, que o observava, levantou-se da cadeira e caminhou até ele, olhando seu corpo de cima a baixo.

— Eu guardei elas pra você. — Jimin disse ao parar a sua frente.

— E posso saber onde você as guardou?

Jimin lentamente colocou uma das mãos em sua cintura fina e a subiu suavemente, acariciando as laterais do corpo com as pontas dos dedos, fazendo os pelos de sua pele se arrepiarem.

— Poder até eu podia, mas sabe doutor, gosto de ver você sem elas... na verdade, não me importaria que você removesse essa última peça também.

— Eu preciso fazer meu relatório para Namjoon, Jimin. Agora pare de brincadeira e me diga logo onde elas estão.

Estigma: Distrito 58Where stories live. Discover now