03 - The Start Of The End (Part II)

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[...]

A tensão palpável que preenchia o ar do Aquário Nacional era quase tangível, um prelúdio silencioso da tempestade iminente. Normani, disfarçada nas sombras, sua presença quase fantasmagórica entre a multidão alheia, estava imóvel, mas sua mente corria. Ela sabia que o que estava prestes a fazer mudaria irrevogavelmente o curso de várias vidas, incluindo a sua. Não era apenas uma mercenária; ela era a peça central de uma trama geopolítica complexa, contratada pelo governo russo para uma missão que muitos considerariam impensável: sequestrar Ethan, a criança mais resguardada dos Estados Unidos.

O plano era audacioso, exigindo precisão e frieza. Normani não era estranha ao perigo, mas a tensão de esperar o momento exato para agir adicionava uma camada de intensidade ao seu ofício.

Ela mantinha um olhar vigilante sobre o aglomerado de pessoas, a mão direita repousando sutilmente sobre a pistola escondida sob seu terno. Enquanto isso, a mão esquerda, no bolso, roçava levemente o monóculo de visão noturna, um equipamento que pretendia utilizar em breve.

- Situação de emergência máxima no Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC): a presidente emitiu uma ordem incontestável que determina a evacuação imediata de Ethan. - a concentração de Normani foi abruptamente quebrada pela voz grave de um homem através do dispositivo de comunicação que ela havia adquirido no banheiro. Com o rosto marcado pela surpresa e as sobrancelhas tensas de confusão, ela se viu confrontada por uma reviravolta totalmente inesperada. Tal interrupção era um elemento fora de seu cálculo, por isso, forçava-a a tomar medidas imediatas.

Ao detectar a atividade dos agentes especiais, prontos para executar a ordem presidencial, Normani agiu com velocidade, enviando o sinal para a câmera de segurança. Um sinal que, em questão de segundos, mergulharia o aquário na escuridão. A queda abrupta de energia foi o primeiro dominó a cair, desencadeando uma cadeia de eventos cuidadosamente orquestrados. Conforme antecipado, o sistema de emergência tentou ativar o gerador, que, por um breve momento, fez as luzes titubearem, iluminando o ambiente por escassos cinco segundos. No entanto, a falta de combustível, previamente esgotado pelo zelador como parte do plano, impediu que o gerador sustentasse a eletricidade necessária.

Envolvidos pela escuridão, a tensão cresceu entre os presentes, manifestada em sussurros e murmúrios inquietos. Normani, com a destreza e precisão de quem domina suas ferramentas, posicionou o monóculo de visão noturna sobre seu olho. De imediato, o ambiente ao seu redor foi revelado sob uma luz verde etéreo, permitindo-lhe navegar pela escuridão, pronta para o próximo passo de seu plano.

Movida por uma mistura de urgência e pelo conhecimento agudo de que cada momento era precioso, Normani deslizou pela multidão, que para ela eram apenas sombras etéreas em seu campo de visão expandido. Seu objetivo era claro e de valor inestimável: Ethan, o menino de cinco anos cuja aura de inocência brilhava como um farol num oceano à beira do caos. Com movimentos ágeis e sem provocar alarde, ela o ergueu nos braços, pronta para se embrenhar na rota de fuga pré-estabelecida. No entanto, antes que conseguisse romper a barreira de corpos à sua volta, um estrondo ensurdecedor de um disparo a deteve abruptamente em seu caminho.

Alguns minutos antes...

No ambiente opressivamente silencioso do banheiro feminino, o único som que quebrava o silêncio era o zumbido constante da luz fluorescente, que derramava uma luz fria e desoladora sobre as cabines enfileiradas. Entre elas, uma se destacava não só pela placa de "Em Manutenção" pendurada de forma precária, mas também por ser o palco de um despertar grotesco de um monstro. Ali, oculto aos olhos desavisados, jazia um agente, cujo destino o havia colocado no caminho da pessoa errada.

Com o rosto submerso na água estagnada da privada, um lugar humilhante para seu infortúnio final, o corpo começou a se contorcer com vestígios de vida. Essa ressurreição, contudo, estava longe de ser uma dádiva. Era uma perversão da natureza, um retorno à vida marcado por características distorcidas e macabras. Quando seus olhos se abriram, revelaram uma transformação horripilante: as íris, antes castanhas e cheias de vida, agora eram de um branco acinzentado, frio e desprovido de qualquer traço de humanidade. O esclerótico, tradicionalmente branco, agora exibia um tom avermelhado, como se o sangue tivesse invadido o espaço, pintando um retrato vivo da fome voraz que consumia seu ser interior.

Survivors ● |Norminah|G!P|Onde histórias criam vida. Descubra agora