CAPÍTULO VINTE E TRÊS

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Zoey queria ver do que se tratava e saiu da beira da piscina indo direto para o salão de festas, reconhecendo de imediato o toque da música que Anna tinha escolhido. A menina estava de costas, portanto não foi vista por ela, apenas pela mãe de Alana que se aproximou para explicar que Anna estava usando o vestido de uma de suas netas porque ela – a mãe de Alana que Zoey ainda não lembrava o nome – não quisera entrar no quarto dela e de Nicolas para pegar uma roupa para Anna. Zoey apenas disse que tudo bem, observando a menina batendo o pé no ritmo da música como se estivesse marcando a hora certa de começar a cantar.

Então, a voz suave de Anna preencheu o lugar. Zoey cantava mal, muito mal e sabia disso. Já Anna tinha uma voz doce e aveludada, um tanto desafinada por não possuir nenhuma técnica, mas Zoey achava que algumas aulas de canto ajudariam nessa parte. Mas não era a voz da menina que encheu seu peito até quase transbordar e sim as palavras que saiam de sua boca.

Obviamente, Anna não sabia a letra toda da música. As duas primeiras estrofes ela enrolou a língua e só soube cantar "como é grande o meu amor por você", mas, na terceira estrofe, ela soltou a voz mostrando toda sua empolgação enquanto as outras crianças acompanhavam a parte que sabiam.

Nem mesmo o céu nem as estrelas
Nem mesmo o mar e o infinito
Nada é maior que o meu amor
Nem mais bonito

Depois disso, Anna voltou a enrolar a língua por, mais uma vez, não saber a letra. Mas quando chegou na parte onde diz "nunca se esqueça nem um segundo", a menina voltou a cantar direitinho até o final da canção, pulando animada com o microfone do karaokê na mãozinha e rindo quando as outras crianças berraram a última frase da música junto com ela.

Feliz da vida, Anna olhou em volta procurando a mãe de Alana – Lourdes! Zoey finalmente se lembrou. Quando seus olhos pousaram em Zoey, a menina ficou subitamente petrificada no lugar como se tivesse sido pega aprontando. Hesitante, entregou o microfone para um dos sobrinhos de Alana que estava mais perto dela e se aproximou devagar de Zoey que não sabia dizer se a menina estava com medo de levar bronca.

— Você ouviu?

— Tudinho. — ela se abaixou até ficar da mesma altura da menina que havia juntado as mãozinhas na frente do corpo e parecia nervosa.

— E gostou?

— Se eu gostei? Eu amei, Anna.

— Mesmo? — os olhos cor de chocolate da garotinha se arregalaram em surpresa. — De verdade?

Quando Zoey fez que sim com a cabeça, Anna abriu um sorriso radiante e se atirou nos braços dela, rindo.

— Eu te amo muito, mamãe.

Zoey apertou a menina de encontro ao peito. Apesar de ter ficado muito tempo na água da piscina e o cabelo ter um leve cheiro de cloro, ainda podia sentir o cheirinho de shampoo infantil de morango.

— Eu também te amo muito, Anna.

*****

Anna não saiu de perto dela mais pelo resto do dia. A cada cinco frases ditas pela menna, em todas ela fazia questão de chamar Zoey de mamãe. Toda hora que uma das cunhadas ou que a mãe de Alana passava, Anna fazia questão de chamar quem quer que fosse só para dizer que Zoey era a mamãe dela.

A única preocupação de Zoey era saber como Nicolas ia reagir a isso considerando que não estavam exatamente bem no momento. Como eles ainda não tinham voltado da pescaria, achava que tinha um pouco mais de tempo para pensar em como dizer isso a ele. Isso e algumas outras coisas que precisava falar para ele.

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