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S/n

Durante a noite, eu escutei alguns passinhos vindo em direção ao meu quarto. Leves batidas foram escutadas ate Matteo abrir a porta e entrar no meu quarto

-- o que foi meu garoto?-- pergunto e escuto ele fungando baixinho

-- eu quero a mamãe -- diz com a voz embargada

-- vem ca meu príncipe -- peço e ele vem ate mim. Eu o pego no colo, deixando que ele fique sentado sobre minhas pernas. Eu percebo que ele estava segurando o choro -- ei esta tudo bem em chorar e sentir saudades, é normal

Matteo se aconchegou contra mim, seu pequeno corpo tremendo com os soluços que ele tentava conter. Eu podia sentir o peso da sua tristeza, uma mistura de saudade e incerteza que só a ausência de sua mãe poderia trazer.

-- Eu sei que é difícil -- murmurei, passando os braços ao redor dele, oferecendo um abraço reconfortante. -- Mas a mamãe vai voltar logo, e ela vai querer ver esse sorriso lindo no seu rosto.

Enquanto ele chorava, deixei que suas lágrimas molhassem minha camiseta, um lembrete tangível da dor que ele estava sentindo.

-- Você sabe que pode falar comigo sobre qualquer coisa, certo? Estou aqui para você, sempre -- continuei, balançando-o suavemente, tentando trazer algum conforto em meio à tempestade de emoções que ele enfrentava. Após alguns minutos, os soluços de Matteo começaram a diminuir, transformando-se em pequenos suspiros. -- Você quer falar sobre o que está sentindo?-- perguntei, incentivando-o a expressar seus sentimentos.

Às vezes, apenas falar sobre nossas dores pode ajudar a aliviá-las um pouco. Matteo se afastou um pouco, enxugando os olhos com as costas das mãos, e olhou para mim.

-- Eu sinto muita falta dela -- ele confessou, a voz ainda trêmula. -- E se ela esquecer de mim?

-- Isso nunca vai acontecer -- assegurei firmemente. -- Sua mãe ama você mais do que tudo nesse mundo. Ela pensa em você a todo momento e mal pode esperar para voltar e te abraçar novamente.

Parecia importante reafirmar seu vínculo com a mãe, garantindo que ele entendesse que o amor entre eles era inabalável, não importando a distância.

-- Que tal se a gente fizesse um calendário de contagem regressiva para a volta dela? Assim, você pode ver quanto falta para esse dia chegar.--  Os olhos de Matteo se iluminaram um pouco com essa sugestão.

-- Isso parece legal -- ele disse, um pequeno sorriso surgindo entre as lágrimas. -- Podemos colocar estrelinhas nele?

-- Claro que sim -- sorri, sentindo um calor no coração ao vê-lo se animar com a ideia. -- Vamos fazer o calendário mais legal de todos.

Com a promessa de uma nova atividade para o dia seguinte, Matteo finalmente pareceu se acalmar, encontrando um pouco de paz em meio à turbulência de suas emoções. Eu o segurei até que sua respiração se tornasse profunda e regular, sinalizando que ele havia adormecido. Com cuidado, o levei de volta para seu quarto, acomodando-o em sua cama e garantindo que ele estivesse confortável.

Antes de sair do quarto, lancei um último olhar para Matteo, prometendo silenciosamente que faria o possível para proteger e cuidar dele durante a ausência de sua mãe. E, talvez, naquele momento, eu também senti a importância do nosso vínculo, uma conexão que havia crescido de maneira inesperada, mas que agora era tão vital quanto qualquer outra em nossas vidas.

Billie

Eu espero alguns breves minutos até que S/n atende a FaceTime. A mulher aparece na tela com os cabelos soltos, ela usava uma blusa de alça preta. Há algo na simplicidade do momento que me pega de surpresa, uma beleza despretensiosa em S/n que não havia notado com tanta clareza antes. Seus cabelos parecem mais brilhantes do que o habitual, ou talvez seja apenas a luz do ambiente que realça seus traços de uma forma diferente.

-- Oi, Billie! Você pegou a gente no meio da nossa sessão de cinema noturno -- S/n diz, um sorriso fácil e acolhedor em seus lábios. Ela ajusta a câmera, e Matteo aparece na tela, aninhado ao seu lado, o que me aquece o coração. Mas não consigo deixar de notar como S/n parece confortável em nosso lar, como ela se encaixa perfeitamente naquele espaço ao lado de Matteo, quase como se sempre tivesse pertencido ali.

-- Oi, vocês dois! Espero não estar interrompendo -- eu respondo, tentando manter meu foco na razão da chamada, que é falar com meu filho e saber como ele está. Mas meu olhar involuntariamente desvia de volta para S/n de vez em quando, observando a maneira como ela interage com Matteo, a gentileza em seus gestos, a paciência em sua voz.

Enquanto converso com Matteo, perguntando sobre seu dia e rindo de suas histórias, eu me pego observando S/n novamente. Ela ri de algo que Matteo diz, e o som é cativante, genuíno. É estranho pensar que, apesar de todos esses anos focada exclusivamente na minha carreira e no meu filho, de repente, há essa pessoa que começa a ocupar um espaço na minha mente de uma forma que ninguém mais ocupou por muito tempo.

Quando a conversa se volta para S/n, perguntando sobre como foi seu dia, há uma parte de mim que está genuinamente interessada em saber não apenas por cortesia, mas porque a ideia de conhecer mais sobre ela, sobre o que ela gosta, o que a faz rir, de repente parece importante.

Ela compartilha um pouco sobre seu dia, mencionando coisas simples, como uma ida ao parque com Matteo ou um projeto pessoal em que está trabalhando, e eu me vejo inclinando para mais perto da tela, capturada por seus relatos.

Quando a chamada está prestes a terminar, com promessas de Matteo de que vamos nos falar novamente amanhã, eu hesito por um momento, não querendo que o momento acabe.

-- Obrigada por cuidar tão bem dele, S/n -- eu digo, e minhas palavras carregam um peso de gratidão que vai além do profissional. -- Realmente significa muito para mim.

-- É um prazer, Billie. Ele é um garoto incrível -- S/n responde, e eu posso sentir a sinceridade em sua voz.

Desligamos, e eu me encontro sentada ali, olhando para a tela agora escura do meu telefone, surpresa com a leveza no meu peito. Há uma atração ali, sutil mas inegável, por S/n, uma mulher que entrou na minha vida de forma inesperada, trazendo consigo uma luz que eu não sabia que estava faltando. Eu me pergunto o que isso significa, para onde isso pode levar, mas por agora, é uma chama pequena, apenas uma faísca de algo novo e intrigante.

New Ties (Billie/You) GpWhere stories live. Discover now