CAPÍTULO 02

100 8 2
                                    

DESPEDIDA

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.


DESPEDIDA


  E no meio dessa confusão alguém partiu sem se despedir, foi triste. Se houvesse uma despedida talvez fosse mais triste, talvez tivesse sido melhor assim, uma separação como às vezes acontece, uma pessoa se perde da outra, procura-a por um instante e depois adere a qualquer cordão, depois apenas aconteceu que não se encontraram mais. Eles não se despediram, a vida é que os despediu, cada um para seu lado, sem glória nem para dizer adeus a Merathe.

Creio que será permitido guardar uma imensa tristeza, e também uma lembrança boa, que não será proibido confessar que às vezes se tem saudades, nem será odioso dizer que a separação ao mesmo tempo nos traz uma inexplicável dor e um indefinível remorso, e um recôndito despeito. E que houve momentos perfeitos que passaram, mas não se perderam, porque ficaram em nossa vida que a lembrança faz sentir maior a nossa solidão, mas que essa solidão ficou menos infeliz, que importa que uma estrela já esteja morta se ela ainda brilha no fundo de nossa noite e de nosso confuso sonho?

Talvez não mereçamos imaginar que haverá outros verões, se eles vierem, nós os receberemos obedientes como as cigarras e as paineiras com flores e cantos. O inverno lembrava o que  maltratou, não havia flores, não havia mar, e fomos sacudidos de um lado para outro como dois bonecos na mão de um titeriteiro inábil. A pequena palavra que se alonga como um canto de cigarra perdida.

  Babe dirigia quando sentiu suas vistas pesar, tudo começou embasar, ficou tonto, apertava o volante quando ouviu seu celular tocar, ele colocou o fone no ouvido e tentou falar alguma coisa enquanto podia, ele via vulto na sua frente, ele tentou encostar o carro, mas a pista estava lotado.

  — Babe, você está bem? acabei de ver seu padrasto no saguão, ele estava furioso. Alan falava no celular.

  — Não estou bem, Alan, nós tivemos uma briga no estacionamento, eu acho que eles me drogaram.

Babe tentava controlar o volante, ele iria parar no próximo acostamento 

— Eu vou encontrar você, manda a localização. Alan olha para Jeff

  Alan tinha descido até o saguão do hotel esperar Jeff, que já estava atrasado também da festa que ele tinha ido. Ele aguardou por alguns momentos Jeff quando viu o padrasto de Babe furioso por algo, saindo do hotel. Ele não observou mais nada quando ouviu a voz de seu namorado chegar. Alan correu com Jeff até o estacionamento para pegar seu carro, eles foram de encontro a Babe.

  Uma hora e vinte minutos antes de tudo virar um desastre para ambos a vida. Mera tinha saído junto com Jeff, eles eram quase amigos, se conheciam pouco, ela tinha mudado recentemente de  turma e estudava na mesma classe e fazia o mesmo curso. Ele queria levar ela até em sua casa, já era tarde, quando o ponteiro marcava a meia noite de segunda. Mas ela era muito teimosa e orgulhosa, Jeff apenas deixou ela esperando o táxi. Mas não foi isso que aconteceu, tinha muita outras coisas por trás de tudo, ela esperava por alguém, mas o destino tinha outros planos.

DESEJOS SOMBRIOS • CHARLIEBABE Where stories live. Discover now