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[nome] acordou algumas horas depois, confusa com o fato de não conseguir se lembrar de como foi parar no seu quarto.

— Ele se foi? — [nome] pensou se sentando com cuidado, evitando qualquer movimento que pudesse acarretar outra reação de dor.

Ela analisou cada detalhe de seu apartamento à procura de sinais da presença do Yakuza entre a escuridão noturna, mas não encontrou nada, o que de certa forma acabou incomodando-na um pouco. [Nome] parou de repente para tentar compreender o que estava acontecendo com seu cérebro, e porque de repente estar sentindo a falta de um desconhecido.

Depois de alguns minutos pensando, ela deduziu que só poderia estar ficando maluca. Não havia outra explicação, a não ser a de que estivesse ficando maluca feito aquela dançarina do balé da senhora Liz. Hanayama não saia dos seus pensamentos por nada, a maneira como ele foi gentil ao acolher [nome] em seus braços a fez ter pequenos surtos internos enquanto tomava banho. Ela até chegou a mudar a temperatura da água para a mais fria que seu corpo suportasse só para ter sua atenção voltada para outra coisa que não fosse o seu sentimento confuso pelo grande e gentil Yakuza.

— São só os seus hormônios [nome] — ela repetia aquela frase como um mantra com o intuito de afastar os pensamentos aleatórios. Mas só isso não estava a ajudando, não quando se tem uma mente tão fértil como a da pobre [nome] em momentos difíceis como este. Ela poderia sentir tudo, desde a tristeza por estar sozinha até a fúria ardente por ser rendida tão facilmente pela carência — Eu não acredito nisso! Como você pode se dar ao luxo de dormir nos braços dele? E a sua promessa de nunca mais se envolver com outro homem desse tipo? Em [nome]? — questionou intrigada. Os sinais da menstruação atrelados à fome já estavam começando a afetar seus sentidos, ao ponto dela chegar a discutir com seu próprio reflexo no espelho do seu quarto.

[Nome] passou mais um tempo procurando alguma coisa que pudesse usar como pijama, já que a maioria das roupas que usava para dormir no passado pertenciam a Takashi, elas lhe traziam lembranças ruins, como a de que ele sempre deixava selares por todo o seu rosto quando chegava tarde da madrugada, e também havia a maneira como era coberta por elogios quando ele reparava que estava usando apenas a sua camisa.

Depois de ter tomado banho e surtado sozinha durante o restante do tempo em que passou procurando alguma coisa para vestir, [nome] foi para a cozinha. Acendendo quase todas as luzes do apartamento para não acabar delirando outra vez com o que viu naqueles filmes de terror que assistiu no passado com Takashi, ela se deparou com duas sacolas e um bilhete.

"Me avise quando acordar" com um número de telefone escrito logo abaixo deixou [nome] inquieta, sorriu quando analisou a caligrafia. Era engraçado para ela, toda essa preocupação vinda dele tornava as coisas mais complicadas e interessantes.

O que ele faria se ela não o obedecesse? Será que se sentiria incomodado? Ou só não se importava com ela e na realidade seja só um ato de gentileza, fruto dos bons costumes que aprendeu?

[Nome] bufou e decidiu averiguar todo o conteúdo das sacolas, ficando espantada quando deu de cara com o pacote de absorventes da marca e tamanho específicos que ela estava usando. Sentiu rosto esquentar ainda mais quando encontrou uma porção de um dos pratos que costumava pedir regularmente no restaurante, ninguém além de Ren, tinha noção do quanto [nome] amava aquele prato.

Ela estava feliz da vida levando seu jantar para o micro-ondas quando ouviu passos apressados e batidas abruptas na porta.

— Quem poderia ser? — [nome] resmungou baixo, praguejando até a última geração da pessoa do outro lado da porta. Ela esperava que fosse só mais de seus vizinhos bêbados que costumam errar seus próprios endereços quando bebem, mas a pessoa continuava insistindo contra a porta — são 3 da manhã, quem é o desocupado que bate na porta de uma pessoa às TRÊS DA MANHÃ?

As narinas dela se dilataram, deixando seu mau-humor em evidência, [Nome] só queria comer e voltar para seu quarto, onde se envolveria nos lençóis quentinhos.

— [nome], eu sei que está aí! — a voz de Takashi quase fez [nome] derrubar o prato de comida.

Então se tratava de seu ex-namorado batendo na porta feito um maluco. Um fato interessante para ela, um sorriso perverso surgiu no rosto de [nome] quando uma ideia inusitada surgiu em sua mente.

— Uma ótima oportunidade para descarregar as minhas frustrações — [nome] pensou — Mas antes, é melhor eu esconder isso — agarrou as duas sacolas e as levou num piscar de olhos para o quarto, onde trancou a porta e escondeu a chave no local mais seguro da cozinha, entre as facas.

Se ela quisesse enfrentar Takashi, precisava tirar qualquer objeto que pudesse servir de distração para as paranoias dele. O conhecendo bem como ela conhecia, [nome] tinha noção de que qualquer coisa, até mesmo ar que respira poderia ser alvo das palavras ácidas dele.

Assim que guardou a chave notou seu telefone vibrando no sofá e quando pegou o aparelho se deparou com várias mensagens de um número desconhecido. Ela não precisou ler mais de duas notificações para saber de quem se tratava. Takashi era um homem persistente, digno de um prêmio pela sua teimosia, o homem continuava a bater naquela porta com força, não se preocupando nenhum pouco com os protestos dos outros moradores no prédio.

— Seu desocupado, vá embora! — a voz da vizinha rabugenta de [nome] ecoou, fazendo [nome] saltitar de alegria enquanto ia caminhando devagar até a porta — Vou denunciá-lo à polícia, seu delinquente!

— Quem você pensa que é para falar assim comigo? — Takashi devolveu na mesma intensidade, encarando a senhora.

— Não quero saber, apenas desapareça daqui agora mesmo!

A senhora aparentemente não estava tendo uma boa noite de sono e a presença de Takashi foi o suficiente para a velha enlouquecer de vez. [Nome] ouviu uma porta sendo fechada com força, depois as reclamações dentro do apartamento ao lado. Era um sinal de que sua hora de agir e lidar com seu problema.

— O que está acontecendo aqui? — [nome] fingiu ter acabado de acordar.

A sombra de um YakuzaOù les histoires vivent. Découvrez maintenant