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Narrador

A expressão serena no rosto de Hanayama desapareceu instantaneamente dando lugar a uma carranca assustada aos olhos de [nome].

— Ei, eu sei que está aí — A senhora esbravejou alto do outro lado da porta.

Aquelas alturas da noite se viu obrigada a estar fora de sua casa, batendo de porta em porta para ter uma conversa séria com os perturbadores de seu sossego. Determinada a resolver esse problema por conta própria, ela continuava relutante em aceitar que a moradora do apartamento 205 não queria atendê-la. Precisava de uma explicação ou de um culpado por terem atrapalhado o sono dos seus gatos, para entregar diretamente para o dono do prédio.

Ela claramente conseguia ouvir algumas vozes vindas de dentro daquele apartamento, além do estranho fato da porta estar rangendo um pouco.

— Senhora, o que está fazendo aí? — A voz sonolenta de Jun atraiu a atenção da senhora. Seu rosto estava amassado e ainda havia resquícios de baba em seu queixo — Outro dos seus gatos fugiu? — Jun questionou com seu tom de voz manso, apoiando-se na porta para a senhora não visse seu corpo.

— Não rapaz. Infelizmente não é de hoje que vem acontecendo coisas aqui, ontem tive que dar algumas vassouradas em um marginal que estava tentando invadir a minha casa, outro dia ouvi alguém discutindo e o som vinha desse lado do prédio... — Ela pretendia despejar todas as suas frustrações com uma reclamação extensa, felizmente Jun já estava preparado para lidar com ela e a sua síndrome de síndica.

— Francamente senhora — Jun soltou a porta, levou a mão até a testa massageando levemente aquela região, visivelmente furioso com a atitude daquela senhora — Não acha que está tirando conclusões precipitadas? Semana passada foi a mesma coisa comigo por causa de um gemido que escapou depois do meu treino, um simples som. A senhora adora pegar no pé dos outros, mas não ouvi dizer nada do casal do 208 — Jun soltou de maneira inofensiva. E só isso foi o suficiente para acertar desencadear a fúria dela.

Jun assistiu a senhora sair pisando forte enquanto reclamava alto de seus vizinhos, em específico Jun e [nome]. Ele provavelmente iria ser o alvo dela na próxima reunião, disso [nome] teria certeza, ninguém podia falar sobre o casal do 208, muito menos reclamar das suas noites de amor selvagem que atrapalhavam o sono dos outros moradores.

— Velha hipócrita — [nome] ouviu Jun dizer antes de fechar a porta de seu apartamento.

O corpo de [Nome] deu um solavanco quando a mão livre de Hanayama foi parar na sua cintura, ele permanecia sério e não se importou muito com os seus protestos, mesmo com os avisos dela sobre as paredes. Pelo contrário, ele queria que o fosse acontecer ali naquele apartamento pudesse ser ouvido por um certo vizinho.

— [nome], o que o Takashi estava fazendo aqui? — Hanayama questionou, esperando que [nome] fosse uma boa garota e colaborasse.

Nada, nenhuma palavra saiu dos lábios de [nome], apenas seus suspiros podiam ser ouvidos. O fato dela estar se negando a falar foi o suficiente para desencadear o lado irracional de Hanayama. [Nome] foi pega de surpresa quando a outra mão de Hanayama pousou sobre sua cintura, foi tirada do chão e acomodada com facilidade nos braços dele.

— Hanayama, o que está fazendo? — [nome] perguntou assustada. Estava sendo tratada como uma amante por um homem possessivo que não aceita a presença de outros homens na vida dela, como nos livros que leu no Wattpad.

— Responda a minha pergunta! — Ordenou impaciente. [Nome] arfou sentindo o aperto intenso em sua cintura.

— Por que está fazendo isso comigo? — [nome] choramingou, sentindo uma pontada insatisfação por não está conseguindo compreendê-lo corretamente.

Uma lágrima escapou pelas bochechas de [nome], denunciando que havia chegado ao seu limite e seu estresse acumulado foi desencadeado. Ela poderia começar a chorar a qualquer momento, mas [nome] preferiu se conter para não acabar deixando mais das suas fragilidades escaparem para Hanayama.

Ela não queria ficar mais vulnerável do que já estava.

Orgulhosa demais para se deixar levar por outra onda de sentimentos, [nome] tentou oferecer resistência contra aquela situação que claramente não estava ao seu favor. Tentou se soltar e fingir desmaio, mas quando nada funcionou contra o grande Kaoru Hanayama, o lado agressivo de [nome] surgiu.

— Ele é problema meu! Por que continua se envolvendo na minha vida? — esbravejou, visivelmente nervosa. [Nome] não conseguiu evitar, deixando uma de suas inúmeras dúvidas escapar.


Confusa, graças a influência de seus hormônios, sua personalidade tranquila foi usurpada pela raiva por não estar sendo ouvida. Aquele homem continuava fazendo o que bem entendesse em sua vida, aparecendo com o único intuito de deixá-la a cada dia mais próxima de perder sua sanidade mental. Impedindo-a de seguir em frente, longe da influência da Yakuza.

— Por que ele é um incômodo! — Hanayama admitiu, apertando instintivamente sua coxa com mais intensidade — Só de imaginar a presença daquele desgraçado aqui, atrapalhando a sua vida... [Nome], sinto meu sangue ferver.

— Hanayama, não consigo entender. Olha eu sei que você tem o seu senso de cavalheirismo, mas eu acho que isso pode estar tomando outras proporções. Eu o expulsei da minha vida ontem e nada o trará de volta, então não há necessidade de continuar se preocupando comigo. Além do mais, eu deveria ser uma pessoa que você deveria ter repulsa.

— Do que está falando?

— Eu fui alguma coisa para o seu rival por um tempo, não pega bem, mesmo que seja algo inevitável de você conseguir fazer. Sei que é um homem de princípios, entendi as suas intenções assim Jun me contou a história por trás daquele troféu amassado. Entretanto, é bom dar um basta nessa história.

— [nome] — Hanayama ficou sem reação ao ouvir suas palavras, deixando que o corpo dela escapasse de seu domínio.
[Nome] aproveitou a liberdade dos braços de Hanayama para se distanciar do jovem Yakuza.

— Eu sinto muito por ter sido um fardo na sua vida — ela suspirou brevemente deixando o seu olhar cair — Prometo retribuir todas as suas gentilezas algum dia.

Hanayama sentiu sua respiração desregular quando a viu daquela forma, [nome] estava sofrendo outra vez por culpa de Takashi.

— Do que está falando? Fardo? [Nome] — Hanayama avançou contra ela, incrédulo com o que acabou de ouvir — O único fardo aqui é esse sentimento que continua te machucando e isso é inaceitável. Eu estou aqui por você, pouco me importa se era alguma coisa na vida daquele incompetente, isso ficará passado.

Outra vez, [nome] foi acolhida pelos braços dele, sentindo o cheiro de seu perfume contra a respiração pesada. [nome] escondeu seu rosto sobre o peitoral dele, lutando para reunir coragem para expulsá-lo de sua casa.

Ele não precisa se machucar por minha causa, preciso dar um basta nisso!”— [nome] pensava. Apesar de não saber se expressar bem, Hanayama tinha um bom coração, que [nome] acreditava merecer uma pessoa melhor.

— Hanayama, por favor, não complique mais as coisas — [nome] gaguejou ao tentar olhar em seus olhos, eles eram intensos demais naquele momento — Não precisa mais se preocupar comigo. Você pode procurar outra pessoa, existem várias mulheres incríveis por Tóquio.

A sombra de um YakuzaWhere stories live. Discover now