Capítulo 7

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 22 de maio de 2023

Nova Iorque

O meu corpo desceu e respirei fundo. Sentei-me devagar e olhei para aqueles olhos azuis. O Dr Highmore inclinou-se na minha direcção.

- Chegou a ser mãe, Camila?

- Não. Porque pergunta? - Atirei.

Ele sorriu brevemente.

- Estava muito feliz quando me falou disso. Penso que lhe traria muita felicidade, ter alguém para poder lutar todos os dias. Reaprender a amar. E esse também era o desejo da Lauren!

Eu entendi o que ele me dizia, porém... ela tinha morrido.

- Mas como?

- Acredito que irá encontrar uma forma. Até à próxima. - Despediu-se.

Engoli em seco. Uma forma...

- Adeus. - Limitei-me a dizer e saí do consultório.

Fui para casa e decidi entreter-me com livros. Há algum tempo que não lia nada. Jantei e o meu telemóvel começou a vibrar. Era Dinah.

- Mila, vamos sair? - Atirou toda animada.

Revirei os olhos.

- É no Terminal 5, vais amar! - Continuou.

- Ok, sua louca, já sei que não tenho escolha. Vou arranjar-me e vou lá ter. - Respondi.

Ela gargalhou.

- Esperamos por ti na entrada, até já! - Despediu-se e desligou.

Entrei no banho quente e a minha cabeça começou a pensar. Lauren tinha-me dito que queria ter um filho comigo, eu concordava plenamente com essa ideia. Todavia, ela morreu. O Dr Highmore, tinha razão... uma criança pode ajudar-me a ter mais amor à vida. Eu estava a matar-me aos poucos, essa era a realidade. Tinha uma válvula no coração. Bebia imenso e misturava álcool com medicação psiquiátrica. A minha única exigência era que a criança tivesse os meus traços e principalmente, os traços de Lauren. Mas como é que eu iria conseguir fazer uma coisa destas? Duas coisas passavam pela minha cabeça.

- Fertilização in vitro ou arranjar um homem muito parecido a ela. - Retorqui.

O meu corpo arrepiou-se. A última hipótese ressoava na minha cabeça, como uma luz divina.

- Onde raios eu vou arranjar a tua versão masculina? - Perguntei enquanto desligava a água.

Vesti um vestido preto, calcei uns scarpins escuros e maquilhei-me um pouco. Deixei o cabelo solto. Decidi chamar um Uber, pois já sabia que com elas é sempre a enfiar álcool pela goela abaixo.

Cheguei ao Terminal 5, saí do Uber e vi Dinah e Normani. Caminhei até elas, sorriam sem parar.

- Caralho, Mila! Estás muito linda! - Atirou Dinah.

Soltei a respiração.

- Vocês estão fantásticas. - Comentei.

Entrámos e sentámo-nos nos bancos junto ao balcão. Elas começaram a pedir cervejas.

- Gente, eu preciso de falar convosco. - Comecei.

As meninas olharam imediatamente para mim.

- Vocês sabem que nós queríamos muito ter um filho, certo?

- Sim. Mas como vais fazer isso agora? - Atirou Normani.

- Da forma natural ou in vitro. - Respondeu Dinah.

Suspirei profundamente.

- Eu não sei se consigo da forma natural. Ponto um, não gosto de homens. Ponto dois, não a vou trair. Ponto três, onde vou arranjar um homem igual a ela? - Expliquei.

Volta Para MimWhere stories live. Discover now