O início do fogo cruzado

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(n/a: passando pra lembrar que isso aqui é uma fic e vou colocar muitas coisas diferentes do que aconteceram no BBB até agr)

No silêncio da noite, as mulheres recolheram-se para dormir, mas Fernanda permaneceu acordada, lamentando-se por não ter mais créditos para acordar os outros brothers. Seus pensamentos fervilhavam e o sono teimava em não chegar. Sem alternativas, deitou-se e contemplou o teto do quarto, enquanto sua mente divagava sobre o primeiro dia do programa com os primeiros participantes.

Como de praxe, os participantes entravam na casa um por um, aguardando a chegada dos demais. Por ironia do destino, Fernanda foi a primeira. Participar no Big Brother era um sonho para ela, mas estava determinada a encarar a experiência com seriedade e foco na vitória.

Momentos de distração vieram enquanto sorria diante da beleza da casa e escolhia seu quarto. O quarto "Magia" parecia excessivamente brilhante, enquanto o "Fadas" era demasiadamente colorido. Foi nos "Gnomos" que encontrou seu refúgio. Sem hesitação, acomodou suas malas e dirigiu-se ao jardim. Sabia que, sendo a primeira, era seu papel receber os demais participantes, embora sua natureza introvertida tornasse a tarefa desafiadora. Fernanda respirou fundo e focou em manter o seu propósito, mas tudo estava prestes a ir por água abaixo no instante que a próxima participante cruzou a porta.

S/n, ao entrar, mostrou uma reação oposta à de Fernanda, expressando entusiasmo e extroversão.

"Eu entrei!" A garota gritou, caindo de joelhos. "Eu não acredito que eu entrei, isso é tão surreal", disse s/n, chegando até a rolar na grama, alegando que era sintética.

"Oi, eu sou Fernanda", cumprimentou Fernanda, contendo o riso, enquanto s/n, envergonhada, deu um susto.

"Você viu..."

"Tá tudo bem", Fernanda decidiu ignorar completamente aquilo, pelo bem da outra mulher.

"Eu... sou s/n", a garota falou ainda com resquícios de timidez. "Você já viu a casa?"

"Sim, é bem bonita", respondeu Fernanda, mediante o clima estranho.

"Eu vou lá", s/n disse por fim, caminhando em direção à casa, enquanto Fernanda permanecia fazendo vigia na porta do jardim.

Apesar do início tímido, s/n decidiu dar uma chance a Fernanda e escolheu o mesmo quarto. Talvez o universo ou a produção quisessem aquilo. Pensando sobre isso, s/n resolveu voltar lá fora e dar outra chance a Fernanda. Ela sentia que as duas iriam conversar e se tornar grandes amigas. Entretanto, no instante em que estavam no jardim, s/n pôde perceber a presença de outra pessoa conversando com Fernanda.

Ela estreitou os olhos e pareceu reconhecer aquele homem de alguma das revistas da época de sua mãe. Mas conhecer aquele homem era o de menos, já que o assunto que os dois se tratavam naquele momento era justamente s/n.

"Alguém mais na casa?" - Rodriguinho perguntou para Fernanda.

"Tem, mas eu não fui muito com a cara dela."

"Por quê?"  O homem perguntou, tentando segurar o riso.

Fernanda não hesitou em expressar suas primeiras impressões e disse sem perceber a proximidade de outra mulher.

"Cara, ela é daquelas que finge que é maluquinha, sabe? A garota entrou aqui rolando na grama, ela tem aquele jogo de quem finge de maluca. Tinha que sair daqui para o manicômio. Garota estranha" 

"Então eu sou maluca?" - perguntou S/n, com um tom de desafio misturado com incredulidade.

"Você não ouviu tudo que eu disse?" questionou Fernanda, mantendo um tom de desafio em sua voz.

"Você não sabia que eu ficaria na casa o tempo todo?" retrucou S/n, sua expressão carregada de indignação e decepção.

Fernanda sustentou o olhar de S/n com determinação, sem mostrar sinais de fraqueza. Ela não iria voltar atrás.

"Sim, eu sabia e não vou voltar atrás, minhas palavras foram ditas com sinceridade. Eu já entendi tudo e, se esse é o seu jogo, tá tudo bem", respondeu Fernanda, sua voz mantendo a firmeza.

As palavras de Fernanda ecoaram no jardim, deixando um silêncio desconfortável pairar sobre o ambiente. Rodriguinho observava a troca de farpas entre as duas, sem acreditar que já estava tendo uma briga em menos cinco minutos de programa.

"Então você realmente acha que meu jogo é ser maluca?" perguntou S/n, sua voz tremendo de emoção.

Fernanda manteve sua postura, sem recuar.

"Ou é isso ou você é realmente maluca e confundiu o Big Brother com um hospício", rebateu Fernanda, mantendo seu pulso firme na discussão. "Cara, você rolou naquela maldita grama."

S/n sentiu-se magoada e desrespeitada pelas palavras de Fernanda. Seu rosto expressava uma mistura de tristeza e raiva.

"E quem é você pra julgar a reação dos outros, Fernanda? Melhor fazer o que eu fiz do que ser um maldito robô igual você. Eu tô na casa mais vigiada do Brasil, é meu direito agir com entusiasmo e alegria", desabafou S/n, deixando transparecer sua frustração.

Fernanda permaneceu em silêncio por um momento, ponderando suas próximas palavras.

"Você tem todo o seu direito, mas eu não vim aqui para agradar ninguém, S/n. Apenas para ser eu mesma e jogar o jogo. E se isso me incomoda, eu vou falar", afirmou Fernanda, mantendo sua posição com determinação.

"Já entendi, você é uma mal amada", S/n disse com desdém, atingindo o ponto fraco de Fernanda.

"Vamos nos acalmar?" Rodriguinho se manifestou totalmente perdido a respeito da situação.

"Essa é a sua opinião e eu respeito, mas eu não te aconselharia dizer essas coisas pra mim. Você não queira ser a minha inimiga", advertiu Fernanda, mantendo a calma apesar do turbilhão de emoções.

"Não é questão de querer, Fernanda. A partir do momento que você falou nas minhas costas sem nem conhecer a minha história, já se tornou a minha inimiga número 1", declarou S/n, sua voz carregada de determinação.

Quando ela estava prestes a fazer a sua saída dramática, a chegada de uma nova participante fez as duas mulheres suspenderem a discussão. Beatriz entrava na casa mais eufórica que a própria S/n. Naquele momento, Fernanda  teve a certeza de que iria surtar em menos de um dia naquele programa.

Após mais de sessenta dias de confinamento, no silêncio do quarto, ao lado de Pitel, Fernanda contemplava o teto. Um sorriso se desenhava em seus lábios, contrastando com a turbulência que fora o início do programa. Por um instante fugaz, a imagem da expressão furiosa de S/n na primeira discussão cruzou sua mente. Fernanda poderia até jurar que estava se divertindo com a desventura alheia, mas seu sorriso ocultava algo mais profundo, algo que nem ela mesma compreendia ainda.

Hidden Games  (Fernanda Bande/You)Where stories live. Discover now