Labirintos em falso

1.5K 175 9
                                    

O reality show já estava a todo vapor, e a tensão entre os participantes era palpável, especialmente após a surpreendente reviravolta no domingo. Com Pitel, Cunhã e Davi no paredão, as alianças e estratégias começavam a se desenhar mais claramente, colocando a casa em um verdadeiro estado de alerta.

Pitel estava visivelmente abalada com sua indicação ao paredão. Ela sabia que, para permanecer na casa, precisaria mobilizar todos os seus aliados e talvez até criar novas alianças. Enquanto isso, Cunhã se mostrava mais reservada, calculando suas chances e tentando manter uma postura de tranquilidade para não demonstrar suas preocupações.

Davi, por outro lado, mantinha uma confiança quase inabalável. Ele sabia que sua presença na casa causava divisões, mas também contava com um grupo fiel de apoiadores que poderiam garantir sua permanência. Afinal, ele era um dos competidores mais estratégicos, sempre pronto para jogar.

Ali, assim que todos defenderam sua permanência no programa e Tadeu tinha ido embora, Pitel se levantou e caminhou até o jardim. Ela tentava esconder ao máximo que queria chorar. Era logicamente provável que ela sairia naquele paredão, principalmente por estar rodeada de aliados.

Ali, sob o céu estrelado que parecia observar com atenção cada movimento dentro daquela casa repleta de câmeras, Pitel encontrava um raro momento de paz, apesar da tempestade emocional que a cercava. O jardim, com sua grama artificial que de alguma forma ainda conseguia transmitir uma sensação de conexão com a natureza, era seu refúgio temporário das pressões do jogo.

A presença ao seu lado, suave e reconfortante, não precisava de identificação. Fernanda, conhecendo tão bem as inseguranças e medos de Pitel, escolheu um método único para oferecer seu apoio — uma canção que falava de sonhos, persistência, e a beleza de continuar lutando apesar das adversidades do grande Milton Nascimento.

"Mas é preciso ter força, é preciso ter graça, é preciso ter sonho sempre. Quem traz na pele essa marca possui a estranha mania de ter fé na vida," Fernanda continuou, sua voz carregando cada palavra com uma emoção crua, desafiando sua habitual desafinação. A música, uma ode à resiliência, parecia perfeitamente escolhida para o momento, simbolizando a jornada não apenas de Pitel, mas de todos dentro da competição.

Pitel virou-se para encarar Fernanda, os olhos ainda úmidos pelas lágrimas teimosas que lutava para conter. "Como você sempre sabe?" ela perguntou, um meio sorriso se formando em seus lábios.

"Eu não sei," Fernanda respondeu honestamente, "mas eu sei que, não importa o que aconteça, a gente tem que manter a fé. Fé na vida, fé na gente. E eu tenho fé em você, Pitel. Independente de tudo. A gente vai fazer dar certo"

As palavras de Fernanda pareciam ecoar na noite, misturando-se à melodia que ainda dançava ao redor delas. Era um momento de vulnerabilidade e força, compartilhado entre duas amigas que, embora estivessem em uma competição, lembravam-se do valor inestimável da conexão humana e da amizade.

Pitel se aproximou olhando fixamente pra amiga, enquanto segurava o rosto de Fernanda que parecia prestar atenção para os vestígios de sentimento da mulher a sua frente

"Se a gente não fizer dar certo aqui dentro, a gente vai fazer dar certo lá fora. Não importa como, mas a gente vai dar certo juntas. Você me promete?" Fernanda assentiu, enquanto abraçava a amiga pra tirar toda a dor internalizada.

"Eu vou me mudar pra Maceió" Fernanda disse abafada pelo abraço.

"Ou eu vou pro Rio de Janeiro"

"Eu te amo" Fernanda disse apertando mais o abraço.

"Eu também te amo"

Pitel, finalmente permitindo-se sentir totalmente o peso daquele gesto, deixou as lágrimas rolarem livremente. Naquele espaço seguro ao lado de Fernanda, sob o manto da noite e embaladas por uma canção de esperança, ela encontrou a força para enfrentar o que viesse a seguir.

Hidden Games  (Fernanda Bande/You)Where stories live. Discover now