2

69 11 10
                                    

Entre cartas e mais cartas, os meninos fortaleceram a relação tal qual amigos que se veem todos os dias.
Tulinho encontrou em Julio um melhor amigo, aquela pessoa para quem podia contar como foi seu dia e como estava se sentindo.
E apesar de reclamar nas cartas que Tulinho escrevia muito, Julinho fazia questão de separar um tempo apenas para ler a carta do amigo, brigando com a irmã mais velha quando ela fazia muito barulho, o impedindo de se concentrar nas palavras escritas com a letra bonita de Tulinho.
Jussara até havia comprado um caderno novo para o menino, visto que ele havia gastado a maioria de suas folhas conversando com o amigo.
— Filho, preciso falar com você — a mãe de Tulinho entra no quarto do garoto como um furacão.
— Oi, mãe — Tulinho cumprimenta, se virando na cadeira.
Estava debruçado na mesa de estudos, o papel em branco apenas esperando receber o que o ruivo diria ao amigo naquele dia.
— Seu aniversário tá chegando, esqueceu? Temos que começar a planejar sua festinha, amor
— Ah é, já tinha me esquecido mesmo — deu um sorriso falso, nem um pouco animado com aquela festa — Mãe... será que... hum, será que minha festa de aniversário pode ser aqui em casa mesmo?
— Aqui? — a mãe estranhou.
— É, aqui em casa
— Ta, mas por que isso agora?
— Eu não quero uma festa gigante, queria uma coisa simples, com poucos amigos
A mãe deu risada.
— Coisa simples — ela repetiu como se fosse uma piada — Ai, meu filho, você parece até a Jussara falando assim. Olha pra mamãe, a gente não faz coisa simples, filho. Temos dinheiro para bancar qualquer grande festa
— Mas eu que não quero uma grande festa, não quero chamar muita gente
— Ta, vamos fazer uma simulação de quem vamos convidar e vemos o tamanho dessa festa — ela levantou os dedos, começando a contar — O filho da Judith, os dois da Paula, o Otávio, a Maria Julia da sua escola, a mãe dela faz as unhas no mesmo salão que eu, não posso deixar de chamar...
— Mãe, eu não quero nenhuma dessas pessoas no meu aniversário
— Como não, Tulio? São seus amigos
— Eles não são meus amigos — falou cansado.
Já começando a ficar irritada, Renata se senta na beira da cama do menino, cruzando as pernas.
— Então quem você quer convidar?
— O Julinho
— Quem é Jul... o filho da Jussara? — ela fez uma careta.
— É
— Aquele garotinho mal-educado? Sério, filho?
— Ele é meu amigo de verdade, mãe
— Vocês só se viram por uma semana, Tulio — argumentou a mãe.
Tulio suspirou baixinho, contando até dez.
Já havia comentado inúmeras vezes com a mãe que ele e Julinho trocavam cartas, mas, como sempre, foi ignorado.
A única pessoa adulta, depois de Jussara, que sabia disso e conversavam sobre era a psicóloga que incentivava a amizade dos meninos, vendo que era uma coisa que fazia Tulinho se sentir bem e à vontade.
— Mãe, eu só quero o Julinho na minha festa de aniversário
A mãe suspirou nervosa, sentia as mãos trêmulas.
— Tudo bem, meu filho. Podemos levar vocês ao parque de diversões ou algo assim, pode ser?
Tulinho logo se animou com a possibilidade de ver o amigo e se divertirem juntos.
— Pode!! — assentiu veementemente.
— Vou conversar com seu pai sobre e, dependendo do que decidirmos, falamos com a Jussara — respondeu já se levantando para sair do quarto.
— Ah, mãe... — Tulinho a chamou quando ela já estava próxima da porta — O Julinho pode dormir aqui em casa nesse dia, também?
— Viu ver, Tulio, eu vou ver... — coçou a testa, saindo rapidamente do quarto.
O garoto, já animado com a ideia, pegou a caneta e começou a escrever para o amigo.

O garoto, já animado com a ideia, pegou a caneta e começou a escrever para o amigo

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.
ALGO PARECIDOWhere stories live. Discover now