[dimauryverso]
Onde Julinho, após ser suspenso da escola, precisa passar uma semana indo com a mãe para o trabalho.
Ou onde Tulinho se anima com a possibilidade de um novo amigo.
"Vocês só podem ir até o final da rua e voltar".
Entre cartas e mais cartas, os meninos fortaleceram a relação tal qual amigos que se veem todos os dias. Tulinho encontrou em Julio um melhor amigo, aquela pessoa para quem podia contar como foi seu dia e como estava se sentindo. E apesar de reclamar nas cartas que Tulinho escrevia muito, Julinho fazia questão de separar um tempo apenas para ler a carta do amigo, brigando com a irmã mais velha quando ela fazia muito barulho, o impedindo de se concentrar nas palavras escritas com a letra bonita de Tulinho. Jussara até havia comprado um caderno novo para o menino, visto que ele havia gastado a maioria de suas folhas conversando com o amigo. — Filho, preciso falar com você — a mãe de Tulinho entra no quarto do garoto como um furacão. — Oi, mãe — Tulinho cumprimenta, se virando na cadeira. Estava debruçado na mesa de estudos, o papel em branco apenas esperando receber o que o ruivo diria ao amigo naquele dia. — Seu aniversário tá chegando, esqueceu? Temos que começar a planejar sua festinha, amor — Ah é, já tinha me esquecido mesmo — deu um sorriso falso, nem um pouco animado com aquela festa — Mãe... será que... hum, será que minha festa de aniversário pode ser aqui em casa mesmo? — Aqui? — a mãe estranhou. — É, aqui em casa — Ta, mas por que isso agora? — Eu não quero uma festa gigante, queria uma coisa simples, com poucos amigos A mãe deu risada. — Coisa simples — ela repetiu como se fosse uma piada — Ai, meu filho, você parece até a Jussara falando assim. Olha pra mamãe, a gente não faz coisa simples, filho. Temos dinheiro para bancar qualquer grande festa — Mas eu que não quero uma grande festa, não quero chamar muita gente — Ta, vamos fazer uma simulação de quem vamos convidar e vemos o tamanho dessa festa — ela levantou os dedos, começando a contar — O filho da Judith, os dois da Paula, o Otávio, a Maria Julia da sua escola, a mãe dela faz as unhas no mesmo salão que eu, não posso deixar de chamar... — Mãe, eu não quero nenhuma dessas pessoas no meu aniversário — Como não, Tulio? São seus amigos — Eles não são meus amigos — falou cansado. Já começando a ficar irritada, Renata se senta na beira da cama do menino, cruzando as pernas. — Então quem você quer convidar? — O Julinho — Quem é Jul... o filho da Jussara? — ela fez uma careta. — É — Aquele garotinho mal-educado? Sério, filho? — Ele é meu amigo de verdade, mãe — Vocês só se viram por uma semana, Tulio — argumentou a mãe. Tulio suspirou baixinho, contando até dez. Já havia comentado inúmeras vezes com a mãe que ele e Julinho trocavam cartas, mas, como sempre, foi ignorado. A única pessoa adulta, depois de Jussara, que sabia disso e conversavam sobre era a psicóloga que incentivava a amizade dos meninos, vendo que era uma coisa que fazia Tulinho se sentir bem e à vontade. — Mãe, eu só quero o Julinho na minha festa de aniversário A mãe suspirou nervosa, sentia as mãos trêmulas. — Tudo bem, meu filho. Podemos levar vocês ao parque de diversões ou algo assim, pode ser? Tulinho logo se animou com a possibilidade de ver o amigo e se divertirem juntos. — Pode!! — assentiu veementemente. — Vou conversar com seu pai sobre e, dependendo do que decidirmos, falamos com a Jussara — respondeu já se levantando para sair do quarto. — Ah, mãe... — Tulinho a chamou quando ela já estava próxima da porta — O Julinho pode dormir aqui em casa nesse dia, também? — Viu ver, Tulio, eu vou ver... — coçou a testa, saindo rapidamente do quarto. O garoto, já animado com a ideia, pegou a caneta e começou a escrever para o amigo.
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