[dimauryverso]
Onde Julinho, após ser suspenso da escola, precisa passar uma semana indo com a mãe para o trabalho.
Ou onde Tulinho se anima com a possibilidade de um novo amigo.
"Vocês só podem ir até o final da rua e voltar".
Conversar praticamente todos os dias pelas redes sociais era algo muito comum para Julinho e Tulinho, mas não aquele dia. Um dia após o beijinho na frente da casa de Tulio, a única mensagem que trocaram foi Julinho avisando que havia chegado bem em casa. Tulinho estava morrendo de vergonha de dizer algo e Julinho não sabia como reagir. Se sentia um pouco culpado por ter gostado do que fizeram na noite anterior. — Que droga! — Julio resmungou, mordendo a tampa da caneta. — Que foi, gato? — Martinha franziu a testa, estranhando o amigo falando sozinho. — Sei lá, fiz uma coisa que não deveria ter feito — E? Qual foi, Julinho, desde quando chorar pelo leite derramado resolve? — Não é isso, o problema é que eu gostei de ter feito o que fiz — Cara, e por que tu tá pilhado? — Não sei como reagir, não sei como a outra pessoa se sente sobre isso — Ah, então tem outra pessoa? Quem é? Qual o nome dela? — Não vou te contar, né? Tu é fofoqueira Martinha deu risada. — Vou fingir que tu não disse isso e vou perguntar outra vez. Me conta, quem é? Julinho pensou por alguns instantes e se deu por vencido. Martinha vivia lendo livros bobos de romance, talvez soubesse um pouco sobre corações balançados. — Ta, no recreio eu te conto Assim que o sinal tocou, Martinha pulou da cadeira, ficando de pé na frente de Julinho, que fechava o caderno e guardava a caneta mordida na bolsa com uma tranquilidade que irritou a garota. Julinho olhou para ela, com uma expressão confusa no rosto. — O que é? — Conta! — Sai, Martinha, eu tô com fome — Eu vou me morder de curiosidade, Julinho. Conta logo! Ele se levantou, fazendo a jovem ter que inclinar o pescoço para olhá-lo. — Eu vou pegar o que tiver na cantina e depois venho pra cá e te conto, não quero ninguém ouvindo — Pega pra mim também? — Martinha pediu quando Julinho passou por ela, indo em direção à porta. — Não — ele respondeu. Martinha teve que ir até a cantina pegar o que estava sendo servido e colou no amigo, sabendo que ele tinha as manhas para furar fila, pegar sua comida e até repetir, se quisesse. Pegaram seus pratos e andaram furtivamente até a sala de aula, tendo certa privacidade. — Ta, agora tu tem tua comida, tem privacidade e eu sou todo ouvidos. Me conta! — Ta — ele deu mais uma colherada no strogonoff — Tu lembra do meu amigo, o Tulinho? — O riquinho metido à besta? — Faz um favorzinho pra mim e engole suas palavras junto com a tua comida? Tu sabe que eu não gosto que falem assim dele, tu nunca nem conheceu ele — Ta, Julinho, prossiga — Martinha revirou os olhos. Realmente, nunca havia conhecido Tulinho pessoalmente e não achava ele metido à besta, mesmo sabendo que ele era riquinho mesmo. Só falava aquilo para irritar Julinho. — A gente é amigo faz mó tempão e tal, nunca tinha pensado nele de outro jeito, mas... — ele pausou. — Mas... — Marta incentivou. — Ontem eu fui numa social com um pessoal metido a besta — Esse nem é seu tipo de rolê, mano — Martinha riu. — Não é, mas eu fui porque não via ele faz mó tempo e queria conhecer as pessoas que ele é amigo — Ta e aí? — E aí que ele beijou um amigo dele lá e eu não gostei, também beijei uma amiga dele e não gostei, me senti esquisito com ele assistindo. Depois fui deixar ele em casa e a gente deu um selinho e tipo... eu queria mais, ta ligada? Mas eu sei que não posso querer isso porque ele é meu amigo, porra — E tu, por um acaso, beija teus inimigos? — Não, né? Meu Deus, que pergunta — Julinho estranhou. — E por que é errado querer beijar teu amigo? — Ele é meu melhor amigo e faz anos, não sei se é certo — Pera aí, tu não tá pensando isso só porque ele é homem, né? — Claro que não, Marta — Julinho revirou os olhos — Eu não posso gostar de meninos também? — Calma aí, não é isso que eu to falando, eu só não sabia que tu era bi — Eu não gosto de ficar rotulando. Não é mais simples só gostar? — Ai, olha, essa conversa tá indo pra outro rumo. Vamos voltar e focar na parte de ti com o Tulinho — Ta, eu e o Tulinho — Por que tu acha errado? — Não é que eu ache errado, é só que... eu não sei o que o Tulio acha disso e eu não quero que nossa amizade acabe só porque eu queria dar um beijo nele Martinha deu uma risada, entendendo a situação. — Tá ligado que tu não quer só dar um beijo nele, né? — O que? — Tu nunca gostou de alguém antes, Julio? — Não, não faço nem ideia de como é — Bom, agora tu tá sabendo — Tu ta tirando com a minha cara, Marta — Juro que não, Julinho. Tu ta claramente gostando do teu amigo O garoto passou a mão pela nuca, meio desacreditado daquele papo, mas no fundo sabendo que era verdade. — Como tu pode ter tanta certeza? — Fala pra mim: o que tu sentiu quando viu ele beijando outro? — Não gostei, ue — ele deu de ombros — Tive vontade de tirar ele dali, mas era o momento dele, sabe? — E o que mais? Julinho se remexeu desconfortável na cadeira. Queria dizer que sua vontade era tirar Bruno dali, tomar Tulinho em seus braços e ser a pessoa com quem ele deu o primeiro beijo. Queria verdadeiramente sentir melhor os lábios do ruivo nos seus, queria ser delicado, ver os lábios de Tulio ficarem vermelhos após o beijo. — Ah, é basicamente isso, mano. Não gostei de ver ele com outra pessoa — foi o que Julinho decidiu dizer pois, apesar de Marta o estar ajudando, não achava certo sair falando as coisas de Tulio assim. — Mas Julio, você também beijou a amiga dele, né? Golpe trocado não dói — Eu beijei por beijar, foi só um beijo que eu nem senti nada — E o teu beijo com o Tulio? Julinho pensou por alguns instantes antes de responder. — Foi só um selinho e foi muito rápido, mas eu queria mais... Não conseguiu dizer o que realmente pensava, era algo muito íntimo e guardado à sete chaves só para Tulio. — Só isso? — Eu não quero ficar falando muito, Marta, meu estômago tá embrulhado — Você tá apaixonadinho — ela afinou a voz, causando estranhamento em Julio. — E agora, o que eu faço? — Fala pra ele, bobo — E se ele não gostar de mim do mesmo jeito? Vou perder meu amigo? Martinha deu de ombros. — Isso eu não tenho como saber, cara — Tu não tá ajudando, Martinha — Meu filho, os sentimentos do teu amigo não são do meu controle, não sei se tu percebeu A garota pensou por alguns instantes antes de olhar para Julio com uma cara meio assustadora. — O que? — E se tu fizer ciúmes no seu amigo? — O Tulinho não faz o tipo amigo ciumento, esquece — Ciúme de amigo não, mas e ciúme de namorado? — Tu nem falou ainda, mas já achei esse um péssimo plano — Julinho, é genial — se defendeu — Tu fala de alguém pra ele, como namorada ou como ficante séria, sabe? Só pra ver como ele vai reagir — E como eu vou saber que ele tá com ciúme? Martinha suspirou. — Tu conhece ele faz tempo e não sabe ler as reações do teu próprio amigo? — Já falei, ele não é ciumento, então eu não sei como ele é quando tá com ciúme de alguma parada A garota coçou a testa, pensando. — Só tem um jeito — E qual é? — Eu vou ter que ir junto — sorriu. — Ah tá, não vai estar rolando — Julinho semicerrou os olhos, dando um sorriso falso. — Pensa melhor, cara. A festa de fim do ano dos alunos tá chegando, chama o teu amigo e a gente fica de chamego na frente dele — Que ideia esquisita — Faz alguma coisa que tu não costuma fazer, algo que deixe ele com mil pulgas atrás da orelha — Tipo? — Tipo... carinho. Tu não é muito de contato físico, né? — Ta, mas não sei se o Tulinho vai vir, a mãe dele não deixa ele vir pra cá — Dá teu jeito, eu já dei a ideia, cuida do resto aí — deu de ombros. Julinho suspirou, ainda confuso com muita coisa. Gostava mesmo de Tulinho ou era só coisa da cabeça da Martinha? E como levaria aquela ideia a sério? Balançou a cabeça, tentando afastar os pensamentos, depois pensaria nisso.
¡Ay! Esta imagen no sigue nuestras pautas de contenido. Para continuar la publicación, intente quitarla o subir otra.
¡Ay! Esta imagen no sigue nuestras pautas de contenido. Para continuar la publicación, intente quitarla o subir otra.
¡Ay! Esta imagen no sigue nuestras pautas de contenido. Para continuar la publicación, intente quitarla o subir otra.
¡Ay! Esta imagen no sigue nuestras pautas de contenido. Para continuar la publicación, intente quitarla o subir otra.