Cap 32 - Planos

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Juliano:

Agente Sawyer, trinta e oito anos, atualmente solteiro, sorriso galanteador, paquerador e igualmente careca. Esses são as características gerais do agente que está desmaiado no porta-malas do meu carro. As roupas serviram direitinho.

A DGSE é tipo o FBI francês, o agente foi escolhido a dedo por ter sido mandado para outro país há anos, então, assumir a identidade dele é mais fácil. E ele ser careca como eu, ajuda bastante.

Minha missão é: Pegar as anotações da perícia feita no carro.

A agende Ellis, como está escrito em seu crachá, me leva até o elevador. Assim que entramos, ela aperta o primeiro botão da parte de baixo. A sala é subterrânea.

— Fiquei curiosa quando soube que viria um agente pegar os arquivos sobre o acidente com o carro da Mendonça. — Ela balbucia sem me olhar. — Achei que esse caso tivesse sido encerrado.

— É, mas foi reaberto. — Sou econômico nas palavras, assim como ela, encaro as portas de aço.

— Por que esse caso está nas mãos de um agente da DGSE? — Abro a boca para responder, mas paro e penso no que o verdadeiro agente Sawyer responderia, baseando-me no que já sabemos sobre ele. Assim, mudo drasticamente minha atitude.

— Não é óbvio? — Solto um sorriso sarcástico. — Esses ricaços não querem seus casos nas mãos da polícia comum. Ainda mais se houve suspeita de assassinato.

— É, tem razão. — Assim que ela acaba de dizer, as portas se abrem e tudo que consigo ver é um longo e estreito corredor escuro. — Fique atrás de mim.

— Por que ainda colocamos os casos arquivados aqui? — Noto ela dar de ombros. — Apenas os casos mais antigos são colocados aqui, os que ainda são em papel. Eu realmente não sei porque o caso dos Mendonça não foi computadorizado.

— Tenho uma ideia do porquê. — Murmuro baixo, para mim mesmo. Ela não me escuta, apenas continua a andar até a última porta do corredor.

— É aqui. — A agente enfia a chave na porta e gira a maçaneta. A porta se abre com dificuldade, rangendo e arrastando no chão. Percebo que há marcas da porta no piso, parecem recentes.

— Vocês costumam vir aqui com frequência?

— Não. Ninguém desce aqui em baixo há anos. A última vez foi para arquivar o caso dos Mendonça.

A agente se move no meio de várias estantes que vão do piso ao teto, há várias caixas empilhadas nas prateleiras, todas com um aviso de "PROVAS CONFIDENCIAIS". Assim que ela para, aponta para uma caixa no alto.

— É aquela. — Me estico para pegar a caixa, e com um pouco de dificuldade, consigo.

A caixa é leve, não parece haver muita coisa nela.

Coloco a caixa no chão e abro a tampa, o que eu vejo faz minhas mãos tremerem... Eu suspeitei.

— Onde foram parar os arquivos? — A agente ofega, olhando-me assustada.

Coloco a mão sobre o ponto no ouvido, dando a má notícia para minha irmã.

— Lola, ela chegou antes. As provas sumiram.

Marília Mendonça:

A primeira coisa que eu vejo ao abrir os olhos é a mão de Maraisa dedilhando meu abdômen.

Seu olhar está vidrado em sua mão, mas sinto que seus pensamentos estão longe.

O famoso V entre as sobrancelhas também está presente, o que significa que ela está preocupada.

Levo minha mão para suas costas, acariciando-as. Maraisa não diz nada, mas se aninha mais ao meu peito. Sua respiração bate compassadamente contra a pele do meu pescoço e seus lábios beijam castamente o mesmo local.

Eu não quero sair daqui. Não quero que levantemos. Não quero nem me mover.

Eu simplesmente amo essas manhãs em que não dizemos nada e apenas aproveitamos a companhia uma da outra.

Mesmo no meio de um problemão, é incrível a paz que ela me traz, a serenidade, a tranquilidade... É como se não existisse nada que pudesse acabar com isso, como se os problemas do mundo não existissem, é uma puta bolha maravilhosa que odeio quando estoura.

— O que vamos fazer quando o problema for resolvido? — Ela murmura. Sua voz sai tão baixa que é quase um sussurro. — Eu estava pensando que poderíamos aproveitar a França aqui perto e irmos para Paris.

— A cidade do amor.... Eu só consigo pensar nos ratos e na sujeira. — Resmungo.

— Não estraga a fanfic que eu fiz na minha cabeça, Marília. — Sorrio e beijo sua testa. Maraisa levanta seu rosto, seus olhos estão sérios, mas consigo ver um sorrisinho nos cantos dos lábios. — Nós poderíamos comprar aqueles cadeados com nossas iniciais e trancar na ponte dos cadeados.

— E andarmos naqueles barquinhos de madeira no rio Sena? — Ela sorri, assentindo. — Poderíamos fechar a Torre Eiffel só para nós.

— Podemos fazer isso?

— Acho que não, mas podemos tentar. — Maraisa franze a sobrancelha. — O que foi?

— Meu pai já fechou o Cristo Redentor para levar minha mãe. — Ela murmura. — Acho que podemos fechar a Torre Eiffel.

— Acho que a França é um pouco mais burocrática do que o Brasil, meu amor.

— Acho que tem razão. — Ela suspira. — Mas não custa tentar.

— Tenho um lugar perfeito para levá-la lá na França. É meu lugar favorito no mundo. — Maraisa não diz nada, mas seus olhos transmitem curiosidade. — Fica nos Vosges, é uma cadeia de montanhas, tenho um chalé lá. — Minha voz sai mais rouca. Continuo alisando as costas de Maraisa enquanto encaro o teto, lembrando-me da sensação de estar lá. — As folhas das árvores são verdes e algumas vermelhas, às vezes as nuvens descem, ficando bem no meio das montanhas. É simplesmente perfeito acordar lá.

— Parece ser bem melhor que Paris. — Sorriso, assentindo.

— Podemos ficar peladas o dia todo.

— É com certeza melhor do que Paris.

O restante da manhã foi assim.

Eu e Maraisa discutindo sobre o que faremos depois de tudo isso, nem sabemos se vai dar certo, mas é reconfortante pensar que vai, porque pelo menos, assim, ainda mantemos a esperança.

Margarida:

— A Maraisa não vai gostar disso. — Alexsandro apenas assente, dando de ombros.

— Não há outro jeito. — Ele joga a arma sobre a mesa de centro. — Ela não tem nada a ver com o problema da Mendonça, não vou colocar minha garotinha em risco.

— Ela não é mais uma garotinha, Alexsandro. — Protesto. — Ela tem o direito de escolher se vai ou não.

— Margarita, o que estamos indo fazer é perigoso, Marco me mataria se soubesse que coloquei a filha dele nisso.

— Ela nos pediu ajuda.

— E vamos ajudar. Mas se for para dar merda, que seja apenas com a Mendonça, não com ela. — Ele diz por fim. Eu sei que não há como contradizer. Ele não vai mudar de ideia. — Coloque a Maraisa no primeiro avião para a Rússia, Ivan estará esperando ela. Chame Marília, precisamos começar a preparar o plano.

— Um sequestro não é tão difícil assim, meu amor. — Me apoio na mesa.

— Não é um sequestro simples, é uma armadilha. Se a garota está viva, ela irá atrás dos pais.

— E o que faremos quando tivermos todos? Não podemos entregá-los para a polícia. Vão prender a Marília por compactuar com a máfia. — Alexsandro sorri diabolicamente. Parece que o Diabo voltou.

— Quem falou em entregá-los? — Ele se aproxima de mim e segura meu queixo delicadamente com a ponta dos dedos e me beija... — Mataremos todos.

My Father's Partner - Malila | Gp Onde histórias criam vida. Descubra agora