Cap 38 - Porão abandonado

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Maraisa Pereira:

Acorda. 
Ei! 

Abro os olhos com certa dificuldade. O cheiro de mofo e de madeira podre faz meu estômago revirar. 

— Ela acordou. — Pisco os olhos diversas vezes tentando me acostumar com a luz do abajur que enfiaram bem no meu rosto. 

Assim que minhas vistas se acostumam, não me impressiono ao ver o pai de Marília sentado há alguns metros de mim. Seu rosto está contorcido em uma raiva que ele tenta disfarçar. 

Sem me abalar com sua presença, rolo os olhos pelo ambiente. Uma pequena janela no alto da parede de madeira, aonde a luz do sol passa com dificuldade, me faz acreditar que seja um porão. 

Tudo é madeira. 

O teto, o chão, as paredes. Porém, mesmo que esse lugar pareça abandonado, é enorme, provavelmente estamos sob uma casa muito grande. 

Sem que percebam, mexo-me na cadeira à qual estou amarrada e contraio o ventre. Tento não sorrir ao sentir o localizador que enfiei dentro da minha queridíssima vagina. 

Fico contente em ter feito isso, já que estou vestida com roupas que não foram às com qual saí de casa. Eles retiraram o coturno com o rastreador, algo que eu imaginei que fariam. 

Minhas mãos foram amarradas atrás da cadeira. Tento forçar e ver o qual bem fizeram o nó. Está apertado, mas consigo sentir a corda no meu pulso se forçar os dedos. É fácil cortá-las, mas com o que? 

Volto meus olhos para meu querido sogro e sorrio fraco ao notar o prendedor em sua gravata. O prendedor de gravata tem um formato de faca, consigo ver que sua ponta é afiada. Isso serviria bem para cortar as cordas. 

— Senhor Mendonça, é um prazer conhecê-lo finalmente. — Minhas palavras saem seguras e sem medo, de fato não estou. 

Eu confio que minha família italiana já sabe aonde estou e isso aqui vai ao chão em poucas horas. 

— Devo admitir que conhecer meu sogro nessas... circunstâncias... não estava nos meus planos. — Abro um sorriso digno de Oscar. 

— Você é uma insolente. — Ele se levanta e posso analisá-lo melhor. Mário Mendonça é alto, dá mesma altura da filha.

Minha namorada é uma cópia do pai, só que menos, bem menos, filha da puta. 

— Deveria ter deixado a Marília em paz quando foi avisada pela primeira vez. — Ele rosna, dando voltas ao meu redor. 

Como eu alcanço a gravata dele? 

Uma ideia passa pela minha cabeça e talvez seja a única chance que terei. 

Noto, há alguns metros de mim, um banheiro. 

Acho que é isso. 

— Eu preciso usar o banheiro. — Murmuro. Ele trava seus passos e me encara com ódio. — Ou me deixa usar a privada, ou eu mijo aqui mesmo. 

Por favor, me deixe ir. 

Me deixe ir... 

— Chame a Naiara. — Mário murmura para um dos homens cujo só senti a presença, deve estar atrás de mim. 

Após quase um minuto, uma voz feminina acompanha passos que rangem a madeira velha do chão. 

— Chamou, senhor? 

— Acompanhe a senhorita ao banheiro.— Controlo meus lábios para não sorrir com satisfação. 

Sinto as cordas serem afrouxadas nos meus pulsos, e assim que minhas mãos estão soltas, a mulher me puxa com brutalidade para cima, o que corrobora perfeitamente com a ceninha que irei causar agora. 

My Father's Partner - Malila | Gp Où les histoires vivent. Découvrez maintenant