Capítulo 56

187 20 6
                                    



A condição de Ray permanece inalterada. Vê-lo faz meus pés fincarem novamente no chão, após a emocionante viagem de carro até aqui. Eu realmente deveria dirigir com mais cuidado. Não dá para controlar todo motorista embriagado que existe no mundo.


Preciso perguntar a Simone o que
aconteceu com o babaca que provocou o acidente com Ray — tenho certeza de
que ela sabe. Apesar dos tubos, meu pai parece confortável, e acho que vejo um
pouco mais de cor nas suas faces.

Enquanto converso com ele, contando como foi minha manhã, Simone vai até a sala de espera para dar uns telefonemas.

A enfermeira Kellie se aproxima, verificando o estado de Ray e fazendo
anotações no prontuário dele.

(Kellie): Todos os sinais estão bons, Sra. Tebet. — Ela sorri amavelmente.

(Soraya): Isso é bem animador.

Um pouco mais tarde, o Dr. Crowe aparece com dois assistentes de enfermagem e diz cordialmente:

(Dr. Crowe): Sra. Tebet, está na hora de levar o seu pai para a radiologia. Vamos fazer uma tomografia computadorizada. Para ver como anda o cérebro dele.

(Soraya): Vai demorar

(Dr.Crowe): No máximo uma hora.

(Soraya): Vou esperar. Quero saber o resultado.

(Dr.crowe): É claro, Sra. Tebet.

Vou caminhando lentamente até a sala de espera — felizmente vazia a essa
hora —, onde Simone está falando ao telefone, andando de um lado para o
outro.


Enquanto fala, contempla pela janela a vista panorâmica de Portland. Ela se volta para mim quando fecho a porta, e parece zangada.



(Simone):Excedeu em quanto a velocidade?… Entendo… Todas as acusações, tudo. O pai da Soraya está na UTI. Quero que você use tudo que puder contra esse filho da puta… Ótimo, pai. Mantenha-me informado. — Ela desliga.

(Soraya): O outro motorista?
Ela faz que sim com a cabeça.


(Simone): Um babaca de um bêbado de merda que mora num trailer na parte sul
de Portland — zomba ela, e fico chocada com a terminologia e com o tom depreciativo. Seu tom de voz suaviza quando ela continua, vindo na minha
direção: — Já viu o Ray? Quer ir embora?

(Soraya): Hmm… não.

Olho para ela, ainda incomodada com o desprezo que ela manifestou.

(Simone): O que aconteceu?

(Soraya): Nada de mais. Ele está sendo levado para a radiologia. Vão fazer uma
tomografia computadorizada para ver como está o edema no cérebro. Eu queria
esperar o resultado.


(Simone):Tudo bem. Vamos esperar. — Ela se senta e estica os braços para mim.
Como estamos sozinhas, aceito o convite e me aconchego feliz em seu colo. — Não foi assim que eu imaginei passar o dia de hoje — murmura Simone, com a boca no meu cabelo.



(Soraya): Eu também não, mas estou mais otimista agora. Sua mãe me tranquilizou bastante. Foi muito gentil da parte dela ter aparecido ontem à noite.

Simone acaricia minhas costas e repousa o queixo na minha cabeça.

(Simone): Minha mãe é uma mulher extraordinária.

(Soraya): É verdade. Você tem muita sorte de tê-la por perto.

Ela concorda.

(Soraya): Eu deveria ligar para a minha mãe. Avisar sobre o Ray — murmuro, e
Simone se enrijece. — Estou surpresa de ela não ter me ligado.



Cayendo en la Tentación III - Simone & SorayaOnde histórias criam vida. Descubra agora