Capítulo 81

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Espio para dentro do quarto e Ted já está no sétimo sono, enquanto Simone continua a ler. Ela ergue o olhar quando abro a porta, e fecha o livro. Encosta o dedo nos lábios e liga a babá eletrônica perto do berço. Ela arruma os lençóis de Ted, acaricia sua bochecha, depois se ergue e vem até mim na ponta dos pés, sem emitir um único ruído. É difícil não rir com a cena. Já no corredor, Simone me puxa para um abraço.

(Simone):Meu Deus, eu amo esse garoto, mas é tão bom quando ele está dormindo... — murmura junto à minha boca.

(Soraya): Concordo plenamente.

Ela me fita com o olhar suave.

(Simone):Quase não acredito que já faz dois anos.

(Soraya):Eu sei.

Dou-lhe um beijo e por um momento me sinto transportada de volta ao nascimento de Ted: a cesariana de emergência, a ansiedade devastadora de Simone, a calma e eficiência da Dra. Greene quando o meu Pontinho estava em perigo.

Estremeço por dentro com a recordação.

(Dra. Greene):Sra. Tebet, a senhora está em trabalho de parto há quinze horas. As
contrações ficaram mais lentas, apesar da Pitocina. Precisamos fazer uma cesariana: o bebê corre perigo. — A Dra. Greene está inflexível.

(Simone): Porra, já não era sem tempo! — Simone urra para ela. A Dra. Greene o
ignora.

(Soraya):Simone, fique quieta. — Aperto a mão dela. Minha voz é baixa e fraca,
e tudo em volta está rodopiando: as paredes, as máquinas, as pessoas de verde...

Eu só quero dormir. Mas tenho uma coisa importante para fazer antes... Ah,se tenho.

(Soraya): Queria eu mesma fazer o bebê nascer.

(Dra. Greene) Sra. Tebet, por favor. Cesárea.

(Simone):Por favor, Soraya — implora Simone.

(Soraya):Vou poder dormir?

(Simone): Vai, querida, vai. — É quase um soluço, e Simone beija minha testa.

(Soraya): Eu quero ver o Pontinho.

(Simone): Você vai ver.

(Soraya): Tudo bem — sussurro.

(Dra. Greene):Finalmente — murmura a Dra. Greene. — Enfermeira, avise o
anestesista. Dr. Miller, prepare material para cesariana. Sra. Tebet, vamos transferi-la para o centro cirúrgico.

(Simone/Soraya):Transferir? — falamos Simone e eu, ao mesmo tempo.

(Dra. Greene):Sim. Agora.

E de repente estou em movimento — e rápido; as luzes do teto ficando borradas e se transformando numa longa listra brilhante à medida que vou sendo levada às pressas pelo corredor.

(Dra. Greene):Sra. Tebet, a senhora vai ter que vestir uma roupa hospitalar.

(Simone): O quê?

(Dra. Greene):Agora, Sra. Tebet.

Simone aperta a minha mão e logo me solta.

(Soraya): Simone! — chamo ela em pânico tomando conta de mim.

Passamos por outras portas e logo a enfermeira está ajeitando uma tela acima do meu peito. A porta se abre e se fecha, e a sala está lotada de gente. Tanto barulho... quero ir para casa.

Cayendo en la Tentación III - Simone & SorayaOnde histórias criam vida. Descubra agora