XII

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Acordámos nos braços um do outro e eu estava no céu.

A noite tinha sido mágica.  Rodolffo levou-me ao céu e apesar de um pouco de dor, foi como eu tinha imaginado.

- Dormiu bem, minha donzela?

- Não sou mais donzela.  Dormi lindamente.

- Estou muito feliz.  Ontem sofri quando disseste que tinhas outro.

- Tolo.  Estava a referir-me a ti.  Para os homens tem que ser tudo preto no branco.

- Para quê complicar?

- Quando vais embora?

- Amanhã de manhã.

- Já estou com saudades.

- Não sei quando nos voltamos a ver.

- Havemos de dar um jeito.

- Eu julgo que em um mês eu termino por aqui.

- O que vieste fazer?

- A Rita acha que alguém anda a tirar proveito da companhia para  benefício próprio.

- E tu descobriste alguma coisa?

- Estou a chegar lá.

Tem cuidado.  Essas coisas costumam dar errado.

- Não falemos disso.  Deixa eu aproveitar esse corpinho sarado.

- Me usa à vontade.

Saímos para fazer compras.  Pensem num homem que gosta de comprar.
Comprou vários conjuntos de roupa, sapatos e material electrónico.   Queria que eu também comprasse, mas eu não preciso de nada.

Fez questão de me oferecer um vestido e eu fui prová-lo.  Escolheu outro modelo e eu olhei de lado para ele que logo desistiu.  Pagou e saímos.

- Rodolffo,  eu não estou habituada a comprar roupa sem precisar.

- Mas eu queria oferecer.  Posso?

- Eu aceitei um.  Por tua vontade trazia a loja toda.

- E depois? O dinheiro só serve para nos dar prazer.

- Há outras maneiras de ter prazer.

- Quais?  Mi ispilica.

- Pára com isso. Vamos almoçar?

- E hoje que duas sobremesas.  Ontem no jantar não comi.

- Mas no final da noite tiveste este docinho aqui.

- Foi.  Delicioso, por sinal.  Hoje quero de novo.

...

Já faz três semanas desde que nos vimos a última vez.  Hoje estou a assistir ao concerto através das várias lives dos fan clubes.

Ando a saltitar de página para página quando encontro uma gravação dos bastidores.

Numa sala estão a dupla, a Iza e mais alguns elementos da banda.
Rodolffo estava sentado e ao colo tinha uma novinha, loira de olhos azuis.

Ele abraçava-a pela cintura e ela tinha os braços à volta do pescoço.
Tirei print e mandei para Iza a perguntar quem era aquela.

Já fazia horas que aquela gravação tinha sido feita.  Eles estavam em palco neste momento.

Fui olhar as fotos do insta dele e encontrei uns  vídeos e fotos onde ela aparece com ele e várias outras pessoas durante umas férias.  Pelos comentários já se especulava que eles tinham um caso.

Uma meia hora depois, Iza respondeu-me com um - não sei que dizer,  amiga.

Fechei o telemóvel.  Doida sou eu por acreditar em contos de fadas.

Sou só mais uma ficada, não de um dia, mas de dois, pensei cá no meu interior.

Resolvi que não ia chorar nem lamentar.  Vida que segue.

Por certo a Iza comentou com ele, pois no final do show ele ligou e como não atendi, mandou mensagem.

Não faças julgamentos precipitados. Nós dois nem assumimos nada, mas quero muito conversar sobre o assunto.

Rod

Claro que não assumimos.  Lá atrás ele pediu-me namoro e eu ainda não respondi.  Se entendi errado depois dos dois dias que passámos juntos, isso é problema meu.

Soquei o travesseiro e fui dormir considerando-me a pessoa mais idiota do planeta Terra.

Atravessei o Atlântico Where stories live. Discover now