XIV

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Estou de regresso.  Por enquanto continuo com a Iza, mas pretendo alugar o meu apartamento,  logo que encontre um à medida do meu salário.

Reuni com a Rita e passei-lhe tudo o que consegui apurar e ainda as provas da existência do caixa dois.

No final foi só a confirmação daquilo que ela  desconfiava.

Por tudo o que aconteceu Rita propôs que eu a ajudasse a chefiar as duas casas.
De início ela iria para o Rio resolver o assunto e eu ficaria por cá, depois revezávamos.

Nada me prende aqui, então eu aceitei de bom grado.  Embora goste de dança a parte de gestão empresarial desperta algo em mim.  Vou tentar investir um pouco mais em formação sobre gestão para poder obter um óptimo desempenho.

Penso que a Iza regressa hoje.  Foi essa a indicação que recebi da senhora da limpeza.

Estava a organizar a minha roupa quando ela chegou.

- Oié.  Quando voltaste do Rio?

- Ontem.  E que tal de shows?

- Óptimos como sempre.

Aproveitámos o jantar para conversar sobre os mais variados  assuntos, mas eu não podia deixar de perguntar.

- E o teu irmão?

- Ah!  Nem me fales.  Nem eu já tenho paciência para as borradas dele.
Viu-te com o Mateus e foi um drama.

- Nada que ele não faça.

- E como foi?  Eu não conheço ele pessoalmente.

- Não foi nada, Iza.  No final não consegui ir com ele.

- Que pena.  Tens mais é que aproveitar.

- Não é fácil quando se gosta de outro.

- Que não te merece.  Ele é meu irmão,  mas às vezes apetece-me abaná-lo para ver se coloca os neurónios no lugar.

- Deixa.  Vida que segue.  Agora estou mais focada no trabalho.  Ajuda-me a arranjar um apartamento.

- Não estás bem aqui?

- Estou bem, mas já abusei demais e todos queremos a nossa privacidade.

- Fica aqui o tempo que precisares.  A maior parte dos dias eu não estou.

- Eu possivelmente também vou ter que ficar alguns dias no Rio.

- Então!  Deixa-te estar.

- Quantos dias desta vez?

- Só três, mas o próximo show é aqui na cidade vizinha.

Pensei que Rodolffo pudesse vir conversar comigo, mas já se passaram dois dias a não apareceu.

Hoje apeteceu-me um cineminha.  Sai da companhia, passei em casa, tomei um banho e pus-me cheirosa.

Foi para o shopping,  pedi um hambúrguer com um suco e sentei-me numa das mesas a comer.

Estava quase a terminar quando Rodolffo chega com uma moça que eu já conhecia do grupo de amigas da Iza.
Rodolffo olhou para mim e foram fazer os pedidos.  Eu terminei de comer, Levantei-me e segui em direcção ao cinema.

Comprei o ingresso, um balde de pipocas e entrei.

O filme era muito divertido.  Estava mesmo a precisar de alguma coisa que me fizesse rir.

A sala estava cheia.  Ao meu lado direito estava um jovem alto, musculado e com boa aparência.
Verifiquei que estava sózinho pois do lado dele estava um casal de idosos que não interagiram com ele.

Enchi-me de coragem e disse-lhe ao ouvido:

- Se estiver sózinho, preciso que saia abraçado a mim.

Ele olhou para mim com desconfiança, sorriu e concordou apenas dizendo:

- Posso ser ainda mais convincente, se quiser.

- Um abraço é suficiente.

Tal como eu previa, Rodolffo ainda estava na àrea da restauração bem de frente para a saída do cinema.

O estranho passou o braço pelo meu ombro e eu abracei-o pela cintura.

Fiz questão de passar na frente dele que já estava sózinho.   Descartou a moça ou ela a ele.

Segui em direcção ao parque automóvel, verifiquei se ele vinha atrás de mim, despedi-me e agradeci ao meu comparsa, trocámos telefone e voltei para casa, linda, leve, solta e a cantarolar.

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