LIX.

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Zuko estava nervoso, mas acima de tudo aliviado com a chegada da graduação. Ele finalmente poderia arranjar um emprego em tempo integral e melhorar a renda da família. Zuko pretendia ajudar a mãe e o padrasto a comprarem uma casa na cidade grande, para ficar mais perto deles e da irmãzinha.

Tio Iroh não parava de forçá-lo a tirar fotos, e Zuko revirava os olhos, envergonhado. Apesar disso, ele aceitou tirar foto com cada um dos amigos e então em grupo. Suki riu quando viu o penteado que Iroh havia feito no sobrinho e se prontificou a ajeitar, mas não sem antes Aang arranjar uma câmera para manter o registro.

— Droga — Toph começou a rir — Eu não acredito que tô perdendo isso.

— Eu posso desenhar pra você — Sokka ofereceu.

— Não ajudaria muito — Toph gargalhou ainda mais.

Sokka corou quando percebeu o que havia sugerido, forçando Suki a segurar o próprio riso. Aang colocou um braço ao redor de Zuko e levantou os dedos em um sinal de paz, com um sorriso enorme no rosto.

— Vamos, Zuko. Sorri pra foto!

Zuko bufou com os braços cruzados, mas o rosto amoleceu em um sorriso bem a tempo do flash fotográfico.

— Vamos, antes que o Zuko se atrase pra própria colação de grau — Katara ordenou a todos. Eles (quase) sempre obedeciam a Katara.

Quando chegaram no local, Ursa já aguardava para recepcionar o filho com um abraço apertado. Ela encheu o rosto dele de beijos, ignorando os protestos de Zuko.

— Eu perdi muita coisa, mas estou feliz de estar aqui hoje — A mãe comentou — Você já sabe o que vai fazer depois da graduação?

Zuko puxou a gola do roupão de graduando como se estivesse asfixiado. Ele passou muitas noites em claro refletindo sobre sua decisão.

— Eu não vou retomar os negócios da família. Escolhi não viver mais na sombra do Ozai — Zuko anunciou — Vou aceitar a proposta de outra empresa, cujos valores me interessaram mais. Vou trilhar o meu próprio caminho.

Ursa e Iroh sorriram orgulhosos e Zuko suspirou de alívio. Ao menos Ozai o deu um último bom conselho e ele confiou na própria decisão.

Quase todas as pessoas que Zuko amava estavam ali reunidas, mas ele sentia falta de alguma coisa. De alguém. Ela até havia aceitado o convite, mas isso tinha sido antes de...

— Ei, Zuzu. Vai me negar um abraço?

Zuko virou a cabeça com o coração acelerado. Azula apareceu de mãos dadas com Ty Lee, usando um longo vestido vermelho sem manga que exibia totalmente o braço tatuado. Ele sorriu e correu para abraçar a irmã.

Azula pareceu surpresa e hesitante, mas soltou a mão da namorada para abraçá-lo de volta. Zuko não podia confirmar se ela estava com lágrimas nos olhos, mas detectou a emoção em sua voz quando ela falou:

— Ok, chega de me esmagar.

Ele a soltou com um sorriso. Azula desviou o rosto e limpou a garganta. Ty Lee aproveitou a brecha para apertar a mão dele.

— Parabéns pela conquista, Zuko.

— Obrigado.

Azula recuperou a postura arrogante e elegante de sempre. Apesar de fazer pose, ela sorriu para ele. Zuko olhou na direção da mãe e virou para a irmã, nervoso. Ela também olhou para Ursa e suspirou.

— Com licença, maninho.

Azula se retirou e foi até Ursa. O clima ainda era tenso e desconfortável entre elas. Nenhuma das duas sabia o que dizer. Todos eles sabiam que as coisas não se consertariam do dia pra noite. O trauma era muito extenso de todos os lados.

— Eu... — Azula tentou começar, mas as palavras morreram em sua boca.

— Tá tudo bem, Azula — Ursa a assegurou. Ela entendia.

A irmã de Zuko também entendia. Finalmente. Ela assentiu com a cabeça.

— No meu tempo — Azula respondeu, como se falasse consigo mesma.

— No seu tempo — Ursa concordou, sorrindo.

Então, salvos pelo gongo, todos foram convidados a se sentar, enquanto Zuko subia ao palco. Agora sim, o quadro estava completo. Ele nunca havia sonhado que todas aquelas pessoas fossem estar presentes em seu grande dia. Era quase bom demais para ser verdade.

Por mais que as coisas não fossem perfeitas, a vida também não era. Ozai nunca seria um bom pai, eles nunca apagariam os próprios traumas e talvez Azula nunca mudasse completamente. Tudo bem. Sempre existiriam motivos suficientes para sorrir; vitórias suficientes para serem comemoradas; pessoas suficientes para amar.

O nome de Zuko finalmente foi chamado e ele ergueu o diploma para os amigos e a família. Era uma conquista de todos eles. Era finalmente um dia bom.

A Serpente em meu JardimOnde histórias criam vida. Descubra agora