Capítulo 2

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(Carter)

Acordo do meu sonho com meu corpo envolto em uma camada de suor, e meu coração disparado no meu peito. Mais uma noite eu sonho com a mulher de cabelos pretos caindo em uma água escura, e mais uma noite eu não consigo salvá-la. Me levanto da cama e olho ao redor do meu quarto, acho meu celular e vejo que são só cinco e meia da manhã. Que horas eu fui dormir ontem? Porra tem muito tempo que acordo sem uma ressaca e quase me sinto humano.

Ontem meus irmãos comemoraram o casamento do Zero, o filho da puta conseguiu encontrar uma boa mulher que o ama e é leal a ele. Mas acho que estou ficando velho, porque só consegui chegar até o meio da festa antes de querer sair dali. Fico feliz com a felicidade do meu irmão, mas aos trinta e cinco anos o tempo está chegando até mim. Ainda não desejo uma old lady e a vida de cerca branca que todo mundo ao meu redor parece estar alcançando, mas cada vez mais me sinto sozinho. Uma solidão que vem de dentro de mim e me corrói. E eu não entendo que porra eu posso fazer para me curar disso.

Meus dias de boceta e drogas chegaram e já se foram, as festas hoje em dia são mais para fechar negócios para o clube do que para ficar chapado molhando o meu pau. Então que porra é esse vazio que eu sinto cada vez mais? Se fosse o vazio de querer ter uma mulher e filhos eu poderia já ter feito essa merda, eu conheci boas mulheres nos últimos anos. Porra, a Jules era uma boa mulher e ainda assim eu só sentia tesão e amizade por ela. Quando ela finalmente cansou de me esperar e me deu um ultimato a duas semanas atrás, eu estava aliviado. Não queria a machucar, mas já estava cansado de toda  essa pressão para que eu a assumisse como minha. Jules dizia me amar e sempre falava que ia esperar que eu me apaixonasse por ela, mas depois de quase seis meses, ela começou a se ressentir com a minha rejeição. E duas semanas atrás ela achou que um ultimato ia finalmente ser o que mudaria a nossa vida, mas quando eu disse que aceitava ela ir embora, porra, a mulher enlouqueceu. E eu a perdoei até certo ponto, porque novamente, ela é uma boa mulher e talvez seja eu que tenha fodido a cabeça dela.

Me levanto e tomo uma ducha rápida para me acordar, coloco um jeans e uma camiseta seguido pelo meu corte e saio do quarto. Está cedo mas não vou conseguir voltar a dormir, quando tenho um dos meus sonhos com a menina de cabelo preto, eu nunca consigo relaxar depois que acordo. Sempre tenho que ir para o mesmo ponto para me acalmar, preciso estar perto do lago para tirar a tensão de dentro de mim. Não sei qual é a conexão entre meu sonho e o lago, mas eu sei que é o único lugar que me acalma.

Passo pelo bar e sorrio ao ver alguns irmãos desmaiados nos sofás com umas putas do clube em cima deles. Tenho saudade de quando isso me bastava, quando eu não me sentia oco por dentro. Na porta do bar vejo o Doc vindo em minha direção e o cumprimento com um levantar de queixo.

- Pres, indo dormir ou acordando?

- Acho que você sabe melhor, Doc. Meu dia já está começando.

- Porra, homem esperto. Eu só consegui tirar meu pau da Candy agora, vou dormir. Se precisar de mim só bater no meu quarto.

Ele bate nas minhas costas e segue para dentro do clube me fazendo rir. Porra, não acredito que o filho da puta está mesmo pensando em assumir a Candy como old lady. Depois de anos tentando ela finalmente achou um irmão burro o bastante para a assumir, e ela está amando. Apesar de ainda não ser uma old lady ela certamente já se comporta como uma.

Minhas botas batem no chão de cascalho e acendo um cigarro enquanto ando para a minha praia, para o meu pedaço de céu. Eu devo ser o único Devil que tem seu céu particular. Me aproximo do píer e quando viro para ir em caminho a praia, vejo alguma coisa jogada na areia. Cerro meus olhos para identificar melhor o que é, mas quando chego mais perto levo um susto quando vejo que é uma mulher.

TREZEOnde histórias criam vida. Descubra agora