Capítulo 19

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(Carter)

A primeira coisa que faço depois de deixar minha mulher na nossa casa, é chamar todos os membros para uma reunião do clube. Nossas reuniões são fechadas, e em geral fazemos para tratar assuntos mais operacionais do clube, mas hoje é um assunto muito mais irritante. Não vou conseguir passar mais um dia sequer sabendo que Candy está andando pelo meu clube desrespeitando a mim e a minha mulher. Isso acaba aqui.

Sentado na cabeceira da longa mesa de carvalho que tem as insígnias do Chaos Mc talhadas de forma artística, espero meus irmãos se acomodarem e observo Doc. Ele não parece nem um pouco preocupado, então ou ninguém disse nada ou ele simplesmente não se importa.

- Temos que tratar um assunto importante. - começo e logo todos param de falar e me encaram com atenção - Quero pedir uma votação.

- Votação para o que, Devil? - Shade é o primeiro a falar e parece entediado como sempre.

- Quero banir Candy do clube.

Por um momento ninguém fala nada, vejo alguns rostos se virarem para encarar Doc, mas ele mesmo parece só estar resignado. Candy não é um membro do clube ou uma old lady, mas ainda assim cuidamos das mulheres que vivem por aqui. Se elas conseguem manter as bocas fechadas sobre os negócios do clube e respeitar os irmãos, tudo fica na mais perfeita ordem. Porém, Candy foi longe demais e agora não posso mais deixar o comportamento dela passar. Não vou deixar pontas soltas que podem causar algum dano para o meu relacionamento, isso não vai acontecer de jeito nenhum.

- Alguém é contra? - pergunto e escuto todos concordarem com um resmungo, encaro Doc e ele acena com a cabeça positivamente - Ótimo, era só isso.

- Essa reunião poderia totalmente ter sido por email. - Zero fala baixinho provocando algumas risadas.

Todas as decisões do clube passam pelos membros, ainda que eu seja o presidente, há limites para o que posso decidir sozinho. E banir alguém do clube é decididamente a porra de um grande negócio. Quem leva essa vida não aguenta a ideia de ser banido, além de ser uma vergonha é o fim de qualquer laço com os membros. E no caso de Candy, isso inclui o fim do relacionamento com o Doc.

Saio da sala de reuniões ansioso para chegar em casa e encontrar a minha Lucky Thirteen, mas antes que possa chegar na minha Harley, sou parado por Doc.

- Pres, podemos conversar?

É a última coisa que quero agora, mas melhor acabarmos logo com isso. Com uma respiração profunda, assinto com a cabeça e volto para o clube indo com ele para o meu escritório. Ele se senta na cadeira de frente para mim e parece quase inalterado pelo o que aconteceu.

- Só queria te pedir desculpas por ter deixado a Candy por perto por tanto tempo, deveria ter me livrado dela antes dessa merda toda. Zero me contou o que aconteceu.

- Com tanto que ela nunca mais pise no clube, tudo bem por mim. - bato meus dedos na mesa, impaciente para sair daqui.

- Vou fazer questão de ser eu mesmo a expulsá-la. - sua expressão endurece por um momento - E pensar que quase assumi aquela vagabunda.

Não digo nada, apenas concordo balançando a cabeça. Doc é um homem feito, não vou ficar aqui o consolando porque ele está tão desesperado para ter uma old lady que pegou qualquer lixo em sua frente. Sabia que isso ia acabar mal, só não imaginava que respingaria em mim. Minha mulher ter sido afetada é completamente inaceitável. Qualquer situação que faça Lucky Thirteen sofrer, tem que desaparecer.

- Bom, então estamos conversados. - me levanto e saio do escritório sem olhar para trás, finalmente conseguindo pegar minha moto e ir para casa.

Porra, nunca imaginei que teria isso. Uma casa. Não um imóvel que comprei ou construí. Um lar, com a mulher dos meus sonhos me esperando. Não é algo que me permiti sonhar, ter alguém me esperando voltar, não me sentir mais tão sozinho no mundo. Estava tão acostumado com minha solidão, que achei que seria minha realidade para sempre. Esse sentimento de felicidade extrema que sinto é tão novo para mim, mas já estou viciado, como estou viciado em tudo que minha linda esposa me proporciona.

Paro em frente à nossa casa e assim que passo pela porta a escuto na cozinha. Lucky Thirteen tem uma panela no fogo e está batendo alguma coisa em uma tigela enorme. Paro encostado na parede, a observando sorrindo, feliz com a cena que estou vendo. Meu peito enche de orgulho ao ver minha mulher na casa que construí para ela. Não sei o que fiz para conseguir ter essa vida, só sei que ninguém vai tomá-la de mim. Ninguém.

Ela parece sentir minha presença e olha para cima sorrindo quando me vê.

- Estou fazendo bolo de brigadeiro. Vai ser o melhor bolo que você já comeu na sua vida! Aqui nos Estados Unidos não tem nada igual. - seu sorriso é convencido e não consigo deixar de rir.

- Qualquer coisa que você fizer será perfeita. - ando até ela e a dou um beijo apaixonado antes de me forçar a me afastar e deixá-la acabar com sua receita - Por falar em coisas perfeitas que você faz, está animada com o começo das suas aulas aqui?

- Sim, acho que vou sentir falta da minha orientadora, mas vai ser bom ter um recomeço. - seu sorriso cai por um momento - E aqui não tenho mais um stalker para me deixar com medo de ir para a faculdade.

Tenho que controlar o rosnado de ódio que sobe pela minha garganta. Não tocamos mais no assunto daquele fodido desde o dia que ele teve a coragem de ligar para minha mulher. Ainda estou o monitorando, e até agora ele parece estar escondido em algum buraco. Tenho certeza que ele não desistiu, eu não desistiria e sei que isso temos em comum, nossa obsessão pela Izabella. A diferença é que jamais quero ver medo nos olhos dela, jamais quero podar sua felicidade ou vê-la correndo de mim.

Agora, um homem como ele, covarde e convencido, é só uma questão de tempo até atacar. E vou estar preparado.

O que não quero de jeito nenhum é que minha esposa pense nesse filho da puta, nem por um segundo sequer. Sua cabecinha só deveria ter sonhos, que vou realizar, desejos, que vou atender e amor. Que espero ser só para mim.

- Nunca mais vai se preocupar com isso, querida. - me sento em uma das banquetas da ilha apenas para a observar - Queria te levar para jantar hoje.

- Jantar? - ela me dá um sorriso enorme em resposta - Tipo um encontro?

Um pouco de chocolate espirra em seu pescoço, e me aproximando por cima da ilha, lambo cada gota sorrindo em seu pescoço ao vê-la estremecer.

- Tipo um encontro. - volto para a banqueta e tenho que arrumar melhor meu pau dentro da minha cueca de tão duro que fico quando estou perto dela - Me dei conta hoje que nunca levei minha esposa para um encontro de verdade. Precisamos remediar isso. Já fiz reservas, saímos às oito horas.

- Você está um pouco confiante, não? Eu poderia não aceitar. - ela pisca para mim e derrama toda a massa em uma assadeira.

- Achei que ser seu marido era o bastante para me garantir um primeiro encontro, - digo fingindo aborrecimento e o som da sua risada enche meu coração de uma emoção que nem mesmo entendo - mas vejo que preciso me esforçar mais. Devo te ligar depois de três dias também?

Lucky Thirteen joga sua cabeça para trás e ri novamente, e dessa vez não aguento, me levanto e a abraço por trás rindo em seu pescoço.

- Pode me ligar depois de dois, já que somos casados. - ela se vira no meu abraço e coloca seus braços ao redor do meu pescoço - Estarei pronta às oito.

- Vou estar te esperando na sala desde às sete.

Me abaixo colando nossas testas juntas e toda vez que acho não ser possível a amar mais, me vejo nesses momentos que pareço quase sufocar com o peso dos meus sentimentos por ela.

TREZEOnde histórias criam vida. Descubra agora