Capítulo 23 - Abrindo o Jogo

155 7 1
                                    


À noite Emmett recebeu, no apartamento, toda família. Esme mimou e cuidou da neta o máximo que pode, tentando ressarcir o dia que ficará longe dela. Passou a noite, durante o jantar, de cara fechada com o filho, depois de saber como Julia tinha reagido à escolinha.

Carlisle sussurrou para o filho que não levasse em conta, como avó coruja, Esme só estava tentando proteger a neta de mais sofrimento. Mas, isso não queria dizer que Emmett estava agindo errado nas atitudes que vinha tomando. Edward e Alice brincaram bastante com Julia, até que ela ficou sonolenta no colo do tio.

Por volta das vinte e duas horas todos foram embora. Como Esme já tinha colocado Julia na cama e lhe contando uma historinha antes de dormir, Emmett foi para o próprio quarto. Ligou o computador e conversou com Rosalie via Skype.

Mesmo ela tendo mencionado, mais de uma vez, que ele parecia abatido, Emmett fugiu do assunto como o diabo da cruz. Ela acabou mandando-o ir dormir, já que parecia tão cansado. Ambos se despediram mesmo cheio de saudades. Emmett disse várias vezes que a amava, e ela também disse que o amava.

Ele desligou o notebook e adormeceu minutos depois. Durante a madrugada foi socorrer a filha em mais uma crise de terror noturno. Acabou levando-a para sua cama, como vinha fazendo todas as noites.

No dia seguinte, foi a mesma rotina; acordar preparar e levar Júlia para a escolinha. Julia chorou muito enquanto ele a arrumava. Repetiu várias vezes que não queria ir para a escolinha, queria ir para a casa da vovó. Mesmo assim ele a levou. Na sala de aula foi outra choradeira, mas ele ficou e ela acabou se conformando.

No final do período, quando saiu da escolinha com a filha, Emmett passou em um de seus restaurantes favoritos e pediu que embalassem o almoço para viagem. Em casa ele deu banho em Julia, e vestiu nela um vestidinho de algodão, confortável. Ele a deixou brincando no quarto enquanto tomava seu próprio banho, e depois se encarregava de preparar a mesa para servir o almoço.

Ele não sabia, mas Julia estava para lá e pra cá, no corredor de acesso aos quartos, levando algumas bonecas, Carinho e o porta-retratos com a foto de Rosalie para o quarto ao lado da suíte do casal, o quarto, até então, vazio.

Quando a mesa estava pronta, ele foi buscá-la. Estava passando pelo corredor direto para o quarto de hóspedes quando notou que a porta do quarto ao lado do seu estava aberta. O que era estranho considerando que aquela porta estava quase sempre fechada.

Ele voltou andando de costas e parou no umbral da porta. Para sua surpresa, Julia estava lá dentro, deitada no chão, com a cabeça apoiada em uma almofada em formato de morango, abraçada ao pônei junto às bonecas e o porta-retratos.

– Bila, bila etelinha. Quelo vê você bilá. Faze de conta que é só minha. Só pla ti ilei cantá. Bila, bila etelinha. Bila, bila lá no céu... – ela olhou para as bonecas e depois a foto de Rosalie – Agola eu equeci eto. Julinha equeceu como que canta mais.

Um sorriso surgiu no canto dos lábios de Emmett enquanto a ouvia cantar. – Ei gotinha – disse ele –, o que você está fazendo aí filha, deitada no chão?

– Eu to pelando a mamãe Ose... – ela respondeu de forma tão natural que parecia que Rosalie chegaria a qualquer instante. Aquilo fez Emmett se sentir mal, porque ela não chegaria a qualquer momento, na verdade, ele sequer tinha certeza de que ela chegaria algum dia.

– Mas porque nesse quarto, gotinha?

– Pô caso que goto dele, papai.

Emmett suspirou, tendo a certeza de que seu destino, o de Julia e o de Rosalie estavam mais ligados do que poderia imaginar. Rosalie idealizou aquele quarto por tanto tempo, imaginou vários tipos de decoração infantil, mas nunca teve a chance de decorá-lo. No entanto, Julia estava ali, deitada no chão, dizendo que gostava daquele quarto quando, na verdade, ele era ainda apenas quatro paredes e nada mais.

Minha Gotinha de AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora