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São Paulo, terça-feira, 12:47.

Ana Júlia 🌞

Vida adulta é uma tabaca; não sei por que um dia eu quis tanto alcançar essa idade.

Tudo meio merda por natureza já. Aí, justamente na minha folga, o bairro fica sem luz por conta das chuvas que falaram que teve. Eu, particularmente, não vi nada.

O estrago foi ainda maior porque meu pai trouxe uma adolescente pra minha casa. Crianças até dá pra suportar, agora com adolescente as coisas que não se batem. Amor de irmão. ☺️

A preguiçosa foi dormir, eu fui resolver meus problemas na rua, malhei e desde então estou resolvendo uns negócios do CT dos exames preventivos e vendo a situação dos lesionados enquanto converso com um dos.

Na paz. Mas como todo sossego dura pouco, Victor chegou virado, me atentou até eu perder a paciência e foi dormir com seus pezinhos pretos tranquilo. E eu, trabalhando.


Estava com meus forrós nas alturas acabando de terminar a faxina. Tudo nos conformes.

Guardei o balde na lavanderia e me virei indo pro quarto pronta pra tomar meu banho premium.

— Pede alguma coisa pra comer, Malu. Estou com preguiça de cozinhar — ela me olhou sorridente — interesseira.

— Me dá seu celular aí — dei uma última olhada e entreguei—

— A senha é onze e 4 números 7 — falei saindo de lá — é débito.

Victor chegou logo em seguida no quarto e já foi botando as músicas mais atabacadas possíveis.

Tomei O BANHO, na água gelada porque o calor estava de matar. Nossa senhora.

Finalizei, desliguei o chuveiro, me enrolei na toalha e me deparei com Victor e Maria na porta me olhando.

— Que isso? Invasão de privacidade.

— Quem é Colômbia? — a mais nova perguntou e eu revirei os olhos pegando meu celular de volta — não se faz, Ana Júlia. Você tem um date daqui a pouco e não quer falar sobre pros seus maninhos? Sério?

Que?

— Que date Maria Luiza, se enxerga — estalei a língua.

— Seu date. Eu que confirmei — Victor disse e eu virei na hora recebendo risadas —

Eles estão zoando. Estão.

Peguei meu celular indo direto no contato. Ele falando que me pegava às 14:30.

KKKK MORRE Ana Júlia, morre.

— Se matem — soltei o celular na hora —

— Sem perfil, todo sigiloso. É casado? — eu ri nervosa — É?

— NÃO, Victor. Que horror — esfreguei o rosto — Não te interessa também. Ridículos, vou trocar minha senha.

— Ana Júlia, pelo amor de Deus. Ele não é casado mesmo não, né? — a tonhona perguntou toda preocupada —

Se fosse, ela me daria uma lição de moral.

— Não. Ele não é casado, não namora... AAAAAAAA — gritei — não sei nem o que vestir, não sei onde é. Vocês me pagam.

— Tá na hora de tirar essa teia, Ana Júlia. Que porra, tá aniversariando já — eu ri querendo voar nele —

— Você não tem moral. Encalhado que só — fechei os olhos —

— Quem é? — um olhar bastou e ele riu — se arruma aí, já já tem date com o macho sigiloso.

O desgraçado plantou a sementinha e saiu do quarto.

Que ódio.

— Você tem certeza que ele é solteiro? — bufei —

— É um jogador.

— Por isso mesmo, caralho. — repreendi ela com o olhar — você sabe como eles são.

— Ele é solteiro e vocês não tinham que marcar nada por mim — saí indo pro closet —

Me embucetei mesmo. Que raiva.

Eu poderia usar a desculpa que estou de babá, com cólica, morrendo. Sei lá.

Desde que tive meu primeiro e último relacionamento sério, não sei o que é ter um date digno, só beijinhos e tchau.

Nunca me chamam, e se chamam, eu me faço de demente e enrolo até a benção desistir. Só por pura preguiça que eu tenho de homem.

Mas era o Richard. Ele é super gente boa e nós estávamos nos dando muito bem.

Minha vida também precisa de entretenimento. Foda-se.

Vestidinho longo todo justo ou saia longa. Tênis ou chinelo plataforma porque me deixa mais alta?

Sei lá. Estou pirando.

Pior que é a tarde. Posso nem botar minhas roupas piranhonas. Mas as roupas que eu tenho pra esse horário me fazem parecer adolescente.

Dane-se, Ana Júlia, desde quando você liga?

Eu não sei! Colombiano maldito.

Terminei de me arrumar em cima da hora mesmo, e no fim até que deu alguma coisa. Cheirosa e com o cabelo bonito, eu estava, já era algo.

Richard tinha sumido e até então eu não tinha entendido, mas foi eu sair do quarto e caminhar até a sala que tudo foi esclarecido.

Ele sentado no meu sofá rindo de algo com Malu. Que inferno, esse homem é uma tentação.

Victor, bem de longe, soltando o veneno dele e eu caladinha pra não arrasar com ele.

— Oi. Vamos? — ele levantou o olhar e abriu um sorriso — Victor, cuidado, faça zona com moderação, não quero multas.

— Você também, irmã, se cuida, tá? — debochou — Tchau, JOGADOR, prazer em conhecê-lo.

Arrombado. Ele vendo eu pagar com a língua.

— Limpa a boca, amor, tá escorrendo — ele riu e eu saí com Richard atrás de mim — Tchau, Malu, qualquer coisa liga.

— Tchau, pessoal. Foi um prazer — o macho cheiroso disse —

Ai eu fechei a porta.

—Tá bonitona em? Que isso —eu fingi que não me senti, mas me derreti quando fui agarrada por trás e recebi um beijo no canto da boca.—

—Sempre fui—ele riu.

—Convencida—fez careta.

—Consciente—corrigi.

—Tá bem?—assenti.

O silêncio, a porta do elevador abrindo, a gente entrando, se olhando em silêncio e se agarrando do nada.

Ai que merda, você era mais controlada, menina.

Continua...

Eu tinha um roteiro FALIDO que criei dentro do ônibus lotado e uma vontade de postar o último capítulo da maratona.

Fim da primeira maratona que serviu mais pra tirar o atraso.

Até o próximo,lindas.❤️

Inolvidável | 𝐑𝐢𝐜𝐡𝐚𝐫𝐝 𝐑𝐢os Where stories live. Discover now