O poço dos desejos.

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Eles não deveriam ter ido.

Nenhum deles, fora Iná, que tava tendo o tempo de sua vida.

Se ao menos fosse possível voltar no tempo.

Berenice teria ficado em casa, fazendo as unhas, assistindo a um filme romântico e comendo pipoca, e se arrepende de não ter feito isso.

Petra gostaria de ter ficado em casa, provavelmente estudando, porque é só isso que ela tem feito. Fingir que está tudo bem, fingir que ama o marido e sua vida e fingir que acredita nele quando diz que vai trabalhar até tarde mais uma vez.

Para percebermos que algo não está certo, é porque pareceu certo alguma vez, só saberemos que estamos provando uma comida ruim se já tivermos provado uma comida boa.

Se você, como muitos deles e muitos de nós, tiver sido maltratado desde que se lembra, como saberá? Algumas coisas ruins estão enraizadas em nós, é tudo o que sabemos, tudo o que vemos, tudo o que testemunhamos.

Assim, Petra e Berenice gostariam de não ter ido tão longe para perceber que suas vidas estavam completamente vazias, assim como seus corações.

Uma delas simplesmente não tinha o desejo de amar ou ser amada, e se contentava com isso na maior parte do tempo, não se incomodava, não se importava. Ela tinha grandes amigos.

A outra agarrava o amor com as próprias mãos, puxava-o para si e nunca questionava o que exatamente estava colocando em seu coração. Ela tinha que amar porque é isso que as pessoas fazem, elas amam.
Então ela acreditou no primeiro formigamento de um sentimento que surgiu em seu peito, e foi por isso que ela se casou.
Porque as pessoas que amam se casam.

E em uma mesa de boate, entre muitos copos vazios de caipirinhas, as duas mulheres perceberam que tinham mais em comum do que diferenças.

Berenice não tinha e nunca deixaria ninguém entrar em seu coração, e Petra estava diante da porta de seu coração escancarada, implorando para que alguém entrasse.

E esse foi o início de uma amizade que, ao longo do caminho, mudaria as duas coisas.

Portanto, se você perguntar a elas, seria melhor ter ficado em casa, afinal, a bebedeira depressiva das duas foi o primeiro passo para tudo que aconteceu acontecer.
Para tornar as coisas um pouco mais alegres, se é que isso pode ser feito, Luana percebeu que está... pronta para dar esse passo.

E ela preferia não ter dado. As pessoas não a veem como ela gostaria de ser vista. Não importava naquele momento, quando ela ficasse sóbria novamente, em casa, pensando nesse momento, ela preferiria não ter ido lá, mas agora, ela está no palco, cantando, não fazendo o que foi pedido a ela... Então a culpa foi dela.

Iná percorreu um longo caminho até aquele momento, e se alguém aproveitou cada pedaço daquela noite, foi ela, para o bem e para o mal.
Ela beijou muito, dançou até o chão, riu, fez amigos no banheiro que nunca mais verá, e então teve aquela coisa, portanto, a culpa é dela.

O lugar está cheio e barulhento e todos estão se divertindo muito... Ou quase todos.

Ramiro estava lá pela possibilidade de fazer sexo no carro mais tarde e para deixar seu Kelvin feliz, e ver o loiro rindo e dançando pra si já era suficiente, Kelvin é lindo demais.

Bem, eles chegaram lá, Kelvin começou a ficar muito feliz com o open bar e, a cada copo que bebia, Ramiro ficava menos e menos amigável.

Kelvin não é o tipo de pessoa que deveria estar bêbado em público, ele fica muito dançante, risonho, solto.

Ramiro não acha ruim, só não acha bom.

Ele tinha ido ao banheiro, o que levou dez minutos no máximo. E pediu a Luana que ficasse de olho no Kelvin.

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