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— tá afiada ao máximo.

— tá, obrigada — Clarke encaixou a agulha na seringa.

— álcool? — Finn perguntou quando ela derramou o líquido na agulha.

— é só o que temos — ela se aproximou da mesa e olhou pra eles. — tá legal. Agora o seu sangue.

O guarda colocou o braço na frente de Anya.

— vocês são da mesma tribo, é a melhor opção que temos — Clarke disse.

— Clarke, se vai fazer alguma coisa, tem que ser agora — Finn apressou e Clarke se virou pra Ulrika.

— eu não posso.

— por que não? — Clarke a olhou confusa.

— ela não nasceu nessa tribo — Anya disse.

— então use o meu — Finn se ofereceu.

Sem escolhas, Clarke achou uma veia de Finn e colocou a seringa, puxando o sangue. Finn segurou a seringa cheia enquanto Clarke procurava uma veia em Tris.

— eu não acho a veia. Ela tá sufocando, perdeu sangue demais.

— Clarke. Ela parou de respirar — Finn disse.

Clarke paralisou e Ulrika se afastou. Anya cortou uma trança de Tris e um dos guardas pegou o corpo no colo, levando pra fora. Anya parou na porta.

— levem o garoto e matem — ela mandou.

— não.

Puxaram Finn pelo braço, o levando pra fora enquanto um deles segurava Clarke.

— por favor não! Eu fiz tudo que eu pude! Não! Não! Me solta!

Não adiantou. Levaram Finn e Clarke se afastou do guarda. Ulrika se sentou no chão e encostou na parede.

— faz alguma coisa, por favor — Clarke olhou pra loira, vendo uma lágrima descer pelo rosto dela.

— eu treinava ela — ela murmurou.

Clarke fechou os olhos.

— eu sinto muito, Ulrika... Eu... Eu tentei.

Ulrika fungou, passando a mão pelo rosto e se recompondo.

— vou voltar pra aldeia — ela se levantou e Clarke segurou sua mão.

— não, por favor, ajuda a gente. Por favor. Eu sei que você não é a favor disso. Sei que... Se importa — ela abaixou o tom. — sei que avisou o Bellamy — ela sussurrou e Ulrika a olhou. — por favor.

— eu fui punida por falar com ele. Serei morta se eu tentar te ajudar — sussurrou de volta. — sinto muito — ela se soltou do toque de Clarke e saiu do cômodo, logo saindo dali.

De volta a floresta, ela olhou pro céu e respirou fundo.

— Ulrika — Anya chamou e a loira se virou pra ela.

— vou voltar pra aldeia.

A mulher concordou.

— está bem.

Ela começou a andar, indo pra aldeia. Ela chegou e foi direto pra cabana, tirando a roupa e tocando suas costas, gemendo quando tocou o hematoma. Ela suspirou e foi até a cozinha, procurando por um remédio forte o suficiente. Não tinha muitos. Ela jogou as coisas de cima da mesa no chão, batendo as mãos na mesa e grunhindo.

A voz de sua mãe voltou a sua mente e ela fechou os olhos, ajoelhando no chão e apoiando a testa na mesa enquanto lágrimas desciam por seu rosto.

"Ser uma boa guerreira é saber a hora de abaixar a espada e estender a mão"

Era o que seu pai falava durante os treinos.

Sua família biológica.

As vezes até esquecia deles. Fazia doze anos desde que fugiu da aldeia. Desde que viu sua casa pegar fogo com sua mãe e irmã dentro. Desde que viu seu pai ser morto pelos invasores. Desde que chegou a aldeia, Anya, Lincoln, Gaia e Indra eram sua família, mesmo que Anya forçasse uma frieza emocional e Indra mal parasse na aldeia. Mas ela nunca poderia esquecer de vez suas raízes. Sua pele, seu cabelo, seu corpo não deixavam. Sua mente não deixava.

Indra e Anya fizeram um trabalho árduo durante aqueles doze anos, mas seus pais a ensinaram coisas naqueles oito anos, coisas que não podiam ser apagadas. Lincoln dizia que era isso que a fazia ter um bom coração, o amor que recebeu durante aqueles oito anos.

Ela passou as mãos pelo rosto, limpando as lágrimas e respirando fundo.

— estender a mão, né?

Ela riu sozinha, se levantando e indo pegar o arco, pegando a aljava de flechas e a capa preta. A capa que Indra colocou sobre ela no dia que a encontrou. A vestiu e colocou a touca, saindo da aldeia e indo pra caverna de Lincoln.

— oi Suri — ela tirou a coruja da gaiola, acariciando suas penas.

Ia ficar por alí aquela noite, precisava de um tempo longe dos outros. Só saiu na tarde do outro dia, chegando ao acampamento do povo do céu ao anoitecer. Ela ficou escondida em uma árvore no alto, esperando pelo momento certo. Ela viu Bellamy com outros dois e fez um barulho com a boca, Bellamy reconheceu e olhou ao redor, olhando pra cima e então a vendo. Ela colocou o dedo na frente da boca, o mandando ficar quieto.

Quando um dos terrestres começou a passar pelas árvores de um lado pro outra, ela atirou uma flecha, acertando a cabeça dele em cheio.

— cacete... Cessar fogo. Cessar fogo! — Bellamy mandou.

Os dois que estavam com ele pararam de atirar, o terrestre já tinha ido pro chão.

— recarregar. Agora — mandou.

— foram os últimos pentes — Monroe avisou.

— nós deveríamos recuar.

Bellamy negou.

— não. Se sairmos daqui, vão entrar pelo portão da frente — ele voltou a se posicionar, olhando pra Ulrika na árvore.

Graças a capa preta, ela passava praticamente despercebida. Se camuflando no escuro.

— espero estar fazendo a coisa certa — ela murmurou e posicionou outra flecha no arco. — porque vão me matar por isso.

[Não revisado]

The White Wolf, Bellamy Blake - The 100 Where stories live. Discover now