Capítulo 6 (PT 2)

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-Não sabia que vocês gostavam tanto de basquete - comentou Michael.

Ele pareceu um pouco impressionado com meu interesse quando passamos pela lanchonete e atravessamos o corredor, atrás de Vegas, Noah e Adam.

Eu devia um enorme agradecimento a Vegas pela aposta de cinquenta dólares, porque não só despertou meu interesse pelo jogo a ponto de eu esquecer Ping e todo o resto, mas me valorizou aos olhos do Michael.

- Pois é, são as finais.

Sabia que Vegas ia rir se me ouvisse naquele instante. Estávamos no intervalo, prestes a entrar escondidos na quadra de basquete para ficar tentando cestas enquanto não começava a nova partida.

Quer dizer, todos menos eu.

- Então você é amiga do Matt?

-Quem?

Ele pareceu confuso, embora ainda estivesse sorrindo.

-O número 51. Você prestou bastante atenção nele.

Dã.

-Ah, é. O Matt. Somos... colegas.

Colegas? Sério? Fale alguma coisa interessante, Pete!

Alguma coisa que te distancie do pequeno Pete. Pigarreei.

-A gente namorou um tempo - acrescentei -, mas decidimos que funcionamos melhor como amigos.

É, mentir definitivamente melhora tudo. Para ser sincero, eu não sabia mais o que estava fazendo com tanta mentira. Sempre me considerei uma pessoa honesto, mas já tinha mentido para Che, Helena e Michael. Quando aquilo ia parar?

Vegas era a única pessoa para quem eu não andava mentindo, e isso porque eu não estava tentando agradá-lo ou impressioná-lo. Ele sabia como as coisas estavam caóticas, então não havia por que mentir para Vegas.

- É, eu entendo.

O ombro do Michael encostou no meu de um jeito descontraído, mas ao mesmo tempo proposital (eu tinha 99% de certeza). Tive quase a confirmação de que a mentira desnecessária tinha me ajudado.

- Isso já aconteceu comigo algumas vezes -disse ele.

-Vamos - chamou Noah, segurando a porta e fazendo um gesto indicando que nos apressássemos. - Venham antes que alguém nos veja.

Entramos atrás dele e chegamos na quadra de basquete. Adam achou uma bola ao lado do bebedouro, em um canto, enquanto os outros decidiam os times.

-Vai jogar, Buxbaum? - perguntou Vegas.

Ele me olhou de um jeito que indicava que eu devia aceitar, mas eu sabia que minhas habilidades não me ajudariam.

-Vou só assistir, mas obrigado.

Tirei os fones de ouvido do bolso da frente - eu sempre carregava comigo pelo menos três fones - e abri o aplicativo de música no celular. Sentei com as pernas cruzadas e coloquei os fones, assistindo aos garotos jogarem.

Eles foram com tudo. Vegas  e Noah formavam um time;
Michael e Adam, o outro. Noah falava besteira sem parar, e seu embate verbal contra Michael e Adam me fez rir, porque era brutal, arrogante e hilário.

Michael acertou algumas cestas, mas foi ofuscado por Vegas, que parecia ser muito, muito bom no basquete.
Aquilo seria divertido. Nunca criei uma trilha sonora para um evento esportivo - minhas playlists de corrida não contam -, mas sempre achei que havia uma magia especial nelas. Quer dizer, a trilha sonora do filme Duelo de titãs é extremamente boa.

O curador montou uma obra-prima que mudou aquelas músicas para sempre para quem já assistiu ao filme.
Ouem seria capaz de ouvir "Ain't No Mountain High Enough"

Better Than In The Movies.  (VegasPete adaptação)Where stories live. Discover now