PRÓLOGO

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Durante eras, a humanidade olhou para as estrelas e se perguntou se estávamos sozinhos no universo. A Terra, com seus vastos oceanos e terras exuberantes, parecia ser o único santuário de vida em um cosmos silencioso. Mas, e se essa crença estivesse equivocada? E se, além dos confins do nosso entendimento, do Mundo Conhecido, existisse outro, onde as realidades são radicalmente distintas? Um mundo chamado Arcanterra, uma terra de maravilhas e mistérios, tão distante da nossa realidade que a simples ideia de sua existência poderia ser considerada um devaneio. Um mundo oculto, onde o impossível se torna cotidiano, e que permanece inacessível aos humanos, a menos que possuam uma chave mágica para o portal: um anel, uma chave literal ou um bracelete, objetos mágicos e poderosos que apenas alguns escolhidos de Arcanterra podem portar.

Arcanterra é um mosaico de cinco reinos: Zephyria (o reino da terra) Celestia ( o reino da luz), Valoria (o reino da água), Feyria ( reino sombrio) e Aetherium ( reino do fogo). Entre eles, Feyria e Aetherium destacam-se como os pilares deste mundo.

Aetherium, em particular, é um reino de maravilhas indescritíveis. As Montanhas Prismáticas, cujos picos cintilantes mudam de cor sob o toque do sol, abrigam cavernas secretas onde magos buscam cristais capazes de capturar a essência da magia. A Floresta Etérea, com suas árvores de folhas luminosas, e o Lago das Memórias, cujas águas clarividentes revelam visões do passado e do futuro, são apenas algumas das maravilhas que aguardam os aventureiros corajosos o suficiente para explorá-las. O Planalto dos Ventos, o Desfiladeiro das Sombras, o Vale das Estrelas e a Ilha dos Elementos são outros locais de poder e mistério, cada um com sua própria história e segredos a serem descobertos.

Sobre todos eles reina o Rei Thalorian, o Soberano do Fogo, cuja sabedoria e domínio mágico são inigualáveis. Sua linhagem remonta aos albores da história de Arcanterra, quando os primeiros magos moldaram a luz e desvendaram o poder do fogo. Ao seu lado está a Rainha Calissa, cuja graça e bondade são tão vastas quanto os céus de Celestia, seu lar de origem. Juntos, eles são o equilíbrio entre luz e vida, fogo e pureza.

Mas a paz é uma dádiva frágil em qualquer lugar, e a ascensão de uma lua azul traz consigo um presságio de trevas, que faz os corações dos habitantes de Arcanterra tremerem com temor. Os Feyrians, seres de um reino sombrio, aguardam nas sombras, e seu surgimento é temido por todos, especialmente pelas mulheres à beira de dar à luz, pois a antiga profecia dizia que a lua azul trazia consigo uma promessa e um perigo ― a chegada de uma criança destinada a mudar o destino dos Feyrians, outrora humanos de grande poder, mas que haviam sido transformados pela Chama Eterna, uma magia de fogo tão antiga quanto os próprios reinos. Essa magia os havia consumido, roubando-lhes a identidade humana e deixando-os com um instinto selvagem de sobrevivência. Com o passar dos anos, suas feições foram se tornando cada vez mais grotescas, seus corpos parecendo carbonizados e escuros, como se tivessem sido engolidos pelas chamas. Poucos deles ainda possuíam uma aparência próxima do normal. Se uma pessoa é atacada por um, ela se transforma em um Feyrian, perdendo toda a humanidade que resta, a única maneira de impedir a transformação é matando quem foi atacado.

A profecia da lua azul falava de esperança. Dizia-se que uma criança nasceria sob sua luz, uma criança com o poder de Chama Eterna correndo em suas veias, o mesmo poder que outrora havia devastado os Feyrians na guerra entre os cinco reinos. Essa criança teria a capacidade de reverter a maldição, de restaurar a forma humana dos Feyrians e libertá-los de seu tormento eterno, mas isso custaria sua vida.


No coração de Aetherium, dentro das muralhas do castelo, a Rainha Calissa dedicava-se aos preparativos para o baile de primavera com uma atenção que transcendia o protocolo real. Suas mãos, tão acostumadas às joias da coroa, agora manuseavam com delicadeza as guirlandas de flores luminosas, cujas pétalas brilhavam com uma luz própria, quase celestial. Enquanto ela pendurava a última guirlanda acima do grande arco da entrada, sentiu dois braços fortes envolvendo-a por trás.

Cinzas Do PassadoOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz