2: Um Novo Amanhecer/part.2

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Já eram mais de duas da manhã quando descemos do carro. Pela janela, pude ver que o carro parou em frente a uma casa enorme. Ela se erguia como um castelo, sua grandiosidade iluminada por luzes estrategicamente colocadas. Meu fôlego falhou. Eu nunca tinha visto algo tão bonito.

Passamos pelo portão e adentramos o jardim. Flores exóticas desabrochavam em cores vibrantes, e o aroma doce pairava no ar. Parei para tocar as pétalas macias de uma rosa vermelha. As pernas tremiam enquanto eu os seguia pelo caminho de pedra. O jardim era lindo, gramados bem cuidados, flores fluorescentes e uma fonte que brilhava sob a luz da lua. Eu nunca tinha imaginado tanta opulência.

Tudo parecia perfeito demais.

― Que lugar é este? ― perguntei, o que fez a mulher parar e olhar para mim.

― Não é óbvio? ― disse Maria. ― É a casa deles. Eles devem ser alguém importante na alta sociedade, não é, dona?

― Isso mesmo ― disse ela e então olhou para mim. ― Por que a pergunta, Merliah? Não está feliz de ter saído daquele lugar horrendo de onde morava? 

Cogitei responder, até porque apesar de o lixão ser um lugar de miséria, fui feliz muitas vezes lá com seus amigos, agora nunca mais os veria. Mas antes que eu pudesse responder, Maria respondeu por mim.

― É claro que Merliah está feliz! Vocês nos tiraram de um lugar como aquele para nos trazer pra cá. Estamos muito, muito gratas, né, Merliah? ― Maria me cutucou com o braço.

Mesmo receosa, assenti. Talvez eu só devesse dar uma chance a tudo. Aquela poderia ser uma nova vida.

Seguimos nosso caminho até a casa. A porta da frente se abriu, revelando um saguão espaçoso. Meus olhos se arregalaram. Lustres de cristal pendiam do teto, e estátuas de mármore adornavam as paredes. Hesitei, minha curiosidade tomando conta.

― Qual é o nome de vocês? ― perguntei, porque percebi que eles não haviam se apresentado ainda.

A mulher tirou o casaco, e o homem chutou os sapatos.

― Castro ― disse a mulher, seu tom críptico.

― É um nome ou sobre nome?

― Sobrenome. É tudo o que você precisa saber.

― Mas como podemos viver aqui sem saber seus nomes? ― insisti.

― Chega, Merliah ― Maria sussurrou. ― Eles nos tiraram daquele inferno. Não vamos questionar.

O homem levantou uma mão, acalmando a tensão, sorriu e então caminhou até nós.

― Entendo seu medo ― ele disse. ― É normal você ficar assustada, é tudo muito novo. Eu me chamo Tom e a minha esposa é Viviam, não precisa ter medo, nós tiramos vocês daquele lugar pra dar uma vida melhor para vocês.

Estudei seus rostos, me perguntando se podia confiar neles. Vivian se aproximou, colocando uma mão no meu ombro.

― Quanto mais você confiar em nós ― disse suavemente ―, melhor será para vocês duas. Vamos fornecer tudo o que precisam. Agora, deixe-me mostrar o seu quarto.

A excitação de Maria transbordava enquanto caminhávamos. Eu seguia, mesmo meus sentidos estando sobrecarregados. Vivian nos guiou até uma escadaria imponente, cujos degraus eram revestidos por um tapete vermelho que parecia sussurrar histórias de um passado glorioso. As paredes eram adornadas com quadros de paisagens e retratos de pessoas com olhares profundos que pareciam nos seguir. O lustre que pendia do teto alto lançava uma luz dourada sobre tudo, dando ao ambiente uma atmosfera quase mágica.

Cinzas Do PassadoOù les histoires vivent. Découvrez maintenant