CAPÍTULO 39

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AZRIEL

Ele estava perdido em seu beijo. Perdido no formato de seu corpo. Perdido em seus suspiros. Preso nas imagens de seus lábios vermelhos e dos olhos verdes tão perto dele.

Ele não conseguiu dormir. Não conseguiu treinar. Não conseguiu comer. Não conseguiu falar.

Por um segundo, questionou se não teria caído em uma armadilha. Se permitiu o deslize de desconfiar da feérica ao suspeitar que ela o havia envenenado.

Talvez houvesse veneno em seus lábios cheios. Talvez houvesse um entorpecente, misturado ao que quer que ela passasse, na pele que a deixava com um cheiro tão bom.

Ou quem sabe, ela fosse uma daematti e tivesse tomado para si o controle de sua mente.

Repetiu esses mesmos pensamentos dezenas de milhares de vezes. Olhando as estrelas e o amanhecer que as cobriu. Observando os primeiros movimentos da cidade.

Mais tarde, caminhando pelas ruas tranquilas de Velaris, repetiu cada um daqueles pensamentos quando seus olhos notaram uma figura esguia algumas ruas abaixo.

As sombras não precisaram sussurrar sua identidade. Mesmo que não pudesse enxergar seus cabelos negros e o caminhar tão familiar, aquele puxão em seu estômago não o permitia duvidar de quem se tratava.

Ele parou na frente dela e sabia que a assustaria, pois via o quão distraída estava, o que ele não esperava era o terror em seus olhos, o cheiro do medo tão intenso que o deixou paralisado por algum tempo.

Corte de Estrelas e SegredosWhere stories live. Discover now