Capítulo 21

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JIMIN

— Algum plano para o Natal? - pergunta Hyunjin.

Levanto um dedo para indicar que vou responder assim que terminar de saborear a garfada de ravióli. A comida está excelente. Não sou gourmet nem nada, mas imagino que só pode ser um restaurante cinco estrelas.

— Na verdade, não. Vou só passar a semana na casa da minha mãe. E você?

— Vou fazer um trabalho voluntário num abrigo. Não gosto muito de voltar para Ohio. Tenho primos e tias por lá, mas, desde que a minha mãe morreu, não tenho muito motivo para voltar - explica.

— Ah, Hyunjin, sinto muito pela sua mãe. Mas é muito legal da sua parte fazer trabalho voluntário. - Sorrio com simpatia e levo o último pedaço de ravióli à boca. O gosto é tão bom quanto na primeira mordida, mas a revelação de Hyunjin me faz apreciar um pouco menos a comida, embora valorize ainda mais o jantar. Estranho, não?

Conversamos mais um pouco e comemos um bolo de chocolate sem fermento delicioso com calda de caramelo. Mais tarde, quando a garçonete traz a conta, Hyunjin saca a carteira.

— Você não é dessas pessoas que exige pagar metade da conta, é? - brinca ele.

— Ha. - Eu dou risada. — Talvez, se estivéssemos no McDonald’s. -
Ele ri, mas não diz nada. Jungkook teria se saído com alguma observação sarcástica e idiota sobre o meu comentário.

Notando que voltou a chover e a nevar, Hyunjin me diz para esperar dentro do restaurante enquanto chama um táxi, o que é muita consideração de sua parte. Alguns momentos depois, acena para mim através do vidro, e eu corro para o táxi quentinho.

— Então, o que fez você querer entrar no mercado editorial? - pergunta ele no caminho para o hotel.

— Bom, eu adoro ler… é só isso que eu faço. É a única coisa que me interessa, então foi uma escolha natural de carreira para mim. Adoraria virar escritor em algum momento no futuro, mas por enquanto estou adorando o que faço na Vance - respondo. Ele sorri.

— É a mesma coisa comigo e a contabilidade. Nada mais me interessa tanto. Sempre soube, desde muito novo, que iria fazer alguma coisa com números. - Odeio matemática, mas sorrio enquanto ele fala.

— E gosta de ler? - pergunto assim que o táxi para na frente do hotel.

— Gosto, mais ou menos. Principalmente não ficção.

— Ah… por quê? - não consigo deixar de perguntar.

Ele encolhe os ombros. — Não ligo muito para ficção. - Ele salta do táxi e estende a mão para mim.

— Como assim? - pergunto e pego sua mão para sair. — A melhor coisa de ler é escapar da sua vida, viver centenas ou mesmo milhares de vidas diferentes. A não ficção não tem esse poder… Não muda o leitor do jeito que a ficção é capaz.

— Não muda o leitor? - Ele ergue uma sobrancelha.

— Isso mesmo. Se você não for afetado de alguma forma, mesmo a menor possível, não está lendo o livro certo.

Enquanto passamos pelo saguão, olho para os quadros nas paredes.

— Gosto de pensar que cada romance que li se tornou uma parte de mim, ajudou a criar quem eu sou, de certa forma.

— Você fala com muita paixão! -  Ele ri.

— É… Acho que sim - digo. Jungkook concordaria comigo, uma conversa como essa entre nós poderia se estender por horas, dias até.

After Depois da Verdade  ( Jikook)Onde histórias criam vida. Descubra agora