Capítulo 42

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JIMIN

Desdobro o papel, e meus olhos se arregalam de surpresa. A folha está inteiramente coberta com palavras escritas à mão com tinta preta, frente e verso. É uma carta — uma carta de Jungkook, escrita à mão. Quase tenho medo de ler… mas sei que preciso.

Ji, Já que não sou bom com palavras quando tento expressar o meu eu interior, roubei algumas do sr. Darcy, de quem você gosta tanto.

Escrevo sem nenhuma intenção de incomodá-lo, ou de me humilhar, insistindo em desejos que, para a felicidade de ambos, tão cedo não serão esquecidos; e os esforços que a redação e a leitura desta carta devem ocasionar deveriam ter sido evitados, não fosse uma exigência do meu caráter que tudo seja escrito e lido.

Você deve, portanto, perdoar a liberdade que tomo ao pedir sua atenção; seus sentimentos, bem o sei, haverão de ser contrariados, mas apelo aqui ao seu senso de justiça… Sei que fiz um monte de coisas horríveis para você, e que não te mereço, de jeito nenhum.
Mas estou pedindo — ou melhor, implorando —, por favor, para deixar de lado as coisas que fiz.

Sei que não é pedir pouco, como sempre, e sinto muito por isso. Se pudesse voltar atrás, eu faria isso. Sei que você está com raiva e decepcionado com os meus atos, e isso me mata por dentro.

Em vez de criar pretextos para o jeito que sou, vou contar a você ao meu respeito, contar sobre a pessoa que eu era, e que você nunca conheceu. Vou começar pelas merdas que lembro — tenho certeza de que tem muito mais, mas juro, a partir de hoje, não esconder mais nada de você.

Quando tinha uns nove anos, roubei a bicicleta do meu vizinho e quebrei a roda, depois menti a respeito. Naquele mesmo ano, quebrei a janela da sala de estar com uma bola de beisebol e menti a respeito. Você já sabe da minha mãe e dos soldados. Meu pai foi embora um pouco depois, e fiquei feliz com isso.

Não tinha muitos amigos, porque era um babaca. Implicava com as crianças da minha turma, muito. Todos os dias, praticamente. Era um idiota com a minha mãe — aquele foi o último ano em que disse que a amava. A provocação e a grosseria com todo mundo continuaram até agora, então não sou capaz de relatar todos os casos, só sei que foram muitos.

Com cerca de treze anos, eu e uns amigos invadimos uma farmácia na rua da minha casa e roubamos um monte de coisas. Não sei por que fiz isso, mas, quando um dos meus amigos foi pego, fiz ameaças para que assumisse a culpa, e ele assumiu.

Fumei meu primeiro cigarro aos treze. Tinha um gosto horrível, e tossi por dez minutos. Nunca mais fumei de novo até começar a fumar maconha, mas já vou chegar nisso.

Aos catorze, perdi a virgindade com a irmã mais velha do meu amigo Mark. Ela era uma vagabunda e tinha dezessete anos na época. Foi uma experiência estranha, mas eu gostei. Ela dormiu com toda a nossa turma, não só comigo.

Depois de experimentar o sexo pela primeira vez, não fiz de novo até os quinze anos, mas aí eu já não podia mais parar. Ficava com um monte de garotas em festas. Sempre mentia a idade, e as meninas eram fáceis.

Nenhuma delas gostava de mim, e eu não dava a mínima para elas. Foi nesse ano que comecei a fumar maconha, e com frequência. Comecei a beber mais ou menos na mesma época — eu e meus amigos roubávamos bebida dos pais ou de qualquer lugar que conseguíssemos. Comecei a brigar muito também. Apanhei algumas vezes, mas na maior parte do tempo levava a melhor.

After Depois da Verdade  ( Jikook)Onde histórias criam vida. Descubra agora