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Eu esperei até que ele se sentasse a mesa, em silêncio cortei um pão e o lasquei nos dentes assim que Marcos me fitou.

— Você está querendo me dizer alguma coisa ou é impressão minha?

Segurei a faca com força.

— Você disse para os funcionários da casa que eu moraria aqui?

Ele deu de ombros e voltou a tomar o café, e para minha surpresa ele tirou do canto da mesa um jornal.

— Disse. — Ele respondeu tranquilamente.

— E porque você disse isso?

Seus olhos se desgrudaram das páginas amareladas. Fazia um bom tempo que eu não via aquele material sendo usado assim.

— Prefere que fiquemos em sua casa então?

Pisquei várias vezes incrédula.

— Você não está respeitando meu pedido, eu falei para não contar a ninguém ainda.

Marcos revirou os olhos tão profundamente qua achei que não voltaria ao normal. Rangi os dentes realmente irritada.

— Me responda uma coisa Gerusa, você por acaso está pensando em não cogitar o nosso acordo? 

— Não.

— Então porque esse estresse todo logo cedo? Podemos respirar primeiro, olha só que dia lindo lá fora.

Eu olhei pela janela assim como ele.

— Está nublado.

— Ainda assim não deixa de ser um dia bonito você não acha?

Deixei a faca de lado e me levantei.

— Estou falando sério Marcos, não conte para mais ninguém.

Eu seria a responsável pela notícia, diria primeiro a minha família. Contaria a Ana e por fim que todos soubessem.

Ele respirou profundamente e voltou a ler.

— Tudo bem, eu prometo não contar nada até que você permita.

Assenti em agradecimento. Quando um silêncio quase que constrangedor tomou a sala de jantar, ele limpou a garganta e disse.

— Se sente melhor?

Desviei meus olhos da xícara.

— Sim. — Não sei se ele acreditou no que eu disse, mas aceitou minha resposta. — Aliás, obrigada por ontem a noite.

— Não precisa agradecer por aquilo.

— Foi importante pra mim, então eu devo sim te agradecer. Eu nunca teria ido à delegacia se você não tivesse dito e me ajudado.— Admitir aquilo me trouxe uma pontada no peito. — Muito obrigada!

Ele abriu os lábios, parecia querer conter palavras que não deviam ter sido ditas engoliu em seco e as substituiu.

— Deseja mais café?

Soltei o ar pela boca me encostando na cadeira.

— Não, na verdade eu preciso ir. Tenho coisas para resolver e depois de ontem agora é em dobro.

Ele deu de ombros.

— Você vai continuar fingindo que eu não existo na empresa?

Apertei meus lábios.

— Não sabia que tinha notado. 

Realmente não tinha percebido, Marcos e eu temos uma interação mínima. É o básico para colegas da empresa, então achei que ele não perceberia.

Secretária HildagoWhere stories live. Discover now