I'm still looking up

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Pov. Maya Bishop


Eu só deixava de correr se estivesse mortalmente doente ou se tivesse um avião para pegar logo cedo. Então, na segunda-feira de manhã, eu me odiei um pouco por desligar o alarme e continuar na cama. Eu simplesmente não queria encontrar Carina.

Mas assim que esse pensamento me veio, tive que reconsiderar sua validade. Eu não queria encontrar Piccolina, com seus peitos pulando e falando pelos cotovelos, como se não tivesse me destruído no sábado com seu corpo e palavras e necessidades, tudo isso disfarçado de Carina. E eu sabia que se Piccolina aparecesse agindo como se nada tivesse acontecido, isso iria me levar ainda mais para o fundo do poço.

Fui criado por mãe solteira, com duas irmãs mais velhas que não me davam outra escolha a não ser entender as mulheres, conhecer as mulheres, amar as mulheres. Em um dos meus dois relacionamentos sérios que já tive, conversei com minha namorada sobre a possibilidade de esse conforto com as mulheres ter funcionado muito bem para mim quando cheguei à adolescência e por isso acabei querendo transar com todas as garotas que eu encontrava. Acho que essa namorada tentou me dizer de um jeito não muito discreto que eu manipulava as mulheres fingindo que ouvia os problemas delas. Não pensei muito nisso desde então; nós terminamos o namoro pouco depois.

Mas esse conforto parecia que não ajudava muito em relação a Carina. Ela parecia uma criatura diferente, de uma espécie diferente. Tornava toda a minha experiência completamente inútil.

Por algum motivo, quando voltei a dormir, comecei a sonhar que estava transando com ela em cima de uma pilha gigante de material esportivo. Um taco de lacrosse batia em minhas costas, mas eu não me importava. Apenas fiquei observando-a me cavalgar, com olhos colados aos meus, as mãos se movendo por todo meu peito.

Meu celular tocou ao meu lado e eu acordei de repente. Olhando para o relógio, percebi que dormi demais; eram quase oito e meia. Atendi sem olhar, pensando que era Jack perguntando onde diabos eu estava.

– Calma, cara. Vou chegar dentro de uma hora.

– Maya?

Merda.

– Ah, oi.

Meu coração se apertou tanto que eu soltei um grunhido que precisei abafar com a mão.

– Você ainda está dormindo? – Carina perguntou. Ela parecia sem fôlego.

– Eu estava.

Ela fez uma pausa, onde pude ouvir o vento do outro lado da linha. Ela estava ao ar livre e sem fôlego. Foi correr sem mim.

– Desculpa te acordar.

Fechei os olhos e pressionei meu punho em minha testa.

– Esquece.

Ela permaneceu quieta por um longo e doloroso tempo, e nesse intervalo imaginei várias conversas entre nós. Uma em que ela me dizia que eu era uma idiota. Uma em que ela se desculpava por insinuar que eu fui insensível em relação à nossa noite juntas. Uma em que ela tagarelava sem nenhum assunto em particular, bem ao estilo Piccolina. E uma em que perguntava se podia vir até meu apartamento.

– Acabei de correr um pouco – ela disse. – Achei que você já tinha começado e então pensei em encontrar você pela trilha.

– Você achou que eu começaria sem você? – eu perguntei, rindo. – Isso seria uma falta de educação.

Ela não respondeu, e então percebi que o que eu fiz – não aparecer e nem avisar – era tão ruim quanto.

– Merda, Piccolina, desculpa.

I' Wont Give UpWhere stories live. Discover now