PERDÃO

X

Alaia

     Há cinco anos

     Estou nervosa, com medo e com frio na barriga. Conto os minutos enquanto espero para ver os resultados do teste de gravidez. É um pouco assustador fazer isso, nem contei para as minhas amigas porque brigamos por causa do meu namorado. Elas dizem que eu devia tentar com alguém que não esteja metido com drogas e que não vale a pena.
     Ultimamente tenho brigado bastante com todos por causa do Justin. Tem sido exaustivo fazer isso o tempo todo, às vezes só tenho vontade de gritar com eles, mas tenho que engolir a raiva e o choro.
     Feliz ou infelizmente andam todos tão preocupados se Justin é bom para mim ou não, que não perceberam os sintomas que tenho tido recentemente. Como mais do que antes, fico com mais sono do que o normal, fico com enjoo todas as manhãs e minha barriga está estranha. Se não estou grávida, devo estar doente.
      Estava à espera do resultado do teste de gravidez, mas meu irmão teve que bater na porta do quarto e me pedir para conversar com ele e meu pai, interrompendo o processo. Não tenho outra opção a não ser ouvir as mesmas coisas uma e outra vez.
     Tenho que ouvir o tempo todo que Justin não vale a pena, que ele vai arruinar a minha vida, que tenho feito muito por ele e que se ele realmente me amasse iria deixar as drogas por mim. Quando o meu irmão diz uma coisa dessas, encaro ele para ter a certeza se ele realmente disse isso.
     Como é possível uma pessoa viciada poder abandonar o vício do nada? Existem casos raros, sei disso, mas como pode dizer isso? O vício controla a mente dele completamente, ele precisa de ajuda e não que eu o abandone. Se eu for embora é provável que ele piore, que procure refúgio nas drogas, não posso deixar isso acontecer, ultimamente ele tem tentado. Eu sei que vai conseguir.
      — Como você pode ter terminado desse jeito, filha? — meu pai olha para mim.
      Se estão desse jeito agora nem imagino quando souberem que aceitei casar com ele e que é possível que eu esteja grávida.
     — Eu amo o Justin. Tal como o senhor ama a minha mãe, tal como você ama a sua namorada, Parker, então tentem entender.
     — Você é Jovem, não entende dessas coisas. — Parker cruza os braços. — Um dia vai perceber que temos razão. Namorar com um drogado será o pior erro que irá cometer na sua vida.
      — Ele tem tentado e vai se curar. Eu sei. — Digo mais para mim do que para eles.
    Encaro as minhas mãos, sentada no sofá da sala de estar, na casa dos meus pais enquanto ele e meu irmão tentam decidir o que é melhor para mim. Mesmo antes de Justin cair nesse mundo, eles não ficaram felizes com o relacionamento. Eles querem que eu fique com um homem que segundo eles, devem aprovar. Tenho a certeza que em outras palavras, significa um homem que eles escolham.
      — E se você acabar como ele? — meu pai parece desesperado agora. — Alaia, você ainda tem um futuro pela frente.
      — Eu sei, vou continuar os meus estudos e trabalhar com vocês, mas não podem interferir na minha vida amorosa, por favor.
      — Eu vou interferir porque você não sabe o que você quer. — Parker está muito sério.
      — Já posso ir para o meu quarto? Tenho que estudar.
      — Você pode ir. — Meu pai me libera.
     Levanto e caminho em direção às escadas para ir para o meu quarto. Estou irritada com eles, ainda bem que minha mãe e Kelly não estão aqui porque seria pior. Assim que entro no quarto, o meu telefone toca e verifico para saber quem é.
      — Lindsay. — Atendo, indo no banheiro verificar o teste de gravidez.
      — Sei que você está brava.
      — Não importa. — Olho para o resultado positivo e minhas lágrimas se preparam para cair. — Não importa.
      Eu estou grávida.
      Vou ter um filho do Justin.
      É mais um sinal de que não posso desistir dele?
      Ele vai ser pai.
      Ele vai ter mais um motivo para não desistir de lutar.
      — Alaia? Você está aí? Ouço você chorando. O que aconteceu? — Lindsay pergunta.
      — Eu estou aqui. Depois eu ligo para você. Não se preocupe, está tudo perdoado. Agora tenho que fazer uma coisa.
      — Está bem.
      Desligo e regresso ao quarto para sentar na minha cama, minha mão está na minha barriga e a outra no teste ainda sem acreditar. Quais são as chances de ser um erro?
     O que a minha família vai fazer quando souber? Seja o que for, sou maior e posso decidir sobre isso. Justin e eu somos os únicos que podemos decidir sobre isso.
     Choro cada vez mais e penso que isso vai mudar tudo. Não é uma coisa ruim, mas dá um pouco de medo. Eu tenho que contar para o Justin.
     Estarei ocupada a semana toda e ele irá para o jogo do irmão, então no sábado eu conto. É algo que tenho que fazer pessoalmente. Espero que ele fique feliz com a notícia porque eu acho que estou feliz.