PERDÃO

Capítulo trinta e dois

Justin

      Angus conta sobre o que aconteceu com Alaia. Ela saiu da casa da família com o rosto inchado e chorando, provavelmente deve ter contado sobre a gravidez. Sua família não é fácil, imagino o monte de coisas que disseram para a deixar daquele jeito.
      Eu também não consigo acreditar que serei pai. Muita coisa mudou na minha vida só nos últimos dias. Perdi o meu primo, consegui carregar um pacote de cocaína sem usar e vou ter um filho com Alaia. Meus pais com certeza vão ficar felizes com a notícia.
       Eu estou feliz também, mas também tenho um pouco de medo. Acho que é normal ter medo, nunca fiz isso antes, e vai ser um pouco mais complicado sem o apoio da família da minha namorada. Mas talvez eu esteja exagerando, se calhar eles aceitaram e ficaram felizes, só que não pode ser isso já que ela saiu da casa de seus pais chorando.
        É mais provável eles não aprovarem. Felizmente, não precisamos da aprovação de ninguém, espero que Alaia entenda isso.
        Fiz o exame toxicológico, terei o resultado em quarenta e oito horas, mas acho que irei repetir só para não deixar mais dúvidas. Até lá, decidi dar um tempo para mim e Alaia.
       Angus dirige até a Champions Academy e eu aproveito para ligar para Alaia. Preciso ouvir a sua voz, saber que ela está bem. Não importa o que aconteceu, ainda me preocupo e ainda estamos juntos.
       — Alô! — ela atende.
       — Você está bem?
       — Eu estou bem. — Suspira. — E você?
       — Não. Mas não importa. Acabei de fazer os exames, só para você saber.
       — Eu não preciso disso, Justin. Mas se é o que você quer...
       — Não quero que você tenha dúvidas sobre mim. É isso que eu quero.
       — Mas precisa me tratar desse jeito?
       — Preciso.
       — Está bem. Tenha um bom dia. — Desliga.
       Agora ela está magoada comigo? Eu estou magoado depois dela dizer que iria tirar o nosso filho dela de novo. E estou fazendo tudo isso para o nosso bem, eu quero que ela confie em mim e saiba que não vou cometer o mesmo erro de novo.
      Respiro fundo e envio uma mensagem para os meus amigos.

      Reis da Dopamina

      Eu: Por favor, mudem esse nome.
      Mark: Eu acabei por gostar.
      Eu: Alguém pode me explicar porquê as mulheres são tão complicadas?
      Mark: Porque são.
      Christopher: Acha a Alaia complicada? Experimenta casar com uma vampira.
      Dorian: Felizmente para mim, Veronica não parece complicada.
       Mark: O que isso significa, Dorian?
       Christopher: Como assim, Dorian?
       Dorian: Vocês entenderam errado.
       Eu: Não. Entendemos muito bem.
       Mark: O que aconteceu com "Veronica não faz o meu tipo, ela é grudenta e é insuportável"?
       Dorian: Nunca disse que era insuportável. Ela é linda e divertida às vezes, mas só isso. Eu quis dizer que felizmente ela não é uma louca obcecada porque eu não teria paz.
       Christopher: Eu entendi outra coisa.
       Dorian: Vai se foder, Chris!
       Mark: Se Dorian está irritado é algo sério.
       Dorian: Vocês são insuportáveis.
       Eu: Não faz mal admitir. Ninguém irá te julgar.
      Dorian: Vou repetir mais uma vez. Eu não namoro e não me apaixono. Agora vamos nos focar no problema do Justin.
      Eu: Já me sinto bem melhor ao saber que você gosta da Veronica.
      Dorian: Gosto como eu gosto da Alaia.
      Mark: Não provoque, Justin. Vamos deixar ele em paz.
      Christopher: Dorian nunca me dá paz, então não darei esse gosto.
      Dorian: Ainda me odeia porque beijei a Elena.
      Eu: Ele beijou a Elena?
      Mark: E eu beijei a Veronica. Foi há muito tempo.
      Christopher: Você já beijou a Lindsay, Justin?
      Eu: Por quê? Você já beijou a Alaia?
      Dorian: Agora quero saber.
      Eu: Nunca beijei as amigas da minha namorada.
      Mark: Felizmente.
      Christopher: Também nunca beijei as amigas da minha esposa. Isso significa que somos mais decentes que o Mark e o Dorian.
      Dorian: Elena estava interessada em mim, que culpa eu tenho?
      Eu: E a Veronica estava interessada no Mark?
      Mark: Eu estava interessado nela. Ela não me quis.
      Christopher: Uma pena porque nenhuma mulher merece um Dorian.
      Dorian: Se acreditar nisso faz você feliz!
      Mark: Com certeza ele é o mais insuportável do grupo.
      Dorian: Errado. Eu sou o mais atraente, mais sexy e mais bonito. Lidem com isso.
      Christopher: Vou trabalhar.
      Eu: Também vou trabalhar.

       Preciso me distrair um pouco, assim quem sabe o tempo passa rápido. Ainda parece mentira que tudo isso aconteceu, queria que fosse um pesadelo. A única parte boa é a gravidez da Alaia.

                                       ****

      Faço uma viagem rápida e de última hora para Los Angeles para ver os meus pais. Na verdade, é mais para conversar com eles para me sentir melhor, para desabafar. Alaia provavelmente não sabe que estou aqui, mas será apenas por uma noite. Simplesmente sinto que preciso disso.
        Depois de um banho, fico no meu quarto vendo as fotos que tenho dela e meu coração se aperta de tantas saudades. Estou a cinco dias sem tocar nela, tal como eu prometi. Os resultados dos exames saíram hoje e fui buscar e fazer outro antes de entrar no avião.
        Também ainda estou triste por causa do Doyle. Nunca pensei que ele faria algo assim, que ele não gostava de mim. Pedi uma ordem de restrição contra ele, por isso não pode se aproximar de mim. Minha casa também está protegida contra ele caso decida colocar mais drogas.
        Minha mãe entra no quarto e olha para mim. — Filho, vamos jantar. Aconteceu alguma coisa?
        — Sim.
        — Pode falar comigo. — Ela se aproxima e senta ao meu lado.
        — Acho que podemos jantar primeiro. É um assunto delicado.
        — Não me assusta, Justin. É grave?
        — É sim.
        — A Alaia está bem?
        — Sim, mãe. Não é sobre isso. Podemos descer? Prefiro que a senhora e meu pai descubram juntos.
        — Justin!
        Levanto. — Confia em mim, mãe.
        Suspira e se põe em pé também. — Vou confiar. Agora vamos.
        Seguimos para fora do quarto, descendo os degraus até a sala de jantar. Prefiro que os meus pais estejam de estômago cheio para ouvirem o que tenho a dizer, então temos uma refeição agradável, embora eles pareçam preocupados e só depois vamos para a sala de estar.
       Felizmente além de notícias ruins, também tenho boas notícias, embora não saiba por onde começar. Meus pais vão ficar muito tristes quando souberem o que Doyle fez. Ele é como um filho para eles.
       Meu pai olha para mim, sentado no sofá à espera. — Então?
       — Não sei por onde começar.
       — Diga de uma vez, filho. — Minha mãe coloca a mão no peito.
       — Vou começar com as notícias ruins. — Suspiro. — Na semana passada, Doyle foi para minha casa sem permissão. Eu o encontrei lá.
       — E o que ele foi fazer? — meu pai pergunta.
       — Ele deixou um pacote de cocaína no meu quarto.
       Minha mãe levanta e anda de um lado para o outro. — Por favor, diga que você não consumiu!
       — Ele fez isso? — meu pai também levanta.
       — Eu não usei. E tenho provas. Tenho os resultados dos exames toxicológicos no meu quarto.
       Minha mãe vem sentar ao meu lado e me abraça. — Ainda bem, filho.
       — Doyle queria que você usasse. — Meu pai afirma. — É isso que ele queria? Destruir a vida do meu filho?
       — Eu já tratei disso, pai. Ele não pode mais chegar perto de mim. Tenho uma medida protetiva.
       — Mas isso não é o suficiente. Nós sempre fomos bons com ele, sempre fomos uma família para ele e faz isso? Eu não vou deixar as coisas assim. — Ele sai da sala em fúria.
       — Pai!
       — Lamar, o que você vai fazer?
       Ele para e vira para mim. — Acha que uma medida protetiva de urgência é castigo suficiente? Para mim não é. Ele vai perder uma família também.
       Doyle já perdeu a mim e ao Jensen. Ele vai perder todos nós.
       Meu pai desaparece no corredor, e eu encaro a minha mãe. — Ele nem teve tempo de ouvir as boas notícias.
       — E quais são as boas notícias?
       Respiro fundo e consigo sorrir. — A Alaia está grávida.
       — De verdade? Parabéns, meu filho. — Ela me abraça mais uma vez. — Isso são ótimas notícias.
       — São sim.
       Seu rosto se ilumina de felicidade e levanta. — Lamar! Venha ouvir as boas notícias.
       Ela também desaparece no corredor, e eu penso sobre o assunto também. Uma criança está à caminho, meu filho está à caminho. Tenho que resolver as coisas com Alaia o mais rápido possível.